Amantes da obra de Luiz Gonzaga celebram nesta sexta-feira (03/03) os 70 anos da gravação da música “Asa Branca”,
que imortalizou o cantor e seu parceiro em composições, o advogado
Humberto Teixeira. Composta no dia 3 de março de 1947, a canção
posteriormente viria a se tornar uma espécie de hino do sertanejo.
Inspirada na seca do Nordeste brasileiro é difícil encontrar uma
pessoa que nunca tenha ouvido falar da canção. Mas, apesar de tamanha
popularidade, muitos não sabem o que é uma Asa Branca? A resposta pode
surpreender a muitos: a Asa Branca é uma pomba, também conhecida como
pomba-pedrês ou pomba-trocaz, de nome científico Patagioenas picazuro.
A
Asa Branca é uma ave de natureza migratória, o que pode ser observado
na letra da canção, que pode voar longas distâncias e a grandes
altitudes. O nome Asa Branca surgiu a partir daí, pois durante os seus
longos voos a ave exibe um traço branco nas asas.
O canto que ecoa nos sertões
Gravada por inúmeros artistas, a composição de Luiz Gonzaga e
Humberto Teixeira ainda é sucesso nas emissoras de rádio do Nordeste até
hoje. Em sua monografia para conclusão do curso de comunicação (A Comunicação dos Retirantes Nordestinos: formas e conteúdo), o jornalista Evandro Matos usou a música para retratar a vida do retirante no sul do país.
“…no que tange à música,
também é grande a sua relação com o mundo do retirante. Quando chegou
ao Brasil, em 1922, o rádio logo se transformou no maior veículo de
comunicação de massa do país, ajudando a interligar as regiões. No
início da década de 1940, Luiz Gonzaga, nordestino de Exu (PE), emerge
desse contexto, cantando a cultura nordestina e a saga dos retirantes. O
seu canto ecoa pelos sertões não só como um homem da região, mas também
como uma espécie de porta-voz e procurador dos seus conterrâneos…”.
E jornalista conclui: “A música do Rei do Baião alcançaria grande
repercussão entre os retirantes radicados em São Paulo, com reflexo em
suas regiões de origem. Aproveitando-se disso, e respaldado na estrutura
da indústria cultural, Gonzaga incorporou ao seu discurso elementos
dessa temática, produzindo, ao lado de Humberto Teixeira e Zé Dantas, principalmente, composições como Asa Branca, Vozes da Seca, A Volta da Asa Branca e A Triste Partida.
Independente de quais tintas ele usou para pintar as suas composições, o
certo é que, ao ligar o rádio, o sertanejo se via através dos seus
versos”.
Sobre a música, o juiz aposentado e hoje sanfoneiro Dr. Ednaldo Fonsêca, define: “Asa Branca, não é apenas uma música, uma melodia, uma
canção, ou um poema. É um verdadeiro Hino que retrata a vida real de um
povo sofrido que depende de chuva para poder sobreviver”.
Na sua visão de nordestino, o Juiz Sanfoneiro afirma que a Asa Branca
retratou a vida do nordestino fazendo-a conhecida em todo o país. “O
mundo tomou conhecimento do sofrimento de um povo forte, que sabe
sobreviver a tudo isso, com sentimento, com dor, mas com amor fiel às
suas raízes”, comentou, acrescentando que o povo “foge da seca, mas não
foge à luta”.
Fonte: Interior Da Bahia
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