quinta-feira, 23 de agosto de 2012

São Gonçalo dos Campos: Com farta documentação, empresário acusa prefeito de desvio de verba pública e lavagem de dinheiro

O prefeito de São Gonçalo dos Campos, Antônio Dessa Cardozo (PSD), conhecido como “Furão”, candidato à reeleição este ano, é acusado de promover desvio de recursos públicos que seriam destinados ao Município e lavagem de dinheiro, por meio de notas frias emitidas pela empresa Maderval Material de Construção. 

A denúncia foi feita pelo próprio dono do estabelecimento, Gustavo Fernandes da Fonseca, que visitou a redação do Bahia Notícias munido de farta documentação que comprovaria as infrações, a exemplo de documentos fiscais, talões, comprovantes de depósitos em contas bancárias e de cheques trocados. Segundo o empresário, a fraude aconteceu entre 1º de janeiro de 2009, quando Furão assumiu o comando da cidade, e março deste ano, quando a relação entre os dois foi quebrada. 
O esquema, de acordo com Fonseca, consistia no envio de materiais de construção da Maderval, que venceu licitação pública, para propriedades do gestor – como as fazendas Inglaterra e Alemanha, a residência no bairro da Pitubinha e o posto de combustíveis –, em nome da prefeitura e das secretarias municipais de Saúde e Educação. “A licitação pública acontece para favorecer ele. Setenta por cento da minha licitação, o material foi fornecido para ele. Trinta por cento para a prefeitura”, relatou Fonseca, em entrevista ao BN. Segundo ele, tudo era assinado e carimbado pela secretária de gabinete do prefeito, Solange Ribeiro Cancio, que chegou a requerer, em 23 de fevereiro de 2011, itens de madeira para a sua própria casa. “Esse material foi entregue na casa dela. Ela mesma deu recebido e assinou”, apontou o empresário. 
Conforme Fonseca, o pagamento era feito em cheque da administração local, mas, após receber o valor, ele emitia outro cheque de igual valor em nome de pessoas indicadas por Furão. “A prefeitura pagava a empresa, mas as notas que ele pedia eu tirava, repassava o dinheiro para ele e os impostos ele não pagava. Eu emitia a nota fiscal, passava para a prefeitura, ia lá, recebia o cheque e depois emitia um da minha empresa e passava para ele. Entregava em mãos”, narrou.
Entre os recebedores da verba estavam outros fornecedores, como a São Gonçalo Materiais de Construção (R$ 16.998,80 em 4 de novembro de 2009), parentes, como o sobrinho Hélio Pimenta de Oliveira Cardozo (R$ 45 mil em 28 de junho de 2010) e até o seu filho, João Pedro Labriola Cardozo (R$ 27.760 em  4 de agosto de 2010), à época menor de idade. “O negócio é grande. 

Ele construiu uma pista de vaquejada na fazenda. Calcula-se que ele gastou mais de R$ 300 mil só para fazer corrida de cavalo”, projetou o denunciante. Consta ainda na documentação o pedido de materiais, a próprio punho do prefeito, para o erguimento de cobertura da garagem (R$ 18 mil) e do almoxarifado da prefeitura (R$ 10 mil), bem como para reforma do telhado da sede municipal (R$ 7 mil). “Nem um pau foi botado lá em cima”, contou Gustavo Fonseca, que se diz sido envolvido no suposto golpe pela “amizade” que tinha ao gestor. 
“Ele frequentava a minha casa, eu frequentava a casa dele, me chamava para jantares e tal e foi indo. Desde que ele tomou posse que eu venho participando das licitações públicas e fornecendo à prefeitura. De repente, quando eu participei da primeira – eu nunca tinha participado de licitação pública –, eu entrei. Além do fornecimento do material, ele começou a solicitar notas. Eu comecei a questionar ele e ele disse: ‘não rapaz, não se preocupe que eu vou pagar os impostos’”, relatou.


