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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ICHU - Ciúme motivou o assassinato do pedreiro natural de Retirolândia e o assassino esteve escondido em Ichu:


A polícia civil de Ichu, sob a coordenação do delegado Gustavo Ameno Coutinho, desvendou o crime ocorrido na tarde de segunda-feira (23), na Rua Alto da Bela Vista, no Bairro da Paz, em Salvador, quando o pedreiro Girlazaro Silva Anunciação, 25 anos, natural de Retirolândia, foi assassinado com três tiros. 
A polícia já sabe que o motorista de ônibus coletivo, funcionário da empresa BTU, Francisco Sacramento Araújo, 28 anos, conhecido por Chico, é o principal suspeito do crime.
Segundo o delegado Gustavo Coutinho, o caso começou a ser desvendado após uma denúncia anônima, feita a delegacia de Serrinha, que informava sobre uma pessoa suspeita de praticar um homicídio que estaria escondida numa fazenda no município de Ichu. “Começamos a investigar e localizamos Marly da Mota Anunciação no Povoado do Licuri e ela nos contou toda história, mas ao chegarmos ao local Chico havia fugido”, falou o delegado.
Na delegacia, com a presença de representantes da Coordenação do Centro de Referência, Marly contou toda a história que resultou no assassinado de Girlazaro. Pivô do problema, ela disse que conviveu em união estável com Chico por sete anos em Salvador. Residiam na Rua Tancredo Neves, no Bairro da Paz. Declarou que era agredida constantemente pelo companheiro e em um destes desentendimentos, chegou a fraturar a mão direita e numa outra situação foi queimada por Chico com um ferro de passar roupas e era mantida em cárcere privado até que os hematomas causados pelas agressões desaparecessem. “Eu não aguentava mais, conversei com ele e resolvemos nos separar. Ele foi morar com os pais em Vila Santana, no Bairro São Cristovam em Salvador e eu permaneci morando no Bairro da Paz”, contou Marly Mota.
Oito meses após a separação, Marly conheceu Girlazaro em uma festa de aniversário de uma de suas primas e começou um relacionamento, passando a morar juntos. “Nesta época Francisco estava morando com outra mulher, mas não me deixava quieta insistindo para agente voltar”, contou.
Delegado Gustavo Coutinho
Em depoimento ao delegado Gustavo Coutinho, Marly relatou que a agressividade do ex-marido começou a chegar ao limite no domingo (22), quando, acompanhado de uma amiga de prenome Priscila,  foi pegar os filhos na casa dos pais de Francisco, encontrando o mesmo no ponto de ônibus. “Quando ele me viu, me arrastou pelos cabelos e me obrigou a entrar no carro. Sacou um revólver, apontou para minha amiga e mandou ela correr. Priscila saiu correndo e ele me arrastou. Levando para uma estrada deserta começou a me agredir com coronhadas de revólveres e me ameaçou de morte”, falou Marly.
Aproveitando um descuido de Francisco, ela saiu correndo por um matagal até que, com ajuda de um desconhecido, chegou a Avenida Paralela e foi andando para casa.
No dia do crime – Na segunda-feira ás 21:30, Marly recebeu uma ligação do ex-marido dizendo que estava na porta da casa dela e queria que ela saísse para conversar. Neste momento Girlazaro, que ela o chama de Lázaro, estava retornando de um jogo futebol acompanhado de alguns amigos. Francisco havia saído do carro e estava em pé na rua. “Ao ver Lázaro, Francisco acenou para ele e chamou dizendo: Companheiro vem aqui. Quando Lázaro foi se aproximando percebi que Chico estava com a mão direita para trás e percebi que estava com uma arma e mandei Lázaro correr, mas foi tarde, Chico disparou a arma, acertando três tiros nele e um em mim que corri para lhe proteger”, detalhou Marly. Ela disse também que Lázaro não conhecia Francisco.
Ferida por uma bala que transfixou seu braço direito, Marly disse ao delegado que, mais uma vez, foi puxada pelos cabelos e arremessada por Francisco dentro do seu carro. “Tudo isto aconteceu na presença do nosso filho de cinco anos”, lembrou a doméstica. 
Francisco Sacramento
A fuga – Com Marly dentro do carro, Chico passou na casa dos pais, deixou a criança, pegou outra arma, tipo escopeta e várias munições de cor vermelha. “Os familiares de Chico viram tudo isto dentro de casa, tentaram interferir, mas ele não obedecia ninguém. Na porta da casa dele, depois de fechar o portão eletrônico, me botou a força no porta-malas do carro e trouxe para casa do meu pai no Ichu”, continuou a relatar.
Ao chegar à Fazenda Licuri, determinou que Marly não o deixasse ser vista por ninguém e pediu a um agente de saúde conhecido por Célio que levasse remédio para ela, porém o pedido, segundo Marly, não foi atendido. Ela contou ainda que Francisco ficou escondido na região até quarta-feira (25) e fugiu numa moto Fam preta, p/p JQL 8978. “Quando ele saiu, liguei meu celular, falei com uma amiga e ela me falou que Lázaro havia morrido”, chorou Marly.
Momento de tensão – Para Marly, um momento de grande tensão foi quando em um determinado momento da viajem, ele parou o carro numa estrada vicinal, a fez descer, tirar toda roupa e apontou a escopeta para sua cabeça dizendo que ia mata-la. “Neste momento eu fiz um apelo em pranto, dizendo que tinha dois filhos para criar e que não me matasse. Foi muito grande a tortura psicológica que sofri até que ele impôs uma condição: Que eu dissesse à justiça que ele havia matado Lázaro para se defender e eu concordei. Só assim me levou até a casa do meu pai”, afirmou.
Marly continuou relatando o fato e confirmou que chegaram à casa do seu pai 01h da madrugada de terça-feira e que o carro do marido é um Ford Escort de cor verde, quatro portas e está uma garage na cidade de Ichu, inclusive com a escopeta.
Sob proteção – Após ser ouvida na delegacia de Conceição do Coité, onde Gustavo Coutinho é o delegado titular, Marly deixou a cidade acompanha pelos técnicos do Centro de Referência da Mulher que o deixaram em um local seguro garantindo sua vida, pois ela disse que está jurada de morte pelo ex-marido.
O caso está sendo apurado pelo Departamento de Homicídio de Proteção à Pessoa e todas estas informações serão enviadas pela Delegacia de Coité para aquela especializada.
 Por: Valdemí de Assis/foto: arquivo / CN

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