quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Embora muito raro, o sisal ainda é uma fonte de renda no município de Ichu - Veja passo a passo no processo de desfibramento do sisal

O Sisal ainda é uma fonte de renda no município de Ichu
O Sisal, planta de origem Mexicana, introduzida na Bahia por volta de 1903, pelo comendador Horácio Urpia Júnior, embora muito raro ainda tem sido uma fonte de renda para o homem do campo no município de Ichu, situado na região sisaleira do Estado, á cerca de 180 km da capital Baiana. 

Hoje, dia 14 de Setembro de 2011, a reportagem do Ichu Notícias esteve na fazenda Boa Vista na zona rural do município de Ichu, à 11 km da sede, acompanhando de perto todos os procedimentos na base de beneficiamento primário da fibra proveniente da planta do sisal. Esta fazenda pertence a família do saudoso Antônio Afonso Mota, conhecido como Antônio de Estevam, onde fomos bem recebido por Antônio José Mota que colaborou para a realização desta reportagem. 
Cortador - José Francisco de Almeida
O cortador tem a função de cortar as palhas no campo e após o corte ele retira todas as pontas na qual pode ferir com o espinho preto pontiagudo. Este processo se dar, a partir do momento em que as folhas atingirem o comprimento de aproximadamente 120 à 140 cm, que resultará em uma fibra de aproximadamente 90 à 120 cm. Durante o trabalho de corte todas as folhas serão arrumadas no solo para serem recolhidas pelo cambiteiro.
Cambiteiro - Lourival da Silva Mota
Por sua vez, o cambiteiro vem recolhendo todas as palhas “FOLHAS” do sisal, colocando em lombos de um animal, que na maioria das vezes são Jegues e estes transportam até o motor que fica bem próximo. Lá o cambiteiro arruma numa pilha para ser desfibrados ou “SERVADO” por outros dois profissionais.
No motor os dois trabalhadores se encarregam de fazer o desfibramento, sendo ele o servador e o resideiro. Este processo é bastante árduo e também bastante perigoso, pois muitos servadores já tiveram mãos e braços mutilados nesta máquina. O resideiro por sua vez, tem a função de abastecer a máquina, para o servador efetuar o processo de desfibramento e retirar o resíduo.
Servador - Irênio dos Santos Oliveira
Devido o trabalho árduo o servador só trabalha em meio período, (cinco horas), sendo substituído por outro profissional.
Toda fibra verde é pesada para controle da produção
Durante o processo de desfibramento, o resideiro também exerce a função de pesar a fibra verde (produção) através de numa balança improvisada para o controle de sua produção onde posteriormente esta fibra é enviada para o campo de secagem.

Campeira - Rosa Angélica Mota de Santana
No campo de secagem, um outro trabalhador ou trabalhadora, já que na maioria das vezes é uma mulher, realiza o processo de estendimento (processo que espalha a fibra verde) num espécie de varal para facilitar a sua secagem. 

Vale ressaltar que após a secagem esta fibra ainda passará por outro processo de beneficiamento final para mais uma limpeza e seleção, porém isso já é feito em uma batedeira que muitas das vezes é em outro local. 

Conversando com o senhor João Alves Moreira, conhecido como Joãozito o proprietário do motor (maquina desfibradora), ele destacou que todo este processo é bastante árduo e que infelizmente não é valorizado na questão do preço na hora de vender. 

"A margem de lucro é muito pequena e as vezes não dar para sustentar nem a nossa família, muitas das vezes só mantemos a maquina funcionando por questão de paixão pelo que fazemos, já que o preço hoje de R$1,10 num quilo da fibra já seca é muito baixo e não compensa tanto esforços" disse Joãozito a reportagem.
Proprietário do Motor - João Alves Moreira (Joãozito), recolhendo a fibra seca
O senhor João Alves, ainda disse que até os trabalhadores também ganham muito pouco em virtude do baixo preço da fibra seca. Ele declarou que o resideiro ganha em média R$ 15,00 por dia de trabalho e o servador ganha mais ou menos a mesma coisa, porém por meio período de trabalho. Já o cortador e o cambiteiro segundo ele, não consegue ganhar mais do que R$12,00 por dia.

Vale lembrar que do sisal, utiliza-se a fibra das folhas que, após o beneficiamento, é destinada à indústria de cordoaria para fabricações de cordas, cordéis, tapetes etc. Mesmo com toda esta dificuldade, a Bahia hoje, é responsável por cerca de 80% da fibra produzida no país conforme afirma o setor.  
Resideiro - Antônio Carlos Santana cozinha o feijão p/ o almoço do meio-dia
Um detalhe muito interessante nos chamou atenção, é que os trabalhadores improvisam um fogão a base de lenha, feito com pedras bem ao lado do motor (maquina desfibradora), onde cozinham sua própria comida para o almoço do meio dia.  


Por Valdir Carneiro // Ichu Notícias

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