domingo, 11 de novembro de 2012

Rio Real: Polícia investiga participação de PMs em morte de advogado:

População relata ação de milícia na cidade
O delegado titular de Rio Real, Geuvan Franca, responsável pelas investigações na morte do advogado Urbano Nascimento Júnior, de 28 anos, executado no sábado (10) com cerca de dez tiros dentro do seu veículo, afirmou neste domingo (11) que a polícia investigará se houve participação de policiais militares no crime. 
Urbano foi enterrado neste domingo no cemitério municipal de Rio Real. O jurista, que era bastante conhecido por atuar nas camadas mais pobres da cidade, inclusive chegou a presidir o Conselho Tutelar, foi vítima de agressões e espancamentos cometidos por PMs lotados em Rio Real. 

O primeira caso foi em 15 de janeiro último, quando ele tentou intervir em uma agressão de PMs contra um dos seus clientes, detido por uma suposta prática delituosa. Em julho passado, o advogado voltou a ser agredido após não parar o veículo em uma abordagem. "Ele só parou o carro na frente da delegacia e a viatura da polícia chegou a colidir no carro dele. Chegando lá ele foi agredido por policiais da CAEL [Companhia de Ações Especializada do Litoral]”, contou o delegado em entrevista ao G1. 

Segundo Franca, na maioria das vezes o advogado defendia pessoas que tinham problemas na Justiça com a polícia. “Por isso sempre achavam que ele estava perseguindo a polícia. Ele era um cara que incomodava. Esta semana ele disse a mim que iria para a corregedoria fazer uma denúncia. Não sei se ele foi mesmo”, revelou. Contatada pelo Bahia Notícias, a Polícia Militar da Bahia confirmou que PMs envolvidos nos dois casos respondiam a processos na Corregedoria Militar, mas não confirmou que algum dos envolvidos tenha sido condenado. 

Em janeiro, o presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), Saul Quadros, encaminhou pedido de providências ao Comando Geral da PM-BA, ao governador Jaques Wagner, e ao Secretário de Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, para punir os militares “desrespeitadores ao exercício profissional da advocacia”. No documento, a entidade cita os nomes dos soldados da PM Hermes, Ferreira, Valnei e Genivaldo, todos lotados em Rio Real, como os agressores do advogado. Os policiais também são suspeitos de integrar uma milícia que atua no município com a "venda de proteção" a comerciantes locais e moradores de bairros mais carentes do município.
 
Em entrevista ao G1, o chefe da Unidade de Ouvidoria da PM, major Everaldo Maciel, informou que as agressões que teriam sido sofridas pelo advogado em janeiro e julho de 2012 são investigadas pelo Ministério Público. “As providências legais estão sendo tomadas, sendo que no segundo caso [julho], ele é réu. Já o assassinato está sendo apurado pela delegacia de Rio Real. Aparentemente o homicídio não tem qualquer tipo de relação com a Polícia Militar”, afirma. 

De acordo com o major, o advogado também tinha problemas na cidade com colegas de trabalho. “Ele teve envolvimento em varias situações na cidade. O perfil da clientela dele também é um pouco complicado”, justificou. (Bahia Notícias)

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