terça-feira, 4 de setembro de 2012

Crianças e adolescentes: percepção incorreta do crescimento da violência

POR LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
De acordo com a Pesquisa Nacional, por amostragem domiciliar, sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violação dos direitos humanos e violência - 2010, realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência, que entrevistou pessoas de onze capitais brasileiras, 65,7% das crianças e adolescentes (entre zero e 19 anos) sentem que a violência vem crescendo no Brasil.

Trata-se de um percentual menos expressivo do que o existente em 1999, quando 93,7% das crianças e adolescentes afirmavam sentir que a violência vinha crescendo no país, refletindo, assim, uma diminuição da sensação de crescimento da violência por esta faixa etária.

Contudo, esta percepção (assim como aquela apresentada pela população em geral na mesma pesquisa) está completamente equivocada, uma vez que, em 1999, a taxa de homicídios de crianças e adolescentes (entre zero e 19 anos) no país era de 10,6 mortes a cada 100 mil habitantes, aumentando, em 2010, para 13,8 mortes por 100 mil (Veja: Realidade x percepção: a violência como ela é e como a população julga ser).

Em números absolutos houve um crescimento de 18%, já que, segundo os dados do Datasus (Ministério da Saúde), em 1999, havia 7.355 crianças e adolescentes (entre zero e 19 anos) assassinadas no país, montante que, em 2010, atingiu 8.686 (Veja: O extermínio diário da adolescência brasileira: 11 assassinatos por diaHomens e jovens: principais vítimas de homicídio no país e Brasil: campeão do mundo em assassinatos de jovens).

Assim, apesar de comporem o grupo mais vitimado com os homicídios, esta faixa etária desconhece os números que refletem a realidade do Brasil, os quais deveriam servir como guia para criação de medidas aptas a alterar este violento e calamitoso cenário.

*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de Ensino LFG. Codiretor do Instituto Avante Brasil e do atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me nas redes sociais: www.professorlfg.com.br.

**Colaborou: Mariana Cury Bunduky - Advogada e Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.

1999: 42.914 (taxa 26,2) e 2010: 52.260 (taxa 27,3)

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