Apesar de
não ser novidade, a circulação de informações não verificadas e de
boatos ganhou muito mais influência desde que as redes sociais passaram a
ganhar relevância. Mais um desses casos clássicos de pessoas – e até
mesmo canais de comunicação – que acabam tendo um comportamento
equivocado ao repassar algum tipo de informação sem ter a certeza se
aquilo é verdadeiro ou falso aconteceu neste fim de semana na região do
município de Serrinha.
Animais de
criação encontrados mortos na manhã de sábado em comunidade
localizada
entre Ichu e Serrinha | Foto: Leitor do Notícias de Santaluz
|
Bastou que
dezenas de animais de criação fossem encontrados mortos na comunidade
Boa União, no limite entre os municípios de Serrinha e Ichu, para que
começassem a circular em grupos do WhatsApp mensagens afirmando ter se
tratado de um leão que estava sendo transportado em um caminhão do Circo
Picolino.
Segundo informações propagadas nas redes sociais e até mesmo
em alguns sites e blogs da região, o caminhão do circo teria quebrado na
rodovia BA-409, ao passar pelo município de Serrinha com destino a
cidade de Senhor do Bonfim, quando o leão ‘teria aproveitado um vacilo
do motorista para fugir’. Até mesmo o áudio de um homem se passando por
motorista do caminhão e, consequentemente, funcionário do Circo
Picolino, informando sobre a fuga do animal chegou a circular nas redes
sociais. Não é verdade.
Imagem que
seria de leão circulando em rodovia de Serrinha foi registrada em 2013,
no estado de
Santa Catarina | Foto: Gil Chiodelli Junior/Youtube / Reprodução
|
Alguns
sites e blogs da região ainda chegaram a publicar uma foto ‘fake’ para
convencer os leitores de que o suposto animal estaria circulando pela
rodovia em Serrinha durante a noite. É novamente mentira! Trata-se de um
leão-baio flagrado andando em uma rodovia do estado de Santa Catarina. O
registro foi feito em janeiro de 2013. (veja aqui)
Coordenadora do Circo Picolino esclarece o caso
A coordenadora pedagógica do Circo Picolino, Simone Requião, esclarece que desde quando foi fundada há 33 anos, em Salvador, a Escola Picolino de Artes do Circo é voltada ao ensino das artes circenses e que nesse período nunca utilizou nenhuma espécie de animal. “Nunca na história do Circo Picolino foi utilizado qualquer espécie de animal, sequer um cachorro ou uma pulga. Todas as nossas atividades são desenvolvidas com base em técnicas circenses como malabares, trapézio, acrobacia e saltos ornamentais, entre outras. Já com relação aos espetáculos, ao final de cada período realizamos apresentações, exclusivamente em Salvador, e com os próprios alunos do projeto, que são crianças com idade entre 7 e 17 anos, de comunidades da periferia”, explica.
A coordenadora pedagógica do Circo Picolino, Simone Requião, esclarece que desde quando foi fundada há 33 anos, em Salvador, a Escola Picolino de Artes do Circo é voltada ao ensino das artes circenses e que nesse período nunca utilizou nenhuma espécie de animal. “Nunca na história do Circo Picolino foi utilizado qualquer espécie de animal, sequer um cachorro ou uma pulga. Todas as nossas atividades são desenvolvidas com base em técnicas circenses como malabares, trapézio, acrobacia e saltos ornamentais, entre outras. Já com relação aos espetáculos, ao final de cada período realizamos apresentações, exclusivamente em Salvador, e com os próprios alunos do projeto, que são crianças com idade entre 7 e 17 anos, de comunidades da periferia”, explica.
Escola de Circo
Picolino existe em Salvador e não viaja para o interior da Bahia há
dois anos, além
de não utilizar animais | Foto: Margarida Neide | Ag. A Tarde
|
Segundo
Simone, outro fato que ajuda a desmentir as falsas notícias é que o
circo não é itinerante, e que a última viagem feita ao interior ocorreu
há mais de dois anos. “Atualmente existe um projeto sendo desenvolvido
no Vale do Jiquiriçá, na região sudoeste da Bahia, por Anselmo Serrat,
que é diretor-fundador do Circo Picolino, mas também é voltado para
aulas de circo”, esclarece Simone, afirmando que o caso deverá ser
apurado pelo departamento jurídico do Circo Picolino. “É uma situação
desagradável e que pode trazer prejuízo à imagem do circo. Por isso,
vamos averiguar o caso e tomar as providências cabíveis”, alerta a
coordenadora pedagógica.
Animais mortos podem ter sido atacados por cães ao invés de leão
Embora alguns moradores da comunidade Boa União afirmarem ter visto o leão, o agricultor conhecido como Roque de Marcelino, que encontrou cerca de 30 ovelhas mortas em sua propriedade na manhã de sábado (29), disse acreditar que os animais foram atacados por cães, o que é muito comum acontecer na região. Aliás, Roque conta que perdeu mais de cem ovelhas nos últimos 18 meses, sem contar com animais de outras espécies.
Embora alguns moradores da comunidade Boa União afirmarem ter visto o leão, o agricultor conhecido como Roque de Marcelino, que encontrou cerca de 30 ovelhas mortas em sua propriedade na manhã de sábado (29), disse acreditar que os animais foram atacados por cães, o que é muito comum acontecer na região. Aliás, Roque conta que perdeu mais de cem ovelhas nos últimos 18 meses, sem contar com animais de outras espécies.
Veterinário
alerta que animais podem ter sido atacados por cães, o que é comum
acontecer na
região | Foto: Leitor do Notícias de Santaluz
|
Para o
veterinário Cassio Fiuza Carneiro, que é o secretário de Agricultura de
Serrinha, a versão de Roque é a que mais condiz com os fatos. “Estamos
acompanhando o caso juntamente com o Ministério Publico Estadual e as
polícias Civil e Militar e, diante de tudo o que foi apurado até o
momento, o mais provável é que essas criações tenham sido mortas por
cães. Com relação ao leão que teria sido visto por moradores da Bela
Vista e pelo motorista de um frigorífico da região, por se tratar de um
animal de grande porte e com calda felpuda, não descartamos que tenha
sido uma sussuarana, ou até mesmo uma jaguatirica, que também são
animais de hábitos noturnos. Mas não há nada que confirme oficialmente a
aparição desses felinos até o momento”, comenta.
Procurada
pela reportagem, a assessoria de comunicação do 16º Batalhão de Polícia
Militar, sediado em Serrinha, informou que a corporação foi procurada
por um agricultor denunciando que teve animais de criação mortos, mas
não houve nenhum registro de queixa relacionado à fuga ou aparição do
leão até a manhã desta segunda-feira (1).
Notícias de Santaluz – Colaboraram André Luiz e Rubenilson Nogueira
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