Apesar disso, descreve Fonseca, ele começou a brigar com Furão pelo não cumprimento do prometido pagamento da tributação. “Para emitir uma nota fiscal, você tem que dar entrada, tem que ter produto. Eu fornecia a nota, então eu tinha que comprar a mercadoria para dar a entrada e poder dar a saída. E o custo disso aí?”, indagou, ao admitir ter falhado por confiar na palavra do “amigo”. 

“Ele fez da minha empresa a casa dele. Eu fui um idiota. Ele me iludiu tanto, aproveitou da minha boa vontade e fidelidade a ele, que eu fiquei encurralado. Comecei a me endividar. Hipotequei a minha casa. O banco exigiu que eu transferisse a minha casa para o nome da empresa para liberar financiamento. Eu já estava na mão de agiota”, revelou, ao indicar que até crédito de R$ 1 mil foi solicitado em nome da sua loja, por meio de cupom fiscal para a prefeitura, sem que houvesse posterior quitação. 
A bola de neve, segundo o empresário, hoje está avaliada em uma dívida de aproximadamente R$ 600 mil e o seu estabelecimento corre o risco de fechar as portas. “Eu estou aqui hoje porque eu fui prejudicado. Estou em uma situação fodida, a palavra é essa. Não ganhei um real com nada. Só fiz me endividar. E se hoje a Receita Federal e a polícia vierem investigar, vão ver que eu só tenho dívida, mais nada. E tenha certeza que se a policia for fazer uma investigação profunda vai encontrar muito mais do que isso”, apostou.
Fonseca ponderou ainda que não teme ser acusado, em um provável inquérito, como parceiro de Furão na irregularidade. “Cabe agora à Justiça julgar, porque eu não tenho nada. Só tenho dívida. A Justiça é quem vai analisar quem está certo e quem está errado. Eu fui enganado. Ele usou da minha ingenuidade. A verdade é essa. Eu quero que a Justiça faça justiça. Somente isso”, clamou. 
O dono da Maderval relata que, antes de denunciar o caso à imprensa, chegou a procurar o prefeito para acertar as contas, mas ele desdenhou da possibilidade de a negociata ser propagada. “Eu cheguei a ameaçá-lo: ‘Se você não pagar os impostos das minhas notas, e me tirar da merda que você fez comigo, eu vou lhe denunciar’. Ele virou para mim e disse: ‘você é cúmplice, então não te devo nada’”. 
O empresário é filiado ao PR, mas assegura que não tem motivações políticas ao revelar o episódio em ano eleitoral. Ele nunca postulou cargos públicos nas urnas. (por Evilásio Júnior)
Furão se defende e acusa deputado Targino Machado, seu irmão, de chantagem e empresário de extorsão.
Foto: Fala Bahia News
Procurado pelo Bahia Notícias para dar a sua versão sobre as denúncias do empresário da Maderval Material de Construção, Gustavo Fernandes da Fonseca, o prefeito de São Gonçalo dos Campos, Antônio Dessa Cardozo (PSD), o acusou de extorsão e apontou o seu irmão, o deputado estadual Targino Machado (PSD), como autor de chantagem por motivação eleitoral. 
O filho do parlamentar, Tarcísio Torres Pedreira (PSC), seu sobrinho, também concorre ao comando da cidade no pleito de outubro próximo. Na última quinta-feira (16), Furão deu entrada em uma representação criminal na Promotoria de Justiça da Comarca local, protocolada pelo auxiliar-técnico do Ministério Público Pedro Henrique Aléssio Rodrigues, contra o parente. 
“O deputado Targino Machado tentava nos chantagear com essa documentação. E qual era a chantagem? Em troca do silêncio dele, eu teria que renunciar à minha candidatura de prefeito para apoiar o filho do deputado para ele não tornar público isso aí”, argumentou o gestor. Conforme a ação, encaminhada por Furão ao BN (ver aquiaqui e aqui), no final do mês de março ele recebeu uma ligação do deputado, que o convidou para uma conversa em seu escritório, na cidade de Feira de Santana. Ao chegar lá, o irmão, de posse de uma pasta transparente e um CD, teria afirmado que possuía documentos e provas de práticas de improbidade administrativa contra o prefeito. 
“Após a proposta indecorosa e a extorsão sofrida, nós discutimos e eu rechacei qualquer acordo nos termos propostos e solicitei que o deputado formalizasse as denúncias junto ao Ministério Público”, relatou Furão. Além disso, segundo o alcaide, o seu defensor jurídico, Tadeu Muniz Nogueira, foi procurado no último dia 14 de agosto pelo advogado Targino Machado Neto, também filho do parlamentar, para marcar uma reunião, em que foi reforçada a suposta ameaça. 
“O encontro foi realizado na casa de Tadeu e Targino Neto apresentou um vídeo que constava a imagem do deputado e de um cidadão que se dizia fornecedor da prefeitura em uma sala de escritório. Segundo o advogado, Targino Neto havia afirmado: ‘seu cliente sabe o que precisa fazer para que esse vídeo não seja visto por mais ninguém’”, contou.

