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| Animais mortos em Candeal – Foto: Pedro Oliveira |
A estiagem que vem assolando o semiárido baiano tem diminuido drasticamente os reservatórios naturais de água da chuva, e provocado a morte de animais em vários municípios da região, deixando preocupados governantes e principalmente o homem do campo.
Para muitos agricultores essa é uma das piores secas dos últimos anos e a situação acaba revivendo muitas histórias de nossos antepassados que conviveram com o mesmo dilema durante o período de pouca chuva no sertão.
Confiram…
Em 1929 o senhor Roque Ambrósio Carneiro, “Zozó do Calumbi”, casou-se com a senhora Antonia Paula Carneiro. Neste mesmo ano o senhor Zozó construiu sua residência na fazenda Tanque Novo, região do Canavial, onde constituiu sua família, tendo dona Antonia dado à luz a 12 filhos, sendo que dois morreram recém-nascidos.
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| Residência do Senhor Zozó e de dona Antonia Paula (falecidos) |
De acordo com Jorge Ricardo Carneiro, “Jorge do Correio”, neste mesmo ano o seu pai fez um tanque próximo a residência para utilizar a água que era de boa qualidade, com animais e na lavoura, pois o senhor Zozó cultivava mandioca nos fundos da sua residência.
Jorge do Correio lembrou que depois de construído o tanque só veio secar totalmente em 1961 quando a região passou por uma longa e devastadora estiagem. Os moradores das proximidades tinham que se deslocarem até as comunidades de Miragalho ou então Morro Redondo em busca de água potável. Para os outros afazeres era utilizada a água encontrada no Canavial.
Em 1961 Jorge do Correio estava com 11 anos de idade, e ele se recorda que para a limpeza do tanque carregava água em baldes e colocava em cochos de alimentar o gado, feitos de Umburuçu ou Barriguda.
Segundo Jorge o seu pai havia viajado para outra região com o gado e ele juntamente com a sua mãe, cavavam com um facão e outras ferramentas um pequeno buraco no tanque, assim perceberam que aos poucos a água começava a minar. Ao beberem verificaram que era “água doce” e dava para ser utilizada no dia a dia.
Jorge relata que quando o senhor Zozó retornou, eles ofereceram um copo da água encontrada e ele questionou a origem daquele líquido estranhando a qualidade.
A partir da descoberta que naquele local a água minava e podia ser bebida pela família e pelos animais da fazenda, nunca mais passaram por dificuldades em época de estiagem como outrora.
Depois da seca de 1961, passados então 51 anos, só agora tornou-se necessária realizar a limpeza deste tanque histórico que tem aproximadamente 6,5 m de profundidade.
Para a limpeza foram utilizadas máquinas como retroescavadeira e trator de esteira, mas chegou um momento que só de forma manual está sendo possível retirar a lama do fundo do tanque que chegava a quase dois metros.
Os homens trabalham duro para cavar a lama e carregar a carroceria puxada pelo trator que as vezes têm dificuldade para sair de dentto do tanque. Confira no vídeo.
Acreditando na máxima de Euclides da Cunha onde afirma que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte“, resta rezar e pedir para Deus que mande chuva para o sertão e que não só o Tanque de Zozó, mas todos os lugares estejam com água e a alegria do nordestino volte a ser predominante.
Texto e fotos: André Luiz – Vídeo: Josevaldo Luiz
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