O terreno onde ocorreu o crime é alvo de brigas judiciais e desentendimentos com o poder público há pelo menos seis anos
Foto: Marina Silva
Empresário André Cintra foi morto com filho
Anderson Sotero e Lais Vita
mais@redebahia.com.
A relação do empresário André Cintra Santos, 55, com o filho de 20 anos, o estudante Matheus Braga Cintra, era admirada por parentes e amigos. “Eles eram mais do que pai e filho. Eram muito amigos”, relatou um familiar. Mas, na manhã de ontem, nove disparos colocaram um fim na trajetória dos dois. Pai e filho foram executados em um terreno próximo ao Parque de Exposições, na Paralela.
“Foi uma cena triste. O filho estava caído, baleado no ombro do pai”, contou o delegado do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Alex Gabriel Chehade, que esteve no local do crime.
Segundo o delegado, o empresário foi alvejado sete vezes na região do tórax e o filho baleado duas vezes na cabeça por dois homens que estavam em um Gol prata no local e fugiram após os disparos.
O terreno onde aconteceu o crime é de propriedade do pai. De acordo com testemunhas, eles chegaram ao local, em um Fox branco, para fotografar uma placa colocada pela Transalvador no local, que dizia ser permitido estacionar, mas sem cobrança de taxa.
Disputa
“Há suspeita de que o crime tenha relação com uma disputa judicial pela posse da propriedade”, disse Chehade. “Essa briga existe há muitos anos”. Ainda segundo o delegado, a câmera fotográfica encontrada no local foi encaminhada para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde será feita perícia. “Há possibilidade de ter sido registrada alguma coisa”.
Familiares das vítimas que estiveram no local do crime contaram à polícia que, no dia anterior, Andre Cintra discutiu com um homem, que não teve a identidade revelada, em posto de gasolina próximo à propriedade.
Durante a tarde, sete pessoas entre familiares e testemunhas prestaram depoimento ao delegado Jesus Pablo Barbosa, que ficará à frente das investigações.
“Todo o departamento está mobilizado para este caso, por conta da repercussão. Os depoimentos serão mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações", explicou Barbosa.
Cerca de 15 amigos do estudante Matheus estiveram no DHPP. “Ele tinha acabado de se matricular no curso de Engenharia Ambiental”, lamentou um amigo da vítima, que não quis se identificar.
Placa colocada pela Transalvador diz que estacionamento era gratuito no local
Processos
O terreno onde ocorreu o crime é alvo de brigas judiciais e desentendimentos com o poder público há pelo menos seis anos. No portal do Tribunal de Justiça da Bahia, constam ações nas quais o empresário é considerado vítima e réu em 11 processos e cinco inquéritos entre estelionato, dívidas e ameaça.
Em uma das ações, configurada como crime contra o patrimônio público e iniciada em 2006, Luiz Alberto Malaquias Estrela é apontado como réu. Malaquias é também descrito no inquérito policial como a pessoa que teria cedido o terreno para André, por conta de uma dívida.
“Aquele era um terreno muito cobiçado”, destacou o delegado Chehade. Em reportagens publicadas pelo CORREIO em 2008, o empresário, que tem ligações com o Judiciário baiano, relatou sofrer ameça de morte por conta do terreno.
O nome de batismo de André Cintra Santos é André José dos Santos Filho. Cogita-se que a mudança de nome tenha sido feita para promover benefícios em nome de um desembargador baiano com o mesmo sobrenome. As informações estão sendo investigadas pela polícia.
Sucom confirma que terreno é alvo de disputa judicial
A Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) confirmou, em nota, que o terreno onde houve o crime está sendo disputado judicialmente pela FB & A Construções, pelo empresário André Cintra e outros envolvidos. A autarquia informou que nenhum deles tem alvará para intervenções no local, que tem cerca de 280 mil metros quadrados.
Em dezembro de 2009, o Ministério Público da Bahia solicitou a apuração de crimes ambientais no terreno, causados por uma obra de terraplanagem. André Cintra respondeu judicialmente como autor das intervenções e pediu a reintegração dos bens. No ano passado, equipamentos foram apreendidos e estruturas erguidas no local interditado.
A Sucom registrou em 1998 a aprovação do loteamento denominado Porto Paralela, em nome da FB & A Construções, mas este foi cancelado a pedido da empresa em 2009. O órgão esclareceu a existência da placa, afirmando que os proprietários das áreas ao redor do Parque de Exposições foram notificados para que não houvesse exploração comercial sem alvará.
Carro onde André Cintra e filho foram mortos em terreno na avenida Paralela
Fonte: Correio 24 horas
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