Conforme Furão, ele pede ao MP que denuncie o seu irmão pelos crimes de extorsão e prevaricação ou remeta a solicitação para abertura de inquérito policial. Sobre as denúncias do empresário Gustavo Fonseca, o prefeito admite que a loja já era fornecedora do Município desde 2002 e venceu duas licitações na atual administração, em 2009 e 2010, mas nega qualquer irregularidade. Ele diz ser vítima de extorsão. 

“Esse representante, desde março, e isso também está sendo representado criminalmente, está tentando me extorquir alegando que tem essas informações. Eu nunca dei muito assunto porque sei o que eu faço. Ele tenta me extorquir pedindo R$ 200 mil, e eu tenho testemunhas. Ele passa, desde o início do ano, por uma crise financeira gravíssima”, justificou. 
Segundo o prefeito, uma queixa contra o dono da Maderval será registrada em cartório ainda nesta quinta-feira (23) com provas emitidas pela própria mulher do denunciante, Rosângela Santos Lima, titular de vários cheques mostrados ao BN por Gustavo Fonseca. “Eu tenho várias mensagens no meu celular da esposa dele, em que ela me pede mil desculpas pelo comportamento e pelo que o marido dela vem fazendo. Ela diz que não concorda com as atitudes que Gustavo vem tomando contra mim. Vou transcrever isso em ata e pedir uma certidão em inteiro teor”, revelou. 
Apesar da farta documentação apresentada pelo empresário, ele diz não temer que as investigações o apontem como culpado. “Se eu tivesse algum receio, eu mesmo não teria pedido ao Ministério Público que realizasse essa apuração. O que tem por trás disso, na verdade, é uma chantagem do deputado Targino, que se tornou pública porque eu não quis ceder à chantagem dele”, considerou. Há aproximadamente um ano, Furão e Targino cortaram até mesmo as relações pessoais devido a divergências políticas. (por Evilásio Júnior)
Fonte: Bahia Notícias

Um comentário:

  1. KD O MINISTERIO PUBLICO MEU DEUS? SERÁ Q CADEIA NESTE PAIS SÓ FICOU PARA POBRES? MANDA OS DOIS LOGO VER O SOL QUADRADO, E BLOQUEIA OS BENS DESTE PREFEITO OU TRANSFORMA TODOS OS BENS EM CASAS POPULARES PARA DAR AO POVO DE GRAÇA.

    QUANTO AO FILHO JOAO PEDRO (ESPERTINHO) JÁ ADMINSTRANDO UIMA GORDA CONRA SEM PELO MENOS NUNCA TER TRABALHADO. COLOCA O MESMO PARA FAZER TRABALHOS PUBLICOS: COMO LIMPAR OS MEIOS FIOS DA CIDADE, MOLHAR OS JARDINS PIBLICOS DUAS VEZES AO DIA, POIS SÓ ASSIM ELE VAI TOMAR VERGONHA NA CARA.

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