Ninguém conseguirá, isoladamente ou em conjunto, mudar as minhas convicções, que se traduzem na atuação nesta Casa. Estou certo de como devo desenvolver o meu mandato parlamentar, sempre ao encontro do discurso que me trouxe de volta à vida pública.
Aqui cheguei através de uma luta renhida, muitas das vezes solitária, sem as ferramentas do poder ou a estrutura do mandato.
Fui surpreendido por uma votação jamais por mim alcançada, nessas circunstâncias devo aos eleitores: coerência, respeito aos ideais e responsabilidade frente a representação que me foi outorgada.
Nos quatro anos que passei fora do mandato, aprendi muito com a oportunidade que tive de conviver mais de perto com o povo. Mas, sobremaneira, aprendi muito com os meus ex- companheiros de oposição, de siglas partidárias diversas, que no período que passei fora do parlamento foram conduzidos pelo povo ao poder.
Com meus ex-colegas deputados de oposição, aprendi, rapidamente, que fazer oposição é preciso. Se vergar frente ao poder, jamais. Aprendi com vossas excelências, que hoje são Governo, que fazer oposição é preciso.
O governo precisa escutar e se servir das vozes dos contrários. As vozes do Governo soam, sempre, como melodias a embalar as vaidades dos poderosos, mas nem sempre é a melhor a ser escutada, pois, quase sempre, as vozes daqueles que apoiam o Governo são como o canto das aves de arribação: se faz bom tempo elas vêm, se faz mau tempo, elas se vão. Assim são os adesistas. Ao menor sinal de problemas, já batem em retirada.
Assistimos na política brasileira, mais que em outros países, muitos partidos se especializarem na arte da desfaçatez: um dia são Governo, no outro oposição. Tudo ao sabor das pesquisas eleitorais e dos interesses mais mesquinhos.
Ser oposição, ao meu ver, é uma missão mais nobre, e, sem sombra de dúvidas, mais produtiva para a sociedade do que o papel dos governista, que nada discutem, nada mudam, nada propõem, sendo coerentes, somente, com o aluguel das ideias aos ditadores de plantão.
É assim que os governos precisam enxergar seus adversários. E as oposições terem uma visão crítica dos governos, conscientes, sempre, de algo a ser vigiado e controlado.
O que observo nesta Casa, ou numa minoria dos seus componentes, é a vontade de calar quem cumpre o seu papel constitucional e político de criticar, de denunciar, de fiscalizar um Governo arrogante e autoritário.
Outrora criticavam os governos aos gritos histéricos. Somente enxergavam nos governos algo a ser destruído, aniquilado, em uma demonstração clara dada pelo PT e os seus partidos acessórios, que o outro lado não é adversário, e sim inimigo.
Enfim, resta-nos a constatação que os políticos quando chegam ao poder são todos iguais. Esse é o pensamento popular.
Nem tudo está perdido. Antes tarde do que nunca. Em boa hora esta Casa diz que vai criar uma Comissão de Ética. Vou cobrar a sua criação e observar a sua composição. Que venha entronizar nos costumes desta
Casa a ética real. Que não queiram somente ameaçar a quem tem coragem de ousar dizendo verdades. Vou continuar seguindo a mesma trilha. Além da cena burlesca, ridícula e/ou divertida embutida nessa proposta ética, vejo nos meus algozes uma ponta de inveja pelo mandato independente que ora exerço.
Com efeito, encontro justificativa para esse sentimento, pouco nobre, numa frase do jornalista Milton Campos: "Falar do governo é tão bom que não deveria ser privilégio da oposição".
Pois é, essa frase trás embutida a justificativa da inquietude de alguns deputados da situação, que têm vergonha de reconhecer a saudade de outros tempos, dos discursos de outrora.
Coragem, excelências... Deixem o coração mandar e venham engrossar às hostes oposicionistas - ou me deixem em paz!
Fonte: (www.metro1.com.br)
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