Nesta última segunda-feira, o respeitado jornalista Glauco Wanderley, da Rádio Subaé AM, em Feira de Santana, denunciou em sua página pessoal no Facebook, às agressões verbais e ameaças feitas pelo líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, José Neto (PT), em cortar cortar os anúncios governamentais na rádio. O problema se iniciou após o comunicador ter deixado de anunciar durante o programa que comanda, “Subaé Notícias”, o seminário sobre rádio comunitária, que contava com o apoio do próprio petista.
O deputado estadual Targino Machado, líder do bloco parlamentar PTN/PSC/PRP, demonstrou total solidariedade a Wanderley e atacou o desequilíbrio de Zé Neto. “José Neto está se achando um deus. Esse comportamento é uma vergonha para qualquer um, ainda mais para um líder de governo. Quero dizer à todos que a pena do jornalista, por si só, é autoexplicativa e tradutora de uma sentença justa e acabada contra aqueles que usam o poder para proliferar os sentimentos mais mesquinhos, e se camuflam de democratas”, afirmou.
Segundo Machado, essa atitude antidemocrática o atingiu este ano. “Quero me solidarizar e dizer que ele tem a exata noção do quanto tenho passado com o bloqueio midiático patrocinado pelo líder do governo, junto com o secretário de comunicação do estado, Robinson Almeida, que para Feira de Santana foi levado para ameaçar de tirar a verba de comunicação caso as rádios continuassem a me dar espaços em suas programações diárias. O líder do governo e o secretário são de indicações do governador Jaques Wagner e ele participa de toda essa perseguição. A tradição de Feira, contudo, é de isolar os ditadores e a eleição do próximo ano deixará isso claro”, revelou.
O parlamentar relembrou os momentos difíceis que a Bahia viveu na época de Antônio Carlos Magalhães. “Houve em uma época, de longo período, que quem ousasse discordar do poder, seria perseguido. Diversos empresários feirenses e políticos sofreram isso na pele, além de jornalistas como Samuel Celestino, em que o carlismo entendia que sua pena deveria estar a serviço do poder. Os jornais A Tarde e Tribuna da Bahia, o radialista Mário Kertész, também não ficaram de fora dessa perseguição. Nem eu, tabaréu de São Gonçalo dos Campos, deixei de ser vítima disto, não só com o bloqueio midiático, mas financeiro. Contudo, nem por isso me curvei ou tornei-me adesista. Resisti e sobrevivi a isso. Assim é a crueldade em todos os regimes autoritários, mas eles existem, creio eu, para fazer crescer em nós outros a capacidade de resistir e evitar que outros ditadores não surjam”, concluiu.
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Por Maurício Naiberg - Assessor de Imprensa / Para o Ichu Notícias