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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Com novo tipo de vírus da dengue, número de casos aumenta 40% em Salvador:

As maiores infestações estão nos distritos do Subúrbio Ferroviário (6,9%), São Caetano/ Valéria (6,8%), Pau da Lima (5,1%), Itapagipe (4,4%) e Cabula/Beiru (4,3%)
Foto: Marina Silva
O período de chuvas mais curto e menos intenso deste ano não diminuiu o número de baianos com dengue. Ao contrário. Foram notificados em Salvador 40,6% casos a mais este ano, até 4 de junho, do que no mesmo período do ano passado. Conforme dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o número de casos notificados pulou de 2.501 em 2011 para 3.517 em 2012.
E ainda pode ficar mais grave. O Índice de Infestação Predial (IIP) atingiu o nível de 4,2% em maio, ante 2,7% de janeiro. Acima de 4%,  segundo o Ministério da Saúde, a cidade vive riscos alarmantes de surto da doença.
Dos 12 distritos sanitários - divisão usada pela SMS para a medição da infestação - o IIP aumentou em 11. As maiores infestações estão nos distritos do Subúrbio Ferroviário (6,9%), São Caetano/ Valéria (6,8%), Pau da Lima (5,1%), Itapagipe (4,4%) e Cabula/Beiru (4,3%).
A chefe do setor de Agravo da Vigilância Epidemiólogica, Rosildete Santos, destaca que o índice de manifestação da doença está inferior ao registrado no momento mais crítico do ano passado, quando 6 em cada 100 dos domicílios possuíam larvas do mosquito transmissor da doença.
“Vivemos uma situação diferente da do ano passado. O dengue tipo 4 entrou aqui. Temos um vírus novo circulando na cidade, para o qual as pessoas não tinham imunidade”, explicou Rosildete. Ainda de acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, em maio do ano passado, o sorotipo 4 da dengue representava menos de 1% dos casos e hoje representa 80% dos casos.
Drama  - Entre os infectados, está o artista plástico Tatti Moreno, 66. Ele ficou cinco dias internado no Hospital Aliança e teve alta há uma semana. “Você fica muito debilitado, é péssimo. Tive um susto muito grande. Minha contagem de plaquetas no sangue chegou quase a ser hemorrágica”, afirmou. Morador de Ondina, ele acredita que o mosquito que o vitimou veio do matagal atrás de seu prédio. “Lá onde moro tem vários casos de vizinhos que também ficaram doentes”, afirmou.

Moradora da Mata Escura, no distrito de Cabula/Beiru, a empregada doméstica Rosilene Conceição,  33, levou sua filha Laura, 5, para o posto médico do bairro, com dor de cabeça e vômitos frequentes. Voltou para casa com uma lista de remédios para fazer o tratamento em casa. “Vou ter que pedir dispensa do trabalho para cuidar dela, mas não posso deixá-la sozinha”, diz.
Segundo Rosildete, quando os sintomas apontam para a incidência clássica da doença, os pacientes devem ser tratados em casa. “As pessoas que têm sintomas devem buscar uma unidade de saúde. Depois, é cuidar com os medicamentos e muita hidratação. Se tiver qualquer sangramento, volta para a unidade”, diz.
Os principais sintomas da dengue são febre alta, acompanhada de sintomas como dor de cabeça, dor no fundo dos olhos, nos músculos e articulações, cansaço e irritação na pele. Além disso, devem ser observados dores abdominais intensas e contínuas, vômitos persistentes, tontura, queda da pressão arterial, pele, mãos ou pés frios, hemorragias, palidez ou rubor facial e desconforto respiratório

Estado - Apesar da seca que assola o semiárido baiano, no estado foi registrado aumento de 13,7% no número de casos notificados - 47.763 de janeiro até a última terça (12). No mesmo período do ano passado, este número era de 42.007, colocando a Bahia atrás somente do Rio de Janeiro em número de casos - lá foram registrados 96 mil casos. As informações são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), da Secretaria Estadual de Saúde.

Agentes de controle pedem colaboração - O trabalho não é fácil, são cerca de 25 casas visitadas todos os dias pelos agentes da Central de Controle de Zoonoses (CCZ) Jair Dórea, 54, e Iara Pinto, 45. A resistência dos moradores é uma dificuldade constante. “A gente bate na porta e as pessoas não deixam entrar, às vezes nem nos atendem”, explica Dórea.

Os agentes trabalham no distrito sanitário de São Caetano/Valéria, onde visitam casas do bairro aplicando o remédio contra a larva do Aedes Aegypti e instruindo o que deve ser feito para combater o mosquito. Mas a falta de apoio da comunidade não é o único problema enfrentado. Jair também reclama da falta de segurança e da dificuldade para chegar em locais isolados.
Mesmo com tantos obstáculos, a equipe ainda encontra cidadãos dispostos a ajudar o serviço, como o pedreiro Domingos José da Silva, 52, que mantém as caixa d’água que não usa viradas para baixo. “Quem tem criança pequena precisa ter cuidado, mas quem não tem nem liga pra cuidar das coisas”, reclama ele.
O pedreiro reclama de uma geladeira aberta, segundo ele, há seis meses em uma construção inacabada ao lado de sua casa. “Já tentei ver alguém pra ir lá e virar, mas ninguém vai”. Dórea explica que existe um roteiro  para atender todas as casas, e que eventualmente um agente chegaria ao local da geladeira abandonada.
Segundo o agente, a falta de atenção e cuidados dos cidadãos é o principal motivo para os focos da dengue. “Uma tampinha de garrafa com água já é suficiente para a larva do mosquito se desenvolver”, explica. 

fábio araújo.

Por Rafael Rodrigues rafael.rodrigues@redebahia.com.br // Fonte: correio24horas

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