domingo, 21 de outubro de 2012

CAPIM GROSSO - VICENTE MOREIRA MENDES: “O MESTRE DOS MESTRES”

Conheça um pouco da história de um dos maiores nomes da história de Capim Grosso.

“Mestre dos Mestres” esse foi o adjetivo empregado pelo genro de seu Vicente Moreira Mendes quando perguntado como essa grande figura da história capimgrossense era vista por quem o conheceu.
E com uma descrição tão forte, sendo considerado um sábio no Bairro Vicente Ferreira, levantando toda a sua trajetória de vida e seu perfil, nota-se que não chega a ser exagero as palavras do povo.
Vicente Moreira Mendes, nascido em 06 de fevereiro de 1920, natural de Anguera, região de Feira de Santana, chegou à Capim Grosso em 1957, quando casou-se pela 1ª vez, morando nas proximidades do Distrito de Itatiaia. Com o passar dos anos comprou na mão de seu Zózimo Amâncio 16 tarefas de terra em 1964, bem próximo à lagoa Capim Grosso, e foi nesse pedaço de chão, bem nas entranhas do município, que seu Vicente começou a deixar seu nome na história de Capim Grosso, vivendo seus dias em uma humilde casa erguida na esquina da Rua Claudino com a Rua Portugal, onde já viúvo casou-se novamente com uma índia Valdelice Moreira Teles, tendo no primeiro matrimônio 6 filhos e no segundo mais 3, além de quase 90 netos.
Em entrevista com sua filha Marivalda Mendes Mascarenhas, a mesma contou à Folha Regional que seu pai teria loteado e doado suas terras, e outras foram deixadas para seus filhos e descendentes, surgindo assim mais um bairro em Capim Grosso, conhecido inicialmente por Toca da Traíra, que não era bem visto pelo restante da cidade, “a toca era vista como um lugar violento, as pessoas tinham uma péssima visão daqui, e tudo começou por conta do time Toca da Traíra Futebol Clube, por que em vários jogos que disputavam sempre aconteciam confusões”, explicou dona Marivalda.
Diante dessa negação da sociedade contra a Toca, seu Vicente entrou com um pedido na prefeitura para se registrar o nome do Bairro em 1989, tornando-se assim Vicente Ferreira, em homenagem a seu fundador, e ainda lutou para a instalação de uma escola no lugar, já que as crianças também sofriam preconceitos por conta do local onde moravam, fundando assim em 1990 a Escola Vicente Moreira Mendes, “ele lutou muito para desfazer essa visão ruim”, disse orgulhosa.
E tal sentimento de melhora para a localidade foi tão grande, que a própria população começou se mobilizar, tentando amenizar as situações problemáticas encontradas em um bairro pobre, criando-se projetos como a banda de reciclados, capoeira e realizações de missas, além de festas e eventos que os próprios moradores tinham o prazer de ajudar financeiramente e com a mão de obra, “ele sempre falava que não é o lugar que faz as pessoas e sim as pessoas que fazem o lugar”, frisou.
Seu Vicente tinha por profissão original de ferreiro, mas também entendia de mecânica e chaparia de carros, eletrônica, costura, corte de cabelo e diversas outras habilidades que deixava a todos admirados, “ele era o mestre dos mestres, tudo seu Vicente dava jeito”, disse seu genro. O pioneiro também era um homem de estudos, chegando a frequentar os primeiros anos de escola, “meu pai que me ensinou a ler e escrever, já entrei na escola sabendo, ele era um homem inteligente, que estudava e não parava no tempo, se ele não soubesse de algo ia lá e aprendia, e tudo o que ele sabia ensinava para os outros, muita gente aqui aprendeu a profissão com ele”.
Ele ainda era visto como um homem extrovertido, de muitas amizades, conversador e por muitas vezes um grande conselheiro, além de ser um exímio tocador de instrumentos como cavaquinho, violão e sanfona, “como pai ele era excepcional, para os amigos era considerado mestre, visto como um homem pra frente e adorava fazer uma festa”, ressaltou sua filha.
Seu Vicente deixou essa terra aos 80 anos, pouco antes de receber um Título de Cidadão Capimgrossense para Câmara de Vereadores em 2010, sendo homenageado e reconhecido pelo que fez ao município de Capim Grosso.
 “O título foi como se fosse um presente de despedida, ele dizia que tudo na terra ele teve e muito, ele se foi feliz, tinha a certeza que sua tarefa estava sendo cumprida, como se já tivesse se realizado”, finalizou.
Fonte: Folha Regional


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