A imagem do aperto de mão entre o ex-presidente Lula e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), cujos partidos são inimigos históricos, virou o assunto mais comentado no meio político e nas redes sociais nesta terça (19).
De quebra, provocou a desistência da deputada Luíza Erundina (PSB) da candidatura de vice do petista Fernando Haddad em São Paulo.
Seja entre os petistas ou mesmo os cidadãos sem orientação política, foi grande a reação ao acordo firmado na tarde de segunda-feira, na mansão de Maluf, em favor de Haddad. Indagado sobre a desistência da aliada, Haddad tratou de assegurar a manutenção do apoio do partido, o PSB. “(O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB) Eduardo Campos disse que em qualquer hipótese estará conosco”, disse.
Para ele, quem deve resolver o problema de quem ocupará a vaga neste momento é o aliado. “Quem tem de encontrar uma solução para esta questão é o Partido Socialista Brasileiro”, afirmou. Mas já estava feito e multiplicado o estrago da imagem considerada por muita gente “a mais estranha” da história recente da política nacional.
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O assunto esteve durante todo a segunda e ontem entre os mais comentados da rede social Twitter. Em sua conta, a atriz Luana Piovani foi uma das teclas mais enfáticas nas críticas.
“O que é o Lula dando a mão pro ladrão sem provas do ano?!?! Meu Deus, que vergonha, que falta de caráter... tudo pelo poder, pelo conchavo. Será que dá para ele cuidar da saúde dele e deixar a nossa em paz? Porque eu fico doente com isso. Eu realmente estou embasbacada com a falta de compromisso dele com o povo, com a honestidade”, desabafou.
A ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva, saiu aplaudida após discurso em um evento relacionado à Cúpula Rio+20, ontem, quando tratou do tema. “Eles acreditam que só existe a política do pragmatismo, acreditam que vale misturar água e óleo apenas para ganhar mais tempo na televisão sem nem saber sobre o que propor”.
O governador Jaques Wagner (PT), que aqui na Bahia já aliou-se com ex-adversários históricos – como com o seu atual vice, Otto Alencar (PSD) – reconheceu o estranhamento com a aliança eleitoral Lula-Maluf, mas minimizou as críticas.
Contradições
“Evidentemente eles têm uma história até contraditória com a nossa, mas as coisas estão tão distantes que é preciso superar. Tem um político velho que diz que não existe nada impossível na política. Acho que a foto tem o objetivo de ter o apoio do PP a Haddad, mas não acho que seja uma foto normal. É a convivência democrática, e como estamos na Rio+20, não devemos exterminar nenhuma espécie", disse Wagner ontem, em entrevista no Rio de Janeiro.
O deputado federal Zezéu Ribeiro, um dos fundadores do PT baiano, também contemporizou. “A gente tem que distinguir as pessoas e os partidos. Temos que fazer aliança que assegure a implementação do projeto”. O petista foi incisivo, porém, quanto o assunto foi a polêmica foto. “Acho uma precipitação ter ido à casa do Maluf. Dificulta para a população a compreensão do processo político”, opinou.
Aliança não deverá somar, diz especialista
Para o cientista político Wilson Gomes, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), as coligações eleitorais em geral visam atingir dois objetivos: reunir partidos com afinidade ideológica ou alcançar outra faixa do eleitorado. “No caso de Maluf, as duas condições não se parecem realizar. Não há afinidade ideológica e Maluf não tem cota de votos que justifique”, afirma.
A única benesse da aliança, explica, seria o tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita. Apesar da repercussão negativa da coligação e do impacto da foto, Gomes acredita que o fato não deverá ser explorado pelos opositores, porque estes também negociaram com o PP e realizaram alianças fisiológicas na montagem de suas chapas. Informações do Correio.
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