De dia, o Mercado Modelo, o Elevador Lacerda e a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia roubam a cena com seus encantos e histórias. No entanto, basta cair a noite para que a beleza desses pontos turísticos seja roubada pelo crime. (Foto: Marina Silva)
Os cartões-postais do Comércio não são tão belos assim aos comerciantes da região. De dia, o Mercado Modelo, o Elevador Lacerda e a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia roubam a cena com seus encantos e histórias. No entanto, basta cair a noite para que a beleza desses pontos turísticos seja roubada pelo crime.
De frente para a Baía de Todos os Santos, na Rua da Conceição da Praia, os comerciantes sofrem com uma onda de arrombamentos no conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Comerciantes relatam que, nos últimos dois meses, pelo menos sete estabelecimentos foram invadidos ou sofreram tentativas.
Nem uma loja da Paratodos foi poupada. No final de junho, os bandidos, segundo o comerciante Marcos Antônio, invadiram seu estabelecimento na tentativa de entrar na Loteria Modelo, que funciona ao lado. “Eles fizeram um buraco na parede do meu estabelecimento. Devem ter achado que era tudo uma coisa só, mas se deram mal”, diz.
Sem abortar a ação, o grupo de oito homens conseguiu entrar na lotérica pela frente. Os criminosos levaram R$ 23,5 mil, de acordo com a delegada Alda Oliveira, plantonista da 3ª Delegacia Territorial (Bonfim). O dono do estabelecimento foi procurado pelo CORREIO, mas ele não quis comentar o assunto.
De acordo com a delegada, há diversos registros de arrombamentos na região. “Tem ocorrido com frequência a lojas de pesca e esportivas, não só lotéricas”, afirma, sem, porém, fornecer estatísticas. “Não temos o número exato ainda”, comenta.
Lojas próximas à Conceição da Praia sofrem com onda de arrombamentos
Em maio, a loja Empório Náutico foi invadida de madrugada. Segundo os donos, dois homens e uma mulher teriam comandado a ação. “À noite e nos finais de semana fica deserto. Não se vê policial”, queixa-se Maria Teresa, dona do estabelecimento.
“A gente nunca pensou que eles pudessem entrar pela frente com tantas travas de segurança, mas não teve jeito. Levaram o movimento do caixa, celulares e talão de cheque. Foi um prejuízo de R$ 2 mil”, contabiliza. O caso também é investigado pela 3ª DT.
Maçarico - No Bar e Restaurante Recanto do Gino, ao lado do Elevador Lacerda, os ladrões foram ainda mais ousados. “Eles usaram um maçarico para quebrar as trancas e cadeados. Roubaram dez pacotes de cigarros, mais de R$ 1 mil em dinheiro e R$ 7 mil em cheque, além de isqueiros. Sacizeiro gosta de isqueiro. Conseguiram destruir uma porta protegida por placas”, admira-se o dono do estabelecimento, Igino Gonzaga, 60.
A Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) comanda as investigações. Em seis meses, essa foi a segunda vez que o estabelecimento de Gino, como é conhecido, foi invadido.
“Tenho quase 40 anos aqui e nunca passei por isso. Nesse final de semana, tentaram de novo. Meteram a chave de fenda, amassaram a porta, mas não conseguiram. Como é que pode isso perto do Elevador Lacerda?”, comenta Gino.
A loja Havaianas, vizinha ao Lacerda, também foi alvo de ladrões. Segundo a gerente, Conceição Barbosa, 50, os bandidos tentaram abrir a porta principal, mas não tiveram êxito. “Desistiram e só levaram um par de sandálias com os pés trocados. Puxaram por baixo. Mas, até por cima, pela grade onde fica o estoque, já roubaram mercadorias. Estamos vulneráveis”, lamenta.
Reforço - Os comerciantes já pensam em contratar segurança particular. “A gente tem conversado para colocar homens circulando entre as 20h e 7h. Enquanto isso, investi R$ 2 mil para colocar placas de ferro, trancas chumbadas e seis cadeados em cada porta”, diz a empresária Maria Teresa.
“Pensei em colocar alarme, mas a segurança particular é uma boa saída. Já gastei mais de R$ 1 mil para reformar os últimos estragos”, complementa o comerciante Gino. Na loja Havaianas, o alarme funciona há pelo menos cinco meses. “Foi isso que inibiu um pouco, mas eles não desistem”, diz Conceição.
Na basílica, o gerente de proteção e manutenção, José Gonçalves, lembra que o esquema de segurança tem mais que cadeados. “Já houve tentativas aqui, mas nunca levaram nada. Hoje, temos segurança reforçada com quatro PMs revezando 24 horas, além de um sistema de seis câmeras”, diz.
Tentativas - As casas Nicolas e Fahel tiveram um pouco mais de sorte e a ação criminosa não passou da tentativa, no mês de junho. “Cortaram os cadeados, mas quando tentaram arrombar um morador conseguiu espantar os bandidos. Eles estavam com pé de cabra e serra e eram dois homens e uma mulher”, descreve o comerciante Edson Novaes, 64, dono da Casa Nicolas.
“Quando chegamos no dia seguinte ao feriado de Corpus Christi, vimos o cadeado quebrado. Já tínhamos ouvido outros comentários de arrombamentos. Graças a Deus, só deram prejuízo de renovar o cadeado”, diz a funcionária da Casa Fahel, Janice Sena, 54.
Por: Leo Barsan
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