Dois
pesquisadores mexicanos da Universidade Autônoma de Ganajuato estão na
Bahia com o objetivo de preparar técnicos do Governo do Estado e
pesquisadores da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) para produção
em larga escala de mudas de sisal.
Eles vão ensinar a técnica da micropropagação por cultura de tecidos, que será usada na biofábrica do sisal, a ser construída em Cruz das Almas em 2013.
Eles vão ensinar a técnica da micropropagação por cultura de tecidos, que será usada na biofábrica do sisal, a ser construída em Cruz das Almas em 2013.
As aulas vão durar uma
semana, com encontros teóricos e práticos para a transferência da
tecnologia. A técnica consegue, por meio de uma célula da planta, criar
uma muda. Com isso, acelera a produção de novos exemplares, que são mais
fortes que os encontrados na natureza.
“Como não tínhamos
conhecimento dessa tecnologia a visita dos pesquisadores vai nos
economizar algo em torno de dois anos de trabalho, tempo que levaríamos
para desenvolver a técnica que eles dominam e vão nos ensinar”, afirmou a
pró-Reitora de Pesquisa e Pós Graduação da UFRB, Ana Cristina Fermino.
Por intermédio da nova
técnica, a biofábrica deve produzir um milhão de mudas para distribuição
nas 76 cidades baianas que possuem produtores de sisal. “Nossa intenção
é recuperar a lavoura do sisal, que passa por um problema de
produtividade devido à podridão vermelha e a falta de conhecimento
científico na produção”, explicou o secretário de Ciência e Tecnologia,
Paulo Câmera.
Maior produtor – Com uma
colheita anual de 110 mil toneladas, a Bahia é o maior produtor de
sisal do país. Mais de 700 mil pessoas vivem na região em que a planta é
uma das principais fonte de renda. Apesar do volume a utilização das
fibras é direcionada apenas ao artesanato e a tecelagem de exportação.
Um dos objetivos das pesquisas ligadas a biofábrica é permitir uma
produção suficiente para que o sisal tenha outras utilizações, agregando
valor a planta.
Entre as novas aplicações
do sisal está a fabricação de móveis, carteiras escolares e painéis de
veículos. Os primeiros protótipos já chegam a usar a fibra para
substituir 20% da antiga matéria prima. O grande desafio é manter uma
produção que garanta segurança para as indústrias que pretendem usá-lo.
“A indústria só compra
uma idéia se tiver garantia de fornecimento e é isso que buscamos. Com a
biofábrica teremos mudas e todo o acompanhamento técnico para garantir a
produção, aumentando a qualidade e o número de plantas por hectare”,
afirmou Paulo Câmara.
Além do sisal
tradicional, conhecido científicamente como Agave Sisalana, outros dois
tipos da planta serão produzidos pela biofábrica e distribuídos na
região sisaleira. De acordo com Câmara, o Agave Tequilana e o Agave
11648 (híbrido) vão estar no projeto. “A Tequilana é utilizada para
produzir bebidas destiladas, como a tequila, xaropes e bioetanol e a
hibrída tem fibras curtas e é mais dada a industrialização”.
Parceria – O trabalho de
incentivo à produção do sisal é realizado em parceria pelas secretarias
estaduais da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Agricultura
(Seagri) e UFRB. As produções das pesquisas e das mudas serão feitas em
Cruz das Almas devido à disponibilidade de pesquisadores e
infraestrutura de laboratórios, mas a produção será direcionada para as
cidades produtoras.
“Acreditamos que, entre
três e cinco anos, o conhecimento científico produzido pela UFRB, com
apoio técnico do estado, permitará mudar a realidade da região sisaleira
da Bahia”, disse Câmara.
Fonte: Secom
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