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sábado, 15 de setembro de 2012

Bonecas feitas por artesã de 83 anos ganham fama na internet

Entre os que ‘curtiram’ as bonecas vendidas por dona Elza na Avenida Manoel Dias, na Pituba, está o estilista baiano Vitorino Campos, que levou tecidos para ela - Por Luana Ribeiro luana.ribeiro@redebahia.com.br

Quem vê Elza Maria Santana, de 83 anos, sentada sob o sol, cabelos e cílios brancos, pode até pensar: “Essa boneca fala?”. Sim, dona Elza parece mesmo uma das bonecas que ela mesma produz e vende na porta da farmácia Santana da Avenida Manoel Dias, na Pituba.
O ofício de artesã ela aprendeu há três anos. “Vi uma mulher na Barroquinha vendendo boneca. Desci do ônibus e perguntei: me ensina?”. Aprendeu e agora faz sucesso, já que ganhou fama na rede social Facebook. “Me falaram que eu tô na internet. Só não gostei porque disseram que eu sou moradora de rua”, afirmou, sem parar de sorrir.

Entre os que ‘curtiram’ dona Elza está o estilista baiano Vitorino Campos, que levou tecidos para ela. “Tem metalizados, com paetês, coloridos, para fazer umas bonecas modernas”, disse.
O preço das bonecas vai de R$ 3 a R$ 40. É com essa renda que a idosa sobrevive e tenta terminar a casa onde mora com um neto de 21 anos, no Bairro da Paz. “Preciso de meio milheiro de bloco, dois sacos de cimento e umas 15 ou 20 telhas”, lista.
Bonecas feitas por artesã de 83 anos ganham fama na internet

Cada ruga da mulher tem uma história para contar. “Eu sou filha de Santo Amaro, mas vivia no arrebalde, em Ubanga”. Foi ali que ela perdeu o pai, aos 4 anos, e a mãe, aos 6. Maltratada pelos tios - “tomava surra de pano de facão” - fugiu de trem aos 9 anos, passando por Pouco Ponto, Maracangalha e Candeias. Dali, pegou carona com um ‘fiscal da malária’ até Salvador. 
Terminou na casa do homem, mas por pouco tempo. Os filhos e a mulher do patrão lhe batiam. “Joguei mingau quente na cara da mulher”, conta. Uma vizinha que sabia dos maus-tratos a levou para a casa de um médico, no Barbalho, onde finalmente Elza achou sua família.
“Acabei encontrando um tio carnal que me levou pra casa”. Na mulher do tio, Elza encontrou uma mãe. “Ela era filha de italiano, branca dos olhos azuis, mas adorava preto. Me deu muito amor”. Certa vez, andando por Água de Meninos com a mãe adotiva, de quem herdou o nome, foi atropelada. Operou o joelho e ainda anda de muletas.
O detalhe é que a mãe adotiva era ex-prostituta e quando Elza (a filha) tinha 18 anos, resolveu voltar para o brega, levando a jovem. “Arranjei emprego no ‘castelo’”, diz, referindo-se a um dos tantos bordéis que havia no Pelourinho. Ali, aprendeu a fazer caruru, vatapá e acarajé, que vendia nas festas de largo.
Safa, passou a administrar a pensão de uma mulher de nome Margot, “que batia nas raparigas que deviam uma diária”, lembra. “Aí eu fazia vida e pagava para elas”, emenda. Elza também cuidava dos filhos das moças. Duas crianças viraram suas filhas: Teresa e Maria Fabiana.
Mesmo com família e casa, às vezes dona Elza dorme na porta da farmácia. O estilista Vitorino Campos ficou preocupado. Ela, não: “Já viu filho criado sem pai nem mãe ter medo de nada?”.
As informações são do correio24horas

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