Atraso tecnológico de 50 anos e a falta de entendimento entre os exportadores são os maiores entraves para o desenvolvimento da cultura do sisal no semiárido baiano.
Esta é a opinião do empresário do ramo sisaleiro e ex-deputado estadual, Misael Ferreira. Desse modo depois de experimentar uma época áurea, principalmente nas décadas de 60 e 70, quando o produto era chamado de “ouro verde” e fez a fortuna de muitas pessoas, houve um retrocesso significativo sem que a região voltasse a equilibrar a sua economia.
Com a experiência de muitos anos na atividade, Misael Ferreira lembra que as décadas de 60/70 foram “uma fase espetacular, mas ai veio à crise do petróleo e o preço do sisal teve uma queda incrível”.
Tendo trabalhado na Sibrazem nos anos 1970, Misael lembra que chegava a armazenar mais de 60 mil toneladas de sisal. “Tínhamos sisal armazenado de Coité a Monte Santo, através da Comissão de Financiamento da Produção”, nessa época o sisal ocupava mais de 100 mil hectares hoje esse número, segundo ele “não deve chegar a 60 mil hectares”.
Produção
Na Bahia, Conceição do Coité, a “Rainha do Sisal”, continua ostentando posição de maior produtor, seguido de Campo Formoso. Contudo, Misael observa que, “com os incentivos que serão oferecidos pelo governo Jaques Wagner, que demonstra estar sensível ao problema, quero crer que futuros melhores virão”.
“Tínhamos aqui vizinho o município e Valente, mas eles abandonaram o plantio. A APAEB, que deveria incentivar, está cambaleando. Precisamos de incremento pra melhorar. O sisal tem mercado, estamos vendendo o produto até para a África do Sul, Egito e Ásia, além de países do Leste Europeu. A China é hoje a maior compradora de fibra de sisal do Brasil”, disse.
“Temos mercado, o que falta é união nossa, aqui dentro do país”, lamenta o empresário, destacando que são mais de 140 países que compram a fibra de sisal do Brasil. Os preços atuais, segundo ele, são: sisal tipo 3 U$ 950 e o tipo 2 U$ 970 a tonelada. No mercado interior o quilo do sisal bruto vem sendo pago ao produtor a R$1.10.
Um dos maiores problemas enfrentados pela cultura sisaleira continua sendo os equipamentos. Apesar das notícias sobre novas maquinas para o desfibramento do sisal, sem o perigo de mutilar o trabalhador com as existentes, mas Misael garante que essa nova tecnologia não chegou.
“Estamos trabalhando para ver se chega. Entrei com uma proposta na Secretaria de Ciência e Tecnologia e estou esperando o resultado. Estive com o secretário Paulo Câmara mostrando a ele a necessidade de contarmos com essa máquina e, se ela for aprovada, teremos um grande desenvolvimento no setor sisaleiro, porque a máquina Paraibana não aprovou quando fizeram cem unidades, que estão por ai, jogadas”, conclui.
As informações são de Pedro Oliveira – Tribuna da Bahia - Extraído do Interior Da Bahia
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