Em um artigo ele destaca a burocracia do sistema e os problemas da indisponibilidade da rede para atender a demanda.
Foto: Divulgação |
A Central de Regulação foi criada para viabilizar o acesso do paciente
aos serviços de saúde, adequando à complexidade de seu quadro de saúde.
No entanto, o serviço não tem funcionando como deveria por conta da
oferta insuficiente de leitos e estrutura para receber a todos que
necessitam do atendimento, principalmente os de urgência.
Para o médico e colunista do Jornal Tribuna Feirense, César Oliveira, a
Central de Regulação é uma caixa preta. "Não há, entretanto, nem
transparência, nem dados, sobre a atuação das Centrais, que clareiem
qual tempo médio com que cada pedido é atendido, qual número de óbitos
entre o cadastramento e sua concretização", afirma.
Em um artigo intitulado "Central de Regulação: a fila da morte",
publicado no jornal, ele destaca a burocracia do sistema e os problemas
da indisponibilidade da rede para atender a demanda.
Leia na íntegra:
Central de Regulação: a fila da morte
César Oliveira
Os complexos reguladores assistenciais foram criados com objetivo de dar resolutividade, fluidez, otimizar a oferta de atendimento na rede pública, através da regulação das urgências, consultas, exames e internações.
No desenho, a boa ideia oferece a lógica de colocar a disponibilidade da vaga, ou do procedimento, diante de quem precisa. Há, entretanto, uma distância, frequentemente fatal, entre a busca e o atendimento.
Acontece que a Central de Regulação seria eficiente se houvesse a disponibilidade da rede de atender a demanda. Mas não há. Quem vivencia a Saúde sabe dos longos períodos entre um pedido de transferência- e se foi pedido é porque ali já não há condições de oferecer o tratamento necessário- e sua realização. Não adianta argumentar que a Central fez um número x de regulações. O que interessa é o que ela não faz e o tempo que demorou para fazer, quando fez. Não há, entretanto, nem transparência, nem dados, sobre a atuação das Centrais, que clareiem qual tempo médio com que cada pedido é atendido, qual número de óbitos entre o cadastramento e sua concretização, É uma caixa preta.
A Central de Regulação serve, também, para que todos se esquivem da responsabilidade, afinal, Central de Regulação é uma entidade sobre a qual não se imputa responsabilidade. Não é pouco comum ouvir nos hospitais os familiares querendo informações e a resposta é sempre a mesma: está na Regulação.
Acontece que a Rede SUS perdeu 25.000 leitos em 5 anos - o que não se justifica apenas pelo fechamento dos Hospitais Psiquiatricos-, assim, a busca de leito para um procedimento tornou-se uma roleta russa. Além disto, dois milhões de pessoas perderam o plano de Saúde e sobrecarregaram ainda mais a rede pública.
Os pacientes constituem, em verdade, uma imensidão de refugiados tentando atravessar o mar da burocracia e encontrar o internamento ou procedimento que precisam, enquanto as autoridades verbalizam os discursos de atenção a Saúde e nós ficamos a presenciar as mortes na fila de espera.
Os complexos reguladores assistenciais foram criados com objetivo de dar resolutividade, fluidez, otimizar a oferta de atendimento na rede pública, através da regulação das urgências, consultas, exames e internações.
No desenho, a boa ideia oferece a lógica de colocar a disponibilidade da vaga, ou do procedimento, diante de quem precisa. Há, entretanto, uma distância, frequentemente fatal, entre a busca e o atendimento.
Acontece que a Central de Regulação seria eficiente se houvesse a disponibilidade da rede de atender a demanda. Mas não há. Quem vivencia a Saúde sabe dos longos períodos entre um pedido de transferência- e se foi pedido é porque ali já não há condições de oferecer o tratamento necessário- e sua realização. Não adianta argumentar que a Central fez um número x de regulações. O que interessa é o que ela não faz e o tempo que demorou para fazer, quando fez. Não há, entretanto, nem transparência, nem dados, sobre a atuação das Centrais, que clareiem qual tempo médio com que cada pedido é atendido, qual número de óbitos entre o cadastramento e sua concretização, É uma caixa preta.
A Central de Regulação serve, também, para que todos se esquivem da responsabilidade, afinal, Central de Regulação é uma entidade sobre a qual não se imputa responsabilidade. Não é pouco comum ouvir nos hospitais os familiares querendo informações e a resposta é sempre a mesma: está na Regulação.
Acontece que a Rede SUS perdeu 25.000 leitos em 5 anos - o que não se justifica apenas pelo fechamento dos Hospitais Psiquiatricos-, assim, a busca de leito para um procedimento tornou-se uma roleta russa. Além disto, dois milhões de pessoas perderam o plano de Saúde e sobrecarregaram ainda mais a rede pública.
Os pacientes constituem, em verdade, uma imensidão de refugiados tentando atravessar o mar da burocracia e encontrar o internamento ou procedimento que precisam, enquanto as autoridades verbalizam os discursos de atenção a Saúde e nós ficamos a presenciar as mortes na fila de espera.
Extraída do Acorda Cidade
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