A última chuva na região ocorreu em outubro de 2011 e deu para juntar água para 60 dias.
A equipe do CN retornou ao município de Pintadas onde esteve fazendo uma reportagem sobre seca no inicio deste ano (2012). Cerca de sete meses depois esteve de volta no município e deparou com a situação ainda mais critica.
A equipe do CN ouviu do secretário da Agricultura, Dermival Epifânio de Almeida a preocupação por está decretando pela quarta vez estado de emergência e de forma desesperadora, afirmou que a situação da estiagem é tão grave que justifica decretar estado de calamidade, pois existe água somente em uma barragem conhecida por Poço Capim, situada a 20 km da sede e assim mesmo o volume está muito baixo que ele acredita está em 5% da sua capacidade.
Almeida lembrou que em setembro de 2011, 80% das barragens do município já estavam secas e foi decretado estado de emergência pela primeira vez, sendo reconhecido pelo governo do estado. Em fevereiro deste ano, depois de efetuar outro levantamento, constatou que 96% das barragens haviam secado e o decreto foi renovado e mais uma vez reconhecido pelo governo e por último, no mês de maio, o ato se repetiu. Ele concluiu a conversa como CN afirmando que já morreram 2.070 animais no município de Pintada, segundo registros da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB).
A seca era o principal assunto conversado entre as pessoas na feira-livre que aconteceu na segunda-feira (15), quando o CN esteve na cidade. Ao conversar com um fazendeiro residente em Feira de Santana, ele contou que os pecuaristas, detentores da principal fonte de economia da região, estão acumulando prejuízos e queixão que além da seca, aqueles animais que foram transportados para outras regiões, muitos não se adaptaram e morreram, sendo obrigados, para evitarem mais prejuízos retornarem ao município.
A equipe do CN esteve mais uma vez na Fazenda Maravilha, distante 10 km da cidade de Pintadas, as margens da estrada vicinal entre a sede do município e a cidade de Capela do Alto Alegre e encontrou com o aposentado Antonio Gabino Carneiro, 70 anos, casado, 11 filhos. Ao reconhecer a equipe de jornalismo do CN, “Seu” Gabino disse que a situação havia piorado em relação a nossa primeira visita a região. “Já morreram quatro cabeças (boi), estou com dois caídos, fui obrigado a vender 30 cabeças de ovelhas para fazer dinheiro para pagar despesas que estou tendo para manter o rebanho de 25 reis”, contou o aposentado.
Em março só restava apenas um pouco de água na barragem conhecida por Lelo e os pastos estavam totalmente secos. A situação se agravou, não há água na região e um caminhão-pipa custa R$ 80 cada viagem e dura apenas oito dias, segundo informações de Antonio Gabino. Ele lamentou que a rede de abastecimento d’água passasse tão perto da sua propriedade e a mais de um ano vem tentando uma extensão e até o momento sem êxito.
Com a idade avançada, o aposentado disse que levanta ás 05h para descascar mandacaru, aproveitando o tempo frio e depois vai para labuta de colocar água. Ele vê ainda o problema se agravar, pois está tendo dificuldade para encontra mandacaru, pois também está acabando. “Na minha roça não tem mais e estou sendo socorrido por dois vizinhos, mas, na roça deles também esta já está pouco”, lamentou.
A última chuva na região ocorreu em outubro de 2011 e deu para juntar água para 60 dias. Ao falar sobre o assunto, “Seu” Antonio lembrou do sofrimento enfrentado nos anos de 1961, 1971, 1980, 1983, 1991 e 1994, considerados por ele mais secos desde que se mudou de Riachão do Jacuípe para região. “Eu gosto dos meus bichinhos (animais) e não posso deixar passar fome e sede, por isso me esforço, mesmo com esta idade, de dia e noite para manter vivo”, concluiu Antonio Gabino.
A seca que atinge a Bahia já é considerada a mais intensa dos últimos 47 anos e está provocando reflexos na produção agrícola e pecuária do estado. Calcula-se que a agricultura e o setor de serviços no Estado estão amargando um prejuízo de aproximadamente R$ 7,7 bilhões com a seca que assola o Nordeste, ocorrerá caso não chova até o final do mês de outubro, completando o ciclo de um ano sem precipitações.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas / CN
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