O aquecimento global, que já elevou em cerca de 1,5°C a temperatura
do Nordeste, tem acendido sinais de alerta. Previsões climatológicas
para décadas à frente estão virando realidade hoje.
Oscilações
pluviométricas, derretimento precoce de gelo no Ártico, anos cada vez
mais quentes. A possibilidade de um sexto ano de chuvas abaixo da média
no Ceará também antecipa um cenário que só deveria chegar em 2050,
quando o semiárido teria cada vez mais anos consecutivos de seca.
“Não tem como dizer que esses seis anos de seca são o futuro que já
chegou. O que podemos informar é que, se o planeta continuar a aquecer,
esse será sim o novo clima do Nordeste. Eu, como cientista, não afirmo
categoricamente, mas (a situação) levanta suspeita”, avalia o
climatologista e membro da Academia Brasileira de Ciência, Carlos Nobre.
O
grupo coordenado por ele, composto por órgãos de climatologia
nacionais, prevê que há 40% de chances de que as precipitações no Norte
do Nordeste sejam, mais uma vez, abaixo da média histórica. O
prognóstico é referente apenas aos três próximos meses. “Não há
fenômenos de grande escala que ancorem um padrão de déficit ou excessos
de chuvas”, explica.
A sequência de anos secos no Nordeste chama atenção. É algo inédito.
“É possível afirmar que, sim, o aquecimento já está tendo um impacto no
Nordeste. Esse 1,5°C aumenta a evaporação nos reservatórios, solos e
rios. Um grau aumenta em até 10% a evaporação”, detalha Carlos Nobre.
Isso é o que diferencia, por exemplo, o momento atual da seca de cinco
anos seguidos registrada em 1915, quando não havia efeito estufa e
aquecimento global.
A mudança de vegetação, como o desmatamento da Zona da Mata, da
Caatinga, do Cerrado e até da Floresta Amazônica, também influencia na
falta de pluviosidade.
Oscilações
Assim
como anos sem chover dentro da média histórica, o aquecimento global
pode causar episódios de chuvas intensas. “E mesmo no Nordeste, se o
aquecimento continuar, serão também registrados momentos de mais chuvas.
Regiões semiáridas têm alta variabilidade. Tem anos que chove como um
deserto e outros que chove como a Amazônia”, descreve o climatologista.
No Sudeste, essas oscilações foram constatadas nos últimos anos. O
cenário não previa seca; ao contrário, apontava condições chuvosas. “E
nós tivemos dois anos de seca, 2014 e 2015, que depois foram
substituídos por anos chuvosos, 2016 e 2017. Isso é realmente a nova
variabilidade que se espera no futuro”, avalia Carlos Nobre.
O especialista alerta ainda para a importância de o Nordeste investir
no que ele tem de mais abundante: sol. “É preciso que nós, brasileiros,
saibamos nos adequar e aproveitar o que temos”.
Fonte: Diário do
Nordeste
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