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Serra da Cruz – maior centro de peregrinação do estado |
Com uma população de aproximadamente 53 mil habitantes e uma história rica em fatos relevantes, o município de Monte Santo, no sertão da Bahia, a 179 km de Serrinha, é o que se pode definir como “um prato cheio” para religiosos, turistas e estudiosos que gostam de se aprofundar na história conhecendo “in loco” essa singular unidade do território baiano, onde a preservação das suas origens não impede a chegada do progresso impulsionado pela administração municipal.
Consolidado como segundo maior centro de peregrinação do estado, registra forte turismo religioso que teve origem no final do século XVIII, quando o italiano frei Apolônio de Toddi percebeu semelhança entre a Serra da Santa Cruz e o local onde Jesus Cristo foi crucificado em Jerusalém.
Uma escadaria rústica ladeada por uma balaustrada foi construída até o pico da serra, numa extensão de 4 km tendo ao longo 23 capelas, que representam a Via Sacra de Jesus. O fato chamou atenção do escritor e jornalista Euclides da Cunha quando da cobertura da Guerra de Canudos.
O turismo religioso ocorre durante o ano inteiro, todavia durante a Semana Santa e nas comemorações de Todos os Santos, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, a presença de visitantes chega a ser impressionante. Do alto da serra respira-se ar puro e é belíssimo o panorama, vendo-se abaixo o vale com o seu verdor.
Em abril de 1897 Monte Santo serviu de base das operações do Exército contra Antônio Conselheiro e seus seguidores. Ali ficaram duas colunas com mais de 4 mil soldados e o ministro da Guerra, Carlos Machado Bittencourt. O local também foi visitado varias vezes pelo cangaceiro Lampião.
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Escadaria rústica construída até o pico da serra |
As comemorações da festa de Todos os Santos no dia 31 de outubro é um excelente momento para se visitar Monte Santo que tem como pontos turísticos a Praça Monsenhor Berenguer com seus casarios do século XVIII e o Canhão de Canudos do século.
No Museu Regional há um importante acervo histórico e artístico. Uma réplica do Bendengó, meteorito encontrado às margens do rio que tem esse nome em 1784, é uma das peças que mais despertam interesse e curiosidade.
Nas fazendas Caixão, Maria de Lima, Pedra Branca, Riacho da Onça e Santa Rita são mantidas intactas inscrições rupestres seculares e na Pedra Vermelha, em meio à caatinga há fósseis pré-históricos do período pré-colombiano.
Com tantas atrações naturais e registros históricos Monte Santo tem sido cenário para filmes, novelas e documentários.
Em 1965 Olney São Paulo produzia ali o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Em 1988 a Rede Globo gravou a minissérie "O Pagador de Promessas" e posteriormente um documentário.
Construção da capela - Em outubro de 1775, o Capuchinho Frei Apolônio de Toddi que se encontrava na aldeia indígena de Massacará, (hoje situada no Município de Euclides da Cunha), foi convidado pelo fazendeiro Francisco da Costa Torres, a realizar uma missão de penitência na Fazenda Lagoa da Onça, de sua propriedade, ali chegando deparou com uma grande seca e devido à escassez de água no local, não realizou a missão, decidiu então, seguir para o logradouro de gado denominado “Piquaraçá” onde existia um olho d’água em abundância conhecido atualmente como “Fonte da Mangueira”, localizado no pé da serra.
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Capela construída no alto da Serra da Cruz |
Frei Apolônio de Toddi, ao apreciar a serra ficou impressionado com a semelhança da mesma com o calvário de Jerusalém e convidou os fiéis que o acompanhava para transformar o Monte em um “Sacro-Monte” e rebatizá-lo com o nome de Monte Santo, marcando seu dorso com os passos da Paixão.
Logo em seguida, mandou tirar madeira e iniciou a armar uma capelinha de madeira e fazer uma boa latada para se fazer a missão e ao mesmo tempo mandou cortar paus de aroeira e cedro para por no Monte, cruzes a espaços regulares na seguinte ordem: a primeira dedicada às almas, as sete seguintes representando as dores de Nossa Senhora e as quatorze restantes lembrando o sofrimento de Jesus, na sua caminhada para o Monte Calvário em Jerusalém.
Em primeiro de novembro do mesmo ano, encerrou a procissão de penitência, com um sermão, finalizando as suas palavras pedindo aos fiéis que todos os anos nesta data, viessem visitar o Monte.
Em seguida, deu-se início a construção das capelas no local das cruzes com cal trançado e das igrejas do calvário e da matriz, colocando nas capelas painéis grandes a cada passo, na igreja do Calvário as imagens do Senhor, Nossa Senhora da Solidade e São João. Na igreja da Matriz as imagens de Nossa Senhora da Conceição e Santíssimo Coração de Jesus.
Mesmo antes da conclusão da construção, em 1790, o Santuário foi elevado à categoria de Freguesia por Decreto de Lisboa, recebendo o nome de Santíssimo Coração de Jesus de Nossa Senhora da Conceição de Monte Santo, sendo nomeado o seu primeiro pároco o Padre Antônio Pio de Carvalho.
Os primeiros povoadores de Monte Santo foram Francisco da Costa Torres, da Fazenda “Laginha”, Domingos Dias de Andrade, José Maria do Rosário da Fazenda Damázio e João Dias de Andrade.
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