Usando pedras, os ladrões estilhaçaram uma das vidraças da pizzaria Jodie's. Segundo funcionários que tiveram acesso à microfilmagem.
Não é greve da PM e não se trata de um bairro periférico. Como se tivessem certeza da impunidade, bandidos arrombaram nada menos que quatro estabelecimentos comerciais da Barra desde a madrugada de terça (17). No domingo, outra loja do bairro já havia sido alvejada.
Os arrombadores não se preocuparam nem em escolher estabelecimentos escondidos. Segundo a polícia, em menos de uma hora, eles atacaram as quatro lojas, levando mercadorias e dinheiro. Os principais suspeitos são os usuários de droga que circulam pelo bairro.
As investigações apontam que, em ordem cronológica, a primeira ação aconteceu por volta das 2h em frente ao Shopping Barra, na pizzaria Jodie’s da Rua Augusto Frederico Schimidt.
Usando pedras, os ladrões estilhaçaram uma das vidraças. Segundo funcionários que tiveram acesso à microfilmagem, três criminosos ficaram por uns 5 minutos no estabelecimento, mesmo com o alarme sonoro que foi acionado. Eles abriram o caixa, mas não havia dinheiro. Tentaram levar o monitor, mas o equipamento estava preso. Fugiram sem nada.
Sequência Minutos depois, a 350 metros dali, na Rua Recife, outra pedra quebrou parte da vitrine da loja de informática Info-zap. Espaço suficiente para retirar com as mãos os itens mais acessíveis. Enquanto o alarme tocava, o grupo levou pendrives, monitores, modens, mouses e caixas de som sem fio, causando um prejuízo de cerca de R$ 2,5 mil, segundo a gerente Rosângela Lima.
“Infelizmente, a câmera de segurança não filmou porque eles não entraram na loja. Vou ter que começar a pensar outras formas de proteger isso aqui”, lamentou. De acordo com Rosângela, é comum pessoas entrarem na loja correndo ao presenciarem pequenos furtos.
Cinco lojas são atacadas na Barra; câmeras flagram ação de usuários de crack
Exatos 160 metros adiante, às 2h36, o grupo chegou na relojoaria Pino, na Rua Marquês de Caravelas. Segundo um vigia do prédio ao lado, eram apenas dois, que também com pedras quebraram a porta de vidro.
Segundo o dono da loja, Erivaldo Santos Silveira, o prejuízo foi R$ 8 mil, entre relógios, celulares e telefones sem fio. “Se acontecer outro desse, vou ter de fechar as portas. O prejuízo está sendo muito grande”, resignava-se, na manhã de ontem. Em dezembro, Erivaldo foi vítima de assaltante que levaram R$ 40 mil em produtos de sua loja.
E mais: na semana passada, conta o empresário, bandidos forçaram a porta da loja, mas foram espantados pelo segurança de um prédio vizinho.
Para tentar evitar prejuízos, Erivaldo já instalou alarme, câmeras e até já dormiu no carro, em frente à loja, na tentativa de flagrar os bandidos. Não adiantou. “Fiquei aqui por três noites, mas ninguém agiu. Quem faz isso são os drogados, A quantidade de gente fumando crack é de espantar”, diz.
O último destino dos criminosos foi a farmácia Estrela Galdino, também na Marquês de Caravelas. Vidros estilhaçados, alarme ignorado e produtos levados.
“Foram nos que tem mais valor, como os aparelhos de glicemia, o celular da loja e alguns produtos de beleza. Na certa vão dar de presente para as namoradas”, ironizou a gerente Luiza Araújo.
Na sexta-feira passada, a mesma farmácia já havia sido assaltada. Um homem armado entrou no local por volta das 20h e levou R$ 100 do caixa, além de carteiras e celulares dos clientes e funcionários. Até as 20h de ontem, as únicas imagens de câmeras de segurança liberadas pela polícia eram do arrombamento ocorrido fora da sequência, na madrugada de segunda-feira, quando o alvo foi a loja de roupas VSP, no Barra Center, Avenida Oceânica.
Flagrante
Na filmagem, o criminoso aparece de chapéu. Por volta das 3h15, ele dá uma pedrada na porta de vidro, que não quebra. O bandido dá uma volta para verificar a região, volta e alveja mais uma vez o vidro, que é destruído.
