O Plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (07),
a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2009, conhecida como PEC
dos Jornalistas.
A
proposta, aprovada em segundo turno por 60 votos a quatro, torna
obrigatório o diploma de curso superior de Comunicação Social,
habilitação Jornalismo, para o exercício da profissão de jornalista. A
matéria agora segue para exame da Câmara dos Deputados.
Apresentada
pelo senador sergipano Antonio Carlos Valadares (PSB), a PEC dos
Jornalistas acrescenta novo artigo à Constituição, o 220-A,
estabelecendo que o exercício da profissão de jornalista é "privativo do
portador de diploma de curso superior de Comunicação Social, com
habilitação em Jornalismo, expedido por curso reconhecido pelo
Ministério da Educação".
Pelo
texto, é mantida a tradicional figura do colaborador, sem vínculo
empregatício, e são validados os registros obtidos por profissionais sem
diploma, no período anterior à mudança na Constituição prevista pela
PEC.
A
proposta tenta neutralizar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de
junho de 2009 que revogou a exigência do diploma para o exercício da
profissão de jornalista. De 1º julho de 2010 a 29 de junho de 2011,
foram concedidos 11.877 registros, sendo 7.113 entregues mediante a
apresentação do diploma e 4.764 com base na decisão do STF.
Debate
A
aprovação da PEC, no entanto, não veio sem polêmica. O senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP) lembrou que o STF julgou inconstitucional a
exigência do diploma. Para o senador, a decisão do STF mostra que a
atividade do jornalismo é estreitamente vinculada à liberdade de
expressão e deve ser limitada apenas em casos excepcionais.
Na
visão de Aloysio Nunes, a exigência pode ser uma forma de limitar a
liberdade de expressão. O parlamentar disse que o interesse na exigência
do diploma vem dos donos de faculdades que oferecem o curso de
jornalismo. Ele também criticou o corporativismo, que estaria por trás
da defesa do diploma. "Em nome da liberdade de expressão e da atividade
jornalística, que comporta várias formações profissionais, sou contra
essa medida", disse o senador.
Defesa do diploma
Ao
defenderem a proposta, as senadoras Ana Amélia (PP-RS) e Lúcia Vânia
(PSDB-GO) se disseram honradas por serem formadas em jornalismo. Para a
senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), a aprovação da PEC significa
garantir maior qualidade para o jornalismo brasileiro.
O
senador Paulo Davim (PV-RN) destacou o papel da imprensa na
consolidação da democracia, enquanto Magno Malta (PR-ES) disse que o
diploma significa a premiação do esforço do estudo. Wellington Dias
(PT-PI) lembrou que a proposta não veta a possibilidade de outros
profissionais se manifestarem pela imprensa e disse que valorizar a
liberdade de expressão começa por valorizar a profissão.
O
senador Antonio Carlos Valadares, autor da proposta, afirmou que uma
profissão não pode ficar às margens da lei. A falta do diploma,
acrescentou, só é boa para os grandes conglomerados de comunicação, que
poderiam pagar salários menores para profissionais sem formação.
"Dificilmente um jornalista me pede a aprovação dessa proposta, pois sei
das pressões que eles sofrem", disse.
Valadares
contou que foi motivado a apresentar a proposta pela própria
Constituição, que prevê a regulamentação das profissões pelo
Legislativo. Segundo o senador, se o diploma fosse retirado, a profissão
dos jornalistas poderia sofrer uma discriminação. "A profissão de
jornalista exige um estudo científico que é produzido na universidade.
Não é justo que um jornalista seja substituído em sua empresa por alguém
que não tenha sua formação", declarou o senador.
Fonte: Agência Senado
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