Reflexão. Os participantes discutiram sobre os conteúdos que são pautados pelos meios de comunicação.
Diversos atores sociais estiveram reunidos no dia 09 de maio durante o evento Celebração das Culturas dos Sertões, no Centro de Cultura Amélio Amorim em Feira de Santana, para discutir questões do semiárido, como desenvolvimento sustentável, agricultura familiar, seca, e cultura de convivência.
Representantes de entidades como o Movimento de Organização Comunitária (MOC), Instituto de Permacultura/ Escola Umbuzeiro, Instituto Regional de Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) e Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (RESAB) se reuniram para debater sobre a convivência com o semiárido, e discutir especialmente sobre os conteúdos que são pautados nos meios de comunicação em tempos de grande seca que assola diversas regiões do semiárido brasileiro.
Durante a roda de prosa, os participantes refletiram sobre algumas situações como : o processo eleitoral, políticas públicas adequadas para o semiárido e alguns elementos e práticas que contextualizam a região.
A seca que afeta o semiárido atualmente é considerada a pior seca das últimas décadas e assim muitas famílias ainda sofrem com os efeitos trazidos com ela. Os meios de comunicação pautam, diariamente esses efeitos, e na maioria das vezes pautam somente a imagem de um semiárido pobre, seco, devastado, onde nada nem ninguém consegue sobreviver.
Boa parte dos veículos de comunicação não mostra, que mesmo sofrendo com os efeitos da seca, muitas famílias conseguem viver bem e felizes no semiárido. A grande mídia não mostra que a seca é um fenômeno natural ,que não se combate, mas se convive através de práticas de convivência com o semiárido.
Com o objetivo de discutir os efeitos da seca, e como as pessoas estão conseguindo conviver com o semiárido, a roda de prosa travou várias discussões, sobre o papel das entidades do movimento social, a importância da articulação comunitária e também a importância da valorização da auto- estima e da identidade sertaneja.
Kamilla Ferreira, técnica do MOC falou da importância de se refletir e entender a água enquanto um direito de todos e como as tecnologias de captação de água da chuva contribuem para enfrentar períodos de estiagem e asseguram a sobrevivência das famílias. “Precisamos entender que o problema não é a seca, a seca é um fenômeno natural e as pessoas precisam aprender a conviver com ela.
As pessoas precisam se reconhecer enquanto sujeitos de direitos, para reivindicar políticas públicas adequadas para a região”, afirmou.
Para alcançar o desenvolvimento sustentável a partir da convivência com o semiárido, a educação contextualizada é elemento de grande importância nesse processo. Muitas organizações sociais trabalham nesse sentido e é comprovado que, se os indivíduos são educados e conhecem bem o ambiente em que vivem, consequetemente saberão se adaptar bem a todas as peculiaridades do ambiente. Já existem materiais didáticos que abordam a educação contextualizada para o semiárido, e a luta agora é acrescentar esses conteúdos e materiais nos currículos escolares das escolas do semiárido.
Moacir Santos, integrante do IRPAA apresentou sobre a importância da preservação da catinga e como esta vegetação traz benefícios para as pessoas do semiárido. Boa parte da caatinga tem sido devastada para dar espaço aos pastos, plantação de capim e criação de gado. Quando chega a seca, os pastos secam e sem vegetação ficam escassas as alternativas de sobrevivência. A “caatinga de pé” é para ele, elemento fundamental que deve ser preservado. “A caatinga preservada serve para criar animais, a exemplo dos caprinos e ovinos, oferece plantas medicinais, forragem, matéria-prima para o artesanato, frutas, produção de mel e comunidades de fundo de pasto”, disse.
Para ele, a árvore do umbuzeiro é um grande símbolo do semiárido. É árvore mãe, que se mantêm viva em períodos de estiagem, dando frutos e sombra. Através de suas batatas, o umbuzeiro consegue armazenar água e se prepara para conviver durante a seca. E é assim como o umbuzeiro, que se prepara para conviver com a seca, que os povos do semiárido tem que aprender a conviver com a região. “O semiárido é possível e viável, só é preciso aprender a conviver bem com ele e de políticas públicas adequadas”, concluiu.
Caatinga de pé. Moacir Santos do IRPAA apresentando os benefícios de se preservar a caatinga.
Fonte: MOC
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