Na filmagem, o criminoso aparece de chapéu. Por volta das 3h15, ele dá uma pedrada na porta de vidro, que não quebra. O bandido dá uma volta para verificar a região, volta e alveja mais uma vez o vidro, que é destruído.
O arrombador então troca de bermuda, olha ao redor e, com um grande saco plástico, “vai às compras”. As imagens chegam a registrar o momento em que um carro da PM passa pela frente da loja, mas os policias não notam os estilhaços no chão e o movimento na loja. Além das mercadorias, foram levados R$ 400 em dinheiro. Muita ousadia dos bandidos? E olhe que os policiais nem estão em greve.
Polícia tem dificuldade com sacizeiros
O coordenador do Serviço de Inteligência (SI) da 14ª Delegacia (Barra), Élson Caldas, trabalha com a hipótese de o mesmo grupo ter feito todos os arrombamentos da madrugada de ontem, mas aguarda imagens de câmeras de outras lojas para tentar identificar os suspeitos. O investigador reconhece que os casos de arrombamento no bairro são comuns, em geral praticados por usuários de drogas. “Tem alguns aqui que a gente já prendeu mais de 20 vezes, mas com pouco tempo são soltos e estão por aqui de novo”, ponderou.
O coordenador do Serviço de Inteligência (SI) da 14ª Delegacia (Barra), Élson Caldas, trabalha com a hipótese de o mesmo grupo ter feito todos os arrombamentos da madrugada de ontem, mas aguarda imagens de câmeras de outras lojas para tentar identificar os suspeitos. O investigador reconhece que os casos de arrombamento no bairro são comuns, em geral praticados por usuários de drogas. “Tem alguns aqui que a gente já prendeu mais de 20 vezes, mas com pouco tempo são soltos e estão por aqui de novo”, ponderou.
De acordo com o comandante da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), major Renato Lemos Júnior, não é possível evitar esse tipo de crime sem que haja a denúncia de moradores vizinhos às lojas. Segundo ele, o patrulhamento noturno é feito com quatro veículos. “Qualquer policiamento tem dificuldade para detectar o arrombamento. A não ser que alguém denuncie ou a viatura passe na hora, o que é uma sorte. A gente depende do apoio da população”, afirmou.
O major estima em três minutos o tempo para a chegada de policiais quando acionados. A presença e ação dos usuários de drogas - principalmente crack - atormentam os moradores da Barra. “Eu não desço mais para a rua sozinha depois das 19h. Da minha janela eu já vi acontecer muita coisa aqui embaixo. Até sexo tem aqui de madrugada, é um horror”, afirmou a dona de casa Lúcia Carneiro, 52 anos, que é moradora da Rua Marques de Leão.
Ainda teve saidinha bancária
Uma saidinha bancária ocorreu na agência do banco Bradesco na Rua Marquês de Caravelas, na manhã de ontem. Ao sair da agência, por volta das 10h30, após retirar R$ 9.500, um homem foi surpreendido por dois bandidos em uma moto.
Uma saidinha bancária ocorreu na agência do banco Bradesco na Rua Marquês de Caravelas, na manhã de ontem. Ao sair da agência, por volta das 10h30, após retirar R$ 9.500, um homem foi surpreendido por dois bandidos em uma moto.
De acordo com informações da 14ª Delegacia, os assaltantes ameaçaram a vítima com uma arma, pedindo a quantia exata que foi retirada. Os homens fugiram e ainda não foram identificados. Ainda de acordo com a 14ª DT, no momento do roubo, estavam na agência apenas dois seguranças e dois operadores de caixa. A unidade policial registrou outra saidinha bancária na tarde de ontem, dessa vez no bairro da Graça.
O crime apresenta características semelhantes ao que ocorreu na Barra, pela manhã. Por volta das 14h, um homem saía da agência do Bradesco quando foi abordado por dois homens em uma moto, também armados. Os bandidos pediram à vítima R$ 6 mil, a mesma quantia retirada momentos antes, indicando inclusive os locais onde o dinheiro havia sido guardado.
Eles ainda não foram localizados, mas suspeita-se que se trate da mesma dupla do assalto anterior. Segundo a polícia, a vítima teria notado, dessa vez, uma pessoa em atitude suspeita no banco. As imagens das câmeras de segurança das duas agências bancárias serão solicitadas para ajudar na investigação.
Por Rafael Rodrigues
rafael.rodrigues@redebahia.com.br Informação de correio24horas.
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