Confira os principais trechos do discurso do deputado estadual Targino Machado, nesta última terça-feira (27), na Assembleia Legislativa da Bahia. O parlamentar abordou alguns assuntos de grande importância para as mulheres do estado, aproveitando a votação do Projeto de Lei Antibaixaria, da deputada Luíza Maia, aprovado no mesmo dia na Casa.
Proteção das mulheres e do dinheiro público
“O que se busca é a proteção das mulheres. Eu também acho que se busca a proteção do dinheiro público, porque este não deve ser jogado na lata do lixo, com tantas dificuldades que atravessa o Estado, com serviços públicos precários. Não é justo que o dinheiro público seja usado para contratar bandas que executam músicas em afronta e que violentam a imagem das mulheres. Quero dizer a todas as mulheres e homens da Bahia, que lá na frente vou ver o Estado contratar bandas de axé, pagode e forró, diretamente ou através de convênio com as prefeituras, com entidades, e vou ficar apreciando e vendo que a banda não vai cantar os versos, não vai falar a música, mas vai executar a música, porque o povo vai pedir. Infelizmente, as próprias mulheres na plateia pedirão que as músicas sejam executadas. E se a banda executar a música sem cantar, ela não estará cometendo nenhum ato ilícito, porque o projeto não trata disso”
Educação para o povo
“Primeiro, o que precisamos é educação para o povo, porque as mulheres vão cantar essas músicas. Se os acordes dos instrumentos das bandas executarem a música, sem os vocalistas cantarem, as mulheres na plateia vão se deleitar e cantar, cantar, cantar e cantar. E nós haveremos de ter produzido nesta Casa uma lei inócua, infelizmente, porque o que precisamos é do investimento do governo em saúde, em educação, para a real proteção das mulheres. Um governo do Estado que, em cinco anos e três meses de gestão, ainda não construiu uma escola na Bahia. O governo Wagner não está prestando um serviço; está prestando um desserviço às mulheres, ao gênero feminino e aos homens”
Melhorias para a saúde da mulher
“Precisamos melhorar a atenção à saúde da mulher, porque como é triste para as mulheres, de forma especial para a maioria esmagadora delas, ter como único convênio o cartão do SUS. Elas sabem as dificuldades por que passam para conseguir uma consulta com uma mastologista, porque, quando querem ir para um mastologista, ao invés de mandarem para ele, são enviadas para o médico do PSF, da Unidade de Saúde da Família. A filha do rico tem dinheiro no bolso para pagar a consulta ou tem poder aquisitivo para adquirir um plano de saúde que se respeita, diferente do Sistema Único de Saúde. A pobre mulher não tem direito a um mastologista para fazer o diagnóstico e é remetida para um clínico que não tem formação técnica para executar essa tarefa, mas ele solicita mesmo assim, obedecendo um protocolo. Protocolo esse que só serve para as pobres, porque aqui neste país nós temos um protocolo para a saúde das ricas e outro para a saúde das pobres”
Profissionais de saúde despreparados
“Quero dizer que 90% dos ultrassonografistas que estão no interior afora fazendo posocronografia são charlatães. Para ser ultrassonografista, o profissional precisa fazer a especialidade de radiologia, mas muito dos que estão hospedados e trabalhando em cidades grandes como Itabuna, Ilhéus e Feira de Santana, fizeram cursos aligeirados, de dois meses. As mulheres encontram dificuldades em fazer uma mamografia, que deveria ser obrigação do Estado para todas elas a partir dos 40 anos. É um verdadeiro e infame périplo. A situação piora quando as mulheres conseguem fazer a consulta com um mastologista, realizar o ultrassom, a mamografia, e é constatada uma desorganização celular ou é diagnosticado um nódulo, e se faz a biópsia, e esse nódulo é uma neoplasia maligna, aí é outra confusão para arranjar um cirurgião mastologista para fazer a mastectomia total ou parcial. Mas aí, a mulher, após esse périplo, na maioria das vezes, só consegue realizar esse procedimento no Hospital Aristides Maltez, que está sendo prejudicado pela insensatez do Poder Público municipal e essa é uma história que se repete ano após ano e ninguém conserta”
Direitos das mulheres
“Quando a mulher consegue fazer a cirurgia de mama, sente-se atingida na sua dignidade, na sua autoestima. A mulher sente-se mutilada, porque falta-lhe um pedaço do seu corpo e aí começa uma outra aberração, um outro problema, que não se resolve, porque quando se trata de coisas importantes nesta Casa, os deputados não prestam atenção. E quando essa mulher encontra-se mutilada, começa outro périplo, outra cruzada de humilhação pelos postos, pelos hospitais, a procura de vereador, de deputado, de prefeito para fazer o favor, quando não se pode pedir por favor o que é de direito. Isso deveria ser um direito assegurado à mulher, como a rica que tem direito de colocar uma prótese, de fazer uma cirurgia reparadora na mama pós-cirurgia de mastectomia. Esta é a Casa que aprova ou quer aprovar projetos, desculpem os autores, como o que estabelece o Dia da Salsa, o Dia do Merengue, o Dia da Dança do Ventre, absolutamente irrelevantes, que desfilam em suas comissões. Um projeto de minha autoria, que tornava obrigatório a cirurgia de mama das mulheres que têm as mamas avantajadas e que tivessem, dizia eu no projeto, um diagnóstico da necessidade de se submeter a uma cirurgia de redução de mama, foi engavetado sobre o patrocínio do deputado Joseildo Ramos, do PT. Ele tem o direito de não gostar de mim, mas não tem o direito é de perseguir as mulheres pobres”
Investimento em todos os setores
“É assim que caminha a humanidade, com cinismo, desfaçatez, de forma camaleoa e insidiosa. Ninguém está a fim de proteger as mulheres. Se tivessem interessem nisso, buscariam melhorar a educação para as mulheres, a saúde pública para as mulheres, a segurança para as mulheres. Estamos discutindo menos. Estou convidando esta Casa para discutir o mais importante. Estamos discutindo o menos e deixando de discutir o mais importante, que é beneficiar todas as mulheres indistintamente, de forma especial aquelas que precisam mais da atenção do Poder Público, que são as pobres, infelizes, porque nasceram pobres ou porque estão pobres. Ainda há as doenças metabólicas, que atingem as mulheres e provocam nelas sobrepeso, obesidade, hipertensão, diabetes, comprometendo a saúde e a autoestima delas. Ninguém quer saber disso. A Casa está discutindo o sexo dos anjos. Deputado tem uma estrutura de mandato e um salário grande demais para perder tempo aqui com o menos, esquecendo-se o mais. Doenças da tireóide, que são eminentemente femininas, que causam distúrbios hormonais e que afetam as mulheres, provocando exoftalmia, sonolência, nervosismo e também obesidade, e não se tem a atenção do Poder Público. Não temos lei que obrigue o Estado a assumir a tutela, a paternidade dessas mulheres. Eu quero mais para as mulheres. Não quero só isso. Isso é muito pouco. Eu quero o investimento na saúde, na educação e na autoestima das mulheres. Todas as mulheres querem ser e estar bonitas, querem ter o direito de se transformar para chegar no espelho e se sentir melhor, para cima”
ASCOM/Deputado Targino Machado
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