O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu nesta
sexta-feira (9), ao fim de um julgamento iniciado na terça (6), a chapa
Dilma Rousseff-Michel Temer, vencedora das eleições de 2014. Com a
sentença, o presidente Temer se mantém no cargo, já que a chapa não teve
o registro eleitoral cassado.
Foto: TSE |
A votação estava empatada em 3 X 3, mas a
não condenação foi selada com o voto de Minerva do presidente da Corte,
Gilmar Mendes. O resultado era considerado esperado, já que muitos
ministros sinalizaram suas posições desde o início do julgamento.
A ação
contra a chapa foi de autoria do PSDB, que acusou a campanha vitoriosa
de abuso de poder econômico e político. Antes de iniciar a votação, na
quinta (8), a Corte já havia decidido não acrescentar ao processo as
delações da Odebrecht e os depoimentos do casal de delatores Mônica
Moura e João Santana.
Ainda na quinta, o ministro Herman Benjamin
iniciou a leitura do seu relatório sobre a ação. Entretanto, a sessão
foi interrompida e retomada nesta sexta, quando o relator proferiu seu
voto pela cassação da chapa. Nele, o magistrado concluiu que houve
indícios suficientes para comprovar que houve abuso de poder econômico. O
ministro entendeu que PT e PMDB usufruíam de valores ilícitos,
provenientes de práticas corruptas envolvendo a Petrobras.
Primeiro a
votar depois do relator, Napoleão Nunes Maia foi contrário ao colega e
pugnou pela “improcedência total pelos pedidos formulados". "Uma coisa é
punir as pessoas por crimes, e outra coisa é privar quem ganhou a
eleição do exercício do mandato”. O ministro ainda afirmou que o
julgamento de ações eleitorais deste tipo deve estar restrito à acusação
feita inicialmente pelos autores do processo.
Em seguida, Admar Gonzaga
Neto se posicionou contra Benjamin e pediu a absolvição da chapa. Para
ele, a ação é improcedente porque não há prova robusta de que
irregularidades foram cometidas e também não existem elementos de abuso
de poder econômico. Ele ainda argumentou que “não é possível afirmar
categoricamente que houve desvio de dinheiro da campanha”.
O ministro
Tarcísio Vieira Neto esticou o placar a favor de Temer. Em seu voto,
seguiu a mesma linha do colega. Na avaliação dele, é evidente que houve
irregularidades internas na contratação de empresas pela campanha.
Entretanto, isto não configura abuso de poder econômico nem infração da
lei eleitoral.
Já o ministro Luiz Fux foi o primeiro a se colocar ao
lado do relator Herman Benjamin. Em seu voto, defendeu o parecer do
colega de toga. "Não ousaria em desafiá-lo", disse. O ministro sustentou
que a chapa cometeu abuso de poder político e econômico ao citar o
pagamento de propinas e de caixa 2 para a campanha. Fux argumentou ainda
que o conteúdo das delações premiadas da Odebrecht deveria ser
considerado no julgamento. "Fatos novos vieram à lume informando que
nessa campanha houve cooptação do poder político pelo poder econômico,
que nessa campanha houve financiamento ilícito de campanha, então no
momento que vamos proferir a decisão, nós não vamos levar em conta esses
fatos?", questionou.
A ministra Rosa Weber também endossou o voto de
Benjamin e votou pela cassação da chapa. "Crime na conquista do poder é
trinca no cristal da democracia”, argumentou.
Com a decisão nas mãos,
Gilmar Mendes deu o sufrágio que absolveu Dilma e Temer e manteve o
presidente da República no cargo. O ministro calcou seu voto na defesa
da importância de se manter o equilíbrio do mandato presidencial. "Não
se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se
queira. A cassação de mandatos deveria ocorrer em situações inequívocas.
Temos que ter muito cuidado com as instituições", defendeu. Ele ainda
deu um recado a políticos: "Nós não devemos brincar de aprendizes de
feiticeiros. Não tentem usar a mão do tribunal para resolver crise
política".
Por Bruno Luiz / Bahia Notícias
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