Das 174 lotéricas de Salvador e Região Metropolitana, 57 foram assaltadas este ano, segundo o Sindicato dos Lotéricos (Foto: Reprodução)
Por Bruno Wendel bruno.cardoso@redebahia.com.br
No combate à criminalidade, os donos de lotéricas apostaram em carros-fortes e câmeras, mas ultimamente a sorte tem sido dos bandidos. Das 174 lotéricas de Salvador e Região Metropolitana, 57 foram assaltadas este ano, segundo o Sindicato dos Lotéricos, Assemelhados e Correspondente Bancário da Bahia (Sinloba). Isso significa que uma em cada três lotéricas (32,75%) da capital sofreu assalto.
O último roubo aconteceu no sábado, na Avenida Joana Angélica, quando quatro homens levaram pouco mais de R$ 15 mil da Lotérica Talismã.
Segundo o sindicato, a região com mais ocorrências de assalto vai da Praça da Sé até o Campo Grande e adjacências. Nesse trecho estão localizadas 15 lotéricas. Já no bairro do Garcia e Pernambués, dois proprietários fecharam suas lotéricas devido à violência.
No mês passado, bandidos levaram todo o dinheiro após arrombar uma casa lotérica no Comércio, ao lado do Elevador Lacerda. Bandidos fizeram um buraco na parede do estabelecimento ao lado e arrombaram o cofre com um maçarico.
Em abril, três assaltantes foram baleados em perseguição policial, depois de assaltarem clientes em uma casa lotérica de Ondina. O que os casos têm em comum é o medo que deixam nas vítimas e proprietários dos estabelecimentos.
Nesta segunda (9), no primeiro dia de funcionamento após o assalto, uma das sócias da Lotérica Talismã disse que pensa abandonar o negócio. “Sou hipertensa. Estava a caminho daqui, quando soube. Passei mal. Estou aqui a pulso e não tenho mais o desejo de ir adiante”, disse ontem Maria Brasil, que há 33 anos atua no ramo.
Nas imagens entregues à polícia, dois homens de bonés, óculos escuros e armados com pistolas fazem reféns funcionários e clientes e, em seguida, fogem com o dinheiro numa sacola azul, além de alguns pertences das vítimas. À frente da investigação, a delegada Jamila Carvalho, da 1ª Delegacia (Barris), ainda trabalha na identificação dos bandidos.
Mudanças - Antes de estar à frente da Lotérica Talismã, a empresária era dona de uma lotérica no Hiper Bompreço da Estrada do Coco. Ela passou o ponto depois de duas situações que a deixaram em pânico.
Em 2009, bandidos armados levaram R$ 50 mil, quando um dos funcionários tinha acabado de chegar ao estabelecimento com a quantia. Na época, o sistema de transporte de valores em carros-fortes ainda estava em fase de implementação.
Mas a situação de maior temor veio no ano seguinte. Bandidos invadiram a casa dela e fizeram a família refém. Os bandidos buscavam o cofre onde acreditavam que estava guardado o dinheiro da lotérica. Os bandidos reviraram tudo até que um carro da Polícia Civil passou com a sirene ligada. “Era vizinha de uma delegada e a viatura sempre vinha buscá-la, mas nunca com a sirene ligada.
Nesse dia, os bandidos ouviram o barulho e saíram correndo”, conta.
Maria Brasil relata ainda que há cerca de 10 anos desistiu de uma lotérica no Porto Seco Pirajá porque uma de suas funcionárias foi baleada na testa durante uma tentativa de assalto. “Ela não morreu, mas até hoje a bala está alojada”, disse. Em seguida, foi para Portão, onde em um ano foram nove roubos. “É complicado. Preferia estar vendendo banana na feira. De sábado para cá, estou me sentido como se tivesse feito tudo de errado na minha vida”, disse.
A Lotérica São Francisco, também na Avenida Joana Angélica, sofreu um assalto e uma tentativa que quase custou a vida do proprietário, Gildo Lemos Couto, 72. Segundo ele, o roubo aconteceu quando um funcionário chegava para trabalhar. O rapaz trazia um malote de dinheiro quando ainda não havia o transporte em carro-forte. Em outra situação, há três anos, um dos bandidos atirou contra Gildo. “Na hora, corri atrás e um deles atirou contra mim. Graças a Deus, ninguém foi baleado”, conta. Policiais que passavam prenderam os assaltantes.
Segurança - Apesar de todas as lotéricas terem câmeras e serviço de transporte de valores com carros-fortes, o Sinloba diz que a categoria tem investido mais em segurança.
“Temos mantido contato com a Secretaria da Segurança Pública na tentativa de minimizar essa situação, mas estamos fazendo a nossa parte. Das 174 lotéricas em Salvador e Região Metropolitana, 50 estão com a segurança mais reforçada”, afirma o vice-presidente do Sinloba, Valdir de Jesus, dono de duas lotéricas. Ele diz que elas implantaram blindagem de vidros e chapas de aço reforçadas, à prova de tiros de metralhadoras, escopetas e pistolas.
Abandonadas - Na Rua Leovigildo Filgueiras, no Garcia, onde antes era uma lotérica, hoje é a extensão do Bar Anexu’s. O dono do espaço, que se identifica como Paulo, diz que há quatro anos o local onde hoje funciona o estabelecimento era uma lotérica. “O dono entregou o ponto depois dos vários assaltos sofridos. Foram 15 roubos em apenas três anos. Ele não aguentou a falta de segurança”, conta.
Em Pernambués, na Avenida Tomás Gonzaga, o dono de um ponto fechou a lotérica por um semestre em 2010 e no lugar alugou para uma loja de bijuterias. “Ele contou que era assalto duas, três vezes no mês”, diz uma das inquilinas dos espaço. Atualmente, a lotérica funciona dentro de um supermercado.
Fonte: Correio24horas
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