Segundo uma estimativa da Fundação Nacional do Índio, cerca de 65 fazendas já foram tomadas pela população indígena desde o início do ano.
Um novo efetivo da Força Nacional de Segurança Pública desembarcou em Ilhéus, no Sul da Bahia, para intervir nos conflitos entre índios e fazendeiros da região. Eles já foram encaminhados para as cidades de Camacã e Pau Brasil, principais zonas de disputa por terras.
De acordo o delegado do Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal, Carlos Farias, o novo efetivo conta com 85 policiais federais. A primeira tropa do COT que saiu de Brasília para Ilhéus chegou na Bahia no último dia 22. Segundo uma estimativa da Fundação Nacional do Índio, cerca de 65 fazendas já foram tomadas pela população indígena desde o início do ano, quando a disputa de décadas se acirrou.
Julgamento em maio
A disputa de terras entre índios e fazendeiros no sul da Bahia será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de maio, segundo informou em coletiva na última quinta-feira (26) a nova presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Maria do Amaral. A informação é da reportagem da Globo Natureza.
Funcionário morto e índio baleado
Na tarde de sexta-feira (20), Júlio César Passos Silva, 32 anos, funcionário da fazenda Santa Rita, que fica na zona de conflito, foi morto com um tiro na cabeça durante um tiroteio. Um índio também foi baleado na perna no confronto.
O corpo do funcionário só foi encontrado por volta das 14h de sábado (21), quando agentes da Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil estiveram na região onde teria ocorrido o tiroteio.
Já o índio Ivanildo dos Santos, baleado na perna, foi socorrido por outros índios da tribo pataxó hã-hã-hãe e encaminhada para o Hospital de Base, também em Itabuna.
Equipe da Folha de S. Paulo ameaçada:
Também na sexta-feira, o repórter fotográfico da Folha de S. Paulo Joel Silva, de 46 anos, e o motorista Igor Correia, de 25, foram ameaçados por dois grupos de homens fortemente armados na zona rural de Pau Brasil.
Sem olhar para o grupo, obedecendo a ordem dos homens armados, o fotógrafo e o motorista foram perguntados sobre a razão pela qual estavam na cidade e depois de sete minutos foram liberados, sob a ameaça de serem baleados caso olhassem e identificassem os agressores. Antes, o grupo inspecionou o equipamento fotográfico e guardou no porta-malas do carro.
Segundo o policial civil Sagro Bonfim, a equipe da Folha estava em um carro de locadora, sem plotagem do jornal, dentro de uma área ocupada pelos índios, o que pode ter gerado a desconfiança dos supostos seguranças. "É uma área de conflito e eles não estavam acompanhados pela Polícia Federal, correram risco de vida", relatou o policial.
Em reportagem publicada na sexta (20), a Folha de S. Paulo denunciou a presença de homens fortemente armados na segurança da fazenda Santa Rita, pertencente ao ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana. A polícia civil não confirmou se as ameaças sofridas pela equipe da Folha na cidade tem relação com a reportagem publicada no jornal.
Disputa:
As invasões são estratégia dos índios pataxós para garantir a posse da terra uma vez que aguardam julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de ação de 1982 para retirada dos fazendeiros que ocupam terras que os índios consideram como parte de reserva indígena.
Informação de correio - Foto: A Tarde Rede Bahia
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