terça-feira, 19 de julho de 2011

Filho de policial civil é suspeito de morte de Kelly Cyclone

Vítima da personagem que criou, jovem foi morta a tiros em Lauro de Freitas
Aos 8 anos, Kelly Sales Silva era uma menina escabreada, dessas que não gostam de sair de casa e preferem passar o dia com as bonecas. Aos 20 anos, rebatizada Kelly Cyclone, aparece em seu perfil no ORKUT empunhando pistolas. No início da adolescência, era tão acanhada que parentes a chamavam de bicho do mato. Aos 21 anos, é conduzida à Delegacia por participar de uma festa regada a cocaína na Boca do Rio.

Se para familiares a tímida Kelly Silva só existia na memória, ontem foi o dia deles se despedirem de Kelly Cyclone, famosa pelos namoros com traficantes e participação em festas de pagode.

A mesma tragédia que marcou sua vida, lhe deu fama e fascinou jovens admiradores esteve presente em sua morte. Na madrugada de ontem (18), Kelly foi vítima da personagem que criou, morta a tiros e facadas em Lauro de Freitas, na região Metropolitana de Salvador, após sair da festa de pagode Salvador Fest.

Seu corpo foi encontrado no centro da cidade, com um short e uma camisa da Seleção Argentina, sua preferida. "Ela colecionava camisas de futebol. Admirava a raça dos argentinos", contou o pai, o comerciante Antônio Silva, 55 anos.

Filho de policial civil é suspeito de morte:
Existem duas versões para a morte de Kelly. Na primeira, contada pela família, o motivo seria passional. A jovem teria sido assassinada por um rapaz de prenome Gustavo, que a ameaçou por ela ter recusado seu pedido de namoro. O rapaz é filho de um policial civil conhecido como Braga, que mora em Lauro de Freitas.

Já moradores do centro do município apontam como algoz Wellington Nunes, o Mão, traficante da localidade de Casinhas, no final de linha. O crime estaria relacionado com a disputa do tráfico - Kelly foi ex-namorada do traficante Toni Rogério, o Tony, que, mesmo preso na 23ª Delegacia, em Lauro de Freitas, continua no controle das bocas da Rua 4, na comunidade de Vila Praiana.
Foto: Correio
Kelly foi assassinada na Rua Roneialdo de Brito, no centro de Lauro de Freitas, com camisa da seleção argentina que costumava usar. O local estava bastante movimentado por causa dos bares.

Testemunhas contaram que, por volta de 1h, um carro de cor escura parou próximo ao prédio da Previdência Social. Instante depois, Kelly desceu correndo e sangrando na região abdominal - posteriormente foi constatado pela perícia uma lesão provocada por faca. Em seguida, um homem disparou duas vezes de dentro do veículo, atingindo Kelly nas costas, que ainda cambaleou por dois metros antes de morrer em praça pública.

A última vez que Kelly foi vista com vida por familiares foi na edição de domingo do Salvador Fest, no Parque de Exposições. Acompanhada pela irmã e três amigas, Kelly chegou na apresentação da banda Pixote. Ela se sentiu mal e queria ir embora, mas a irmã pediu para que ficasse. "Parecia até que ela estava sentindo que algo de ruim ia acontecer", contou. Kelly cedeu aos apelos e, durante o show de A Bronkka, ela foi carregada nos ombros de um amigo. Segundo familiares, no final do evento, Kelly recebeu uma ligação de Gustavo, que a aguardava na entrada do Parque de Exposições. A irmã chegou a pedir para Kelly não ir, mas a jovem disse que logo retornava. Horas depois, parentes e amigos receberam a notícia de que Kelly estava morta no centro de Lauro de Freitas.

SEGUNDA VERSÃO, RIXA:
A segunda versão liga o crime à briga por controle do tráfico de drogas. Moradores do centro de Lauro apontam o traficante Mão como um dos envolvidos na execução. Kelly Cyclone teria sido morta porque foi ex de Tonni, rival de Mão. No entanto, a delegada Cristiane Santos de Oliveira, da 23ª Delegacia, que presidiu o levantamento cadavérico, descarta essa possibilidade.

De acordo com a delegada, Mão e três comparsas assaltaram um posto de combustível na estrada do Coco e, durante fuga num Fox vermelho, trocaram tiros com a Polícia Militar, por volta das 3h.

Ainda segundo a delegada, o assalto ao posto aconteceu por volta das 19h. Os bandidos levaram mais de R$ 600 em dinheiro, além de uísque e a chave de um Honda Civic de uma mulher que calibrava o pneu no posto no momento do assalto.

Um policial militar que estava no Hospital Menandro de Farias estranhou a movimentação no posto e acionou uma guarnição do Serviço de Inteligência da Polícia Militar que passou a seguir o veículo e montar campana.

Os bandidos perceberam a presença dos policiais na Rua 2, em Vila Praiana, e fugiram. Abandonaram o veículo e continuaram a fuga a pé. No confronto, logo depois, a polícia prendeu Cláudio Gama dos Santos e uma adolescente de 17 anos. No Fox foram encontrados 70 dolões de maconha, certa quantidade de cocaína e crack, além de relógios, celulares roubados, além de uma máquina de cartão de crédito.

Fonte: Correio

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