Foto: Reprodução/Viomundo |
Ricardo Teixeira jamais aparecia no
hotel da concentração da seleção, sob o pretexto que não queria
interferir no trabalho do treinador. Mas recebia milhões de dólares em
propinas para garantir uma determinada escalação do time.
A investigação
do Departamento de Justiça dos EUA revelou que, entre 2001 e 2011, o
dirigente recebia subornos do empresário José Hawilla para colocar em
campo na Copa América os “melhores” jogadores brasileiros.
Em maio deste ano, a reportagem da Agência Estado revelou com
exclusividade contratos da CBF que apontavam na mesma direção, com
parceiros comerciais que determinavam escalações e exigiam que os
reservas que eventualmente fossem chamados ao time tivessem o “mesmo
valor de marketing” do titular. Na época, a CBF desmentiu a reportagem e
a comissão técnica insistiu que nunca tinha ouvido falar no esquema.
Agora, no indiciamento da Justiça, a prática é detalhada para a Copa
América. O evento era de propriedade da Traffic, do empresário
brasileiro José Hawilla. Segundo o documento, ele “concordou em fazer
pagamentos para a CBF para garantir que a entidade colocasse os melhores
jogadores nas edições da Copa América disputadas entre 2001 e 2011”.
A meta do empresário era de garantir os jogadores mais populares em
campo para conseguir revender os direitos de TV a valores mais elevados,
assim como os contratos de marketing. Mas, em certos momento, “Teixeira
instruiu Hawilla a fazer os pagamentos a contas que eram desconhecidas
de Hawilla e que o representante financeiro da Traffic informava que não
era contas da CBF”.
A última Copa do Mundo vencida pelo Brasil foi em 2002 e, desde
então, treinadores insistiam que o País era cobrado em todos os torneios
a vencer. Assim, não se preparou uma seleção para 2006, 2010 e nem
2014. Neste período, o Brasil venceu a Copa América de 2004 e 2007.
Segundo os americanos, Teixeira entendia que receber essas propinas
era ilegal. Por isso, tanto o empresário como o cartola usaram de
“técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro”.
Hawilla não comprou apenas a CBF e Teixeira. Segundo a Justiça dos
EUA, ele pagou à Associação de Futebol da Argentina “milhões de dólares
por edição da Copa América para que a AFA colocasse em campo seus
melhores jogadores”. Em certas ocasiões, ele era instruído a mandar o dinheiro “não para a
AFA, mas para uma agência de viagem usada para facilitar pagamentos
para Julio Grondona (ex-presidente da AFA)”. “Hawilla então fez os
pagamentos como solicitado”, diz o relatório do FBI.
Extraída do Bahia Notícias
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