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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O rio Itapicuru está morrendo e 70 mil pessoas que vivem nos municípios de Queimadas e Santa Luz podem ficar sem água potável.

O rio Itapicuru, que banha o município de Queimadas, na região sisaleira, a 300 km de Salvador, está morrendo e ameaça deixar mais de 70 mil pessoas que moram em Queimadas e Santa Luz sem água, dentro de pouco tempo. O Itapicuru, também responsável pelo abastecimento de mais de 100 carros-pipa/dia – o que corresponde a cerca de 1 milhão de litros de água - , para atender a áreas flageladas pela seca: Queimadas, Santa Luz, Valente, Retirolândia, Cansanção e Monte Santo, está com sua capacidade abaixo do nível normal.

A barragem de pedra e cimento construída no leito do rio Itapicuru, na década de 40 pela extinta Leste Brasileira, que chega a represar 5 km de água, apresenta mais de 70% de sua estrutura entupida e não há previsão de limpeza por parte da Embasa que explora a água. A barragem que também serve de ponto turístico e de área de lazer dos habitantes de Queimadas e região foi limpa em sua totalidade na seca de 1993 a 1994, pelo ex-prefeito Edivaldo Caíres, de lá pra cá, os moradores do município não sabem informar se houve outras ações por parte das autoridades.

Outro grave problema é o desvio das águas do Itapicuru por cerca de 300 motores bomba, sem OUTORGA, para a irrigação de terras às margens do rio no município de Queimadas. A importante reserva hídrica, alimentada pelos afluentes Itapicuru Mirim, Itapicuru Açu e Rio do Peixe, está com suas águas represadas nas barragens de Pedras Altas e Ponto Novo, construídas pelo governo do estado, com objetivo de abastecer outras regiões que tem suas terras irrigadas, o que tem dificultado a chegada do liquido na Barragem da Leste onde segue, através de adutora para a estação de tratamento da Embasa em Queimadas, município com 30 mil habitantes e cerca de 5 mil ligações de água, bem como Santa Luz, com quase 40 mil moradores e aproximadamente 8 mil ligações.

“Devido à falta de fiscalização por parte do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) para coibir o desvio da água de forma clandestina para irrigações no município de Queimadas e de uma programação para que as comportas das barragens de Pedras Altas e Ponto Novo sejam abertos regularmente , mantendo o leito do rio corrente, o afluente de tantas histórias nas terras de Santo Antônio, padroeiro deste município, corre o risco de morrer e se isso acontecer, vai deixar milhares de pessoas que necessitam de suas águas passando sede”, o alerta é do comerciante Léo Marques, que está preocupado com o futuro do afluente.

Com suas nascentes no Espinhaço da Chapada Diamantina, o rio Itapicuru é muito significativo para os 54 municípios que ele corta. Em Queimadas, segundo a professora e empresária Maria Rejane Andrade o Itapicuru tem função econômica e social da maior importância. “Sobre ele foram erguidas duas pontes: uma metálica, construída pelos ingleses no fim do século XIX, para servir à estrada-de-ferro que liga a capital do estado a Juazeiro, e que até hoje se mantém firme, apesar de quase centenária. A outra de cimento armado, na estrada que liga a sede a outros municípios. Seu leito que já foi formado por margens areentas, sombreadas por árvores e arvoredos, praticamente não existe mais”, relata. 

(Por Pedro Oliveira – Da Sucursal Regional do Sisal em Coité)

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