A nota diz que o presidente "não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar."
A Presidência da República divulgou nota na noite desta
quarta-feira (17) na qual informa que o presidente Michel Temer “jamais
solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo
Cunha”, que está preso em Curitiba, na Operação Lava Jato.
A nota diz que o presidente “não participou e nem autorizou
qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a
Justiça pelo ex-parlamentar.”
De acordo com a Presidência, o encontro com o dono do grupo
JBS, Joesley Batista, foi no começo de março, no Palácio do Jaburu. “Não
houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da
República”.
O comunicado diz ainda que Temer “defende ampla e profunda
investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa,
com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos e
que venham a ser comprovados.”
No início da noite, o jornal O Globo publicou
reportagem, segundo a qual, em encontro gravado, em aúdio, pelo
empresário Joesley Batista, Temer teria sugerido que se mantivesse
pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao
doleiro Lúcio Funaro para que esses ficassem em silêncio. Batista,
conforme a reportagem, firmou delação premiada com o Ministério Público
Federal (MPF) e entregou gravações sobre as denúncias. Segundo o jornal,
ainda não há confirmação de que a delação do empresário tenha sido
homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Temer estave reunido hoje com governadores da Região
Nordeste. O encontro terminou às 19h50. O presidente, então, iniciou uma
reunião com os ministros Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo;
Eliseu Padilha, da Casa Civil; Moreira Franco, da Secretaria-Geral da
Presidência da República, após a divulgação da reportagem. Também
estiveram presentes assessores da Secretaria de Comunicação da
Presidência. A nota do Planalto foi enviada à imprensa cerca de uma hora
e meia após o início da reunião no terceiro andar do Planalto, onde
fica o gabinete de Temer.
Por volta das 21h, cerca de 50 manifestantes se reuniram em
frente ao Palácio do Planalto com buzinas para protestar contra o
presidente. A Polícia Militar reforçou a segurança no local.
Congresso
As sessões da Câmara dos Deputados e do Senado foram suspensas depois da divulgação da reportagem.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
encerrou a sessão que analisava medidas provisórias (MPs) que trancam a
pauta da Casa, sem concluir a votação da MP 755/16, que trata dos
repasses de recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) a estados e
municípios. Maia disse que “não havia mais clima para a continuidade
dos trabalhos”. Ele saiu apressadamente, falando ao telefone, e admitiu
que as denúncias são graves.
Após a divulgação da reportagem, o líder do PSOL, Glauber
Braga (RJ), foi à tribuna. “Acaba de sair uma revelação, a notícia de
uma gravação onde [o presidente] Michel Temer dá orientações para manter
Eduardo Cunha calado na unidade prisional em que se encontra”, disse
Braga, e deputados da oposição passaram a gritar palavras de ordem
pedindo a saída de Temer.
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) informou que protocolou um pedido de impeachment de Temer.
“As denúncias mostram um comportamento incompatível com a função de
presidente, com o decoro do cargo. […] Não há outra saída para o
presidente [da Câmara] Rodrigo Maia a não ser receber esse pedido.”
Segundo o líder da minoria, José Guimarães (PT-CE), os
partidos de oposição vão trabalhar em três direções: a renúncia, “que
deixaria o país mais tranquilo, com a convocação de novas eleições”, o impeachment e a realização de novas eleições.
De acordo com a reportagem, outra gravação da delação de
Batista diz que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), teria
pedido R$ 2 milhões ao empresário. O dinheiro teria sido entregue a um
primo de Aécio. A entrega foi registrada em vídeo pela Polícia Federal. A
PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que o montante foi
depositado numa empresa do senador Zezé Perrella (PSDB-MG).
O líder do DEM, Efraim Filho (PB), disse que as denúncias
são graves e que precisam ser analisadas de forma serena. “É preciso
buscar, de forma rápida, respostas para a sociedade brasileira”, disse.
“A investigação dos fatos irá dizer se houve qualquer infração à
Constituição. Em se configurando qualquer infração à Constituição, o
rito tem que ser seguido como foi com a presidente Dilma, de
impedimento.”
Outro lado
Em nota, a assessoria de Aécio Neves disse que o senador
“está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos.
No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era
estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O
senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar
todos os esclarecimentos necessários”.
O senador Zezé Perrella publicou uma mensagem em seu Twitter
por volta das 22h50 de hoje em que diz que nunca conversou com Wesley
Batista, não conhece ninguém do grupo Friboi (uma das marcas da JBS) e
que nunca recebeu, “oficial ou extraoficial”, nenhuma doação da empresa.
“Estou absolutamente tranquilo”, disse o senador, que acrescentou que
espera que todos os citados na matéria de O Globo tenham a
oportunidade de esclarecer sua participação. “O sigilo das minhas
empresas citadas, dos meus filhos estão absolutamente à disposição da
Justiça, onde ficará comprovado que eu não tenho nada a ver com essa
história”, disse Perrella.
A assessoria do deputado federal Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PR) informou que o deputado está em Nova York, onde proferiu
palestra sobre a política brasileira a um grupo de investidores
internacionais. Rocha Loures tem retorno programado para amanhã. Em seu
retorno, o deputado deverá se inteirar e esclarecer os fatos divulgados.
De acordo com o jornal O Globo, o deputado foi indicado por
Temer como interlocutor para solucionar um problema da JBS.
Posteriormente, Rocha Loures teria sido filmado recebendo R$ 500 mil.
Íntegra da nota da Presidência da República
“O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para
obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem
autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou
colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.
O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no
começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que
comprometesse a conduta do presidente da República.
O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.”
O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.”
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República
Agência Brasil *Reportagem de Marcelo Brandão, Iolando Lourenço, Ivan Richard Esposito e Luciano Nascimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ICHU NOTÍCIAS.
Neste espaço é proibido comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Administradores do ICHU NOTÍCIAS pode até retirar, sem prévia notificação, comentários ofensivos e com xingamentos e que não respeitem os critérios impostos neste aviso.