Objetivo das medidas anunciadas é tentar atingir a meta de um déficit primário de até R$ 139 bilhões neste ano. Alta será de R$ 0,41 por litro de gasolina e de R$ 0,21 por litro de diesel.
O governo anunciou nesta quinta-feira (20) o aumenta da tributação sobre
os combustíveis e um bloqueio adicional de R$ 5,9 bilhões em gastos no
orçamento federal.
Nota divulgada pelos ministério da Fazenda e do Planejamento no fim da
tarde desta quinta informa que será elevada a alíquota de PIS e Cofins
sobre os combustíveis.
O aumento da tributação representará, segundo informou o governo, uma
alta de R$ 0,41 por litro de gasolina, de R$ 0,21 por litro de diesel.
De acordo com a equipe econômica, o aumento da tributação sobre os
combustíveis irá gerar, durante o restante do ano de 2017, uma receita
adicional de R$ 10,4 bilhões para o governo federal.
Com a alta de tributos, o governo quer elevar a sua arrecadação. Já com o
bloqueio, pretende reduzir ainda mais os gastos públicos. O objetivo
das medidas é cumprir a meta fiscal de 2017, fixada em um déficit
(despesas maiores que receitas) de R$ 139 bilhões. A conta não inclui as
despesas com pagamento de juros da dívida pública.
A arrecadação neste ano tem ficado abaixo da esperada pelo governo. No
ano passado, quando estimou as receitas com impostos e tributos em 2017,
o governo previa que a economia brasileira estaria crescendo em um
ritmo mais acelerado, o que não ocorreu.
De acordo com a Receita Federal, no primeiro semestre a arrecadação
cresceu 0,77%. O resultado positivo, porém, se deu pelo aumento das
receitas do governo com royalties pagos por empresas que exploram
petróleo no país - a receita com impostos e contribuições caiu 0,20% no
período.
Corte no orçamento
Com o novo corte, o contingenciamento total na peça orçamentária de 2017
ficará ao redor de R$ 45 bilhões. Essa medida tende a afetar ainda mais
os serviços públicos.
Segundo os ministérios da Fazenda e do Planejamento, porém, o valor
adicional do bloqueio, de R$ 5,9 bilhões, "deverá ser compensado por
receitas extraordinárias que ocorrerão ainda este ano."
Em março, o governo já havia anunciado um corte de R$ 42,1 bilhões no
orçamento de 2017, também na tentativa de cumprir a meta fiscal. Depois,
liberou parte desses recursos.
Com o orçamento apertado e os gastos limitados pela regra do teto, que
começou a valer neste ano, o governo já reduziu investimentos e sofre
para manter alguns serviços.
Nas duas últimas semanas, por falta de verbas, a Polícia Federal
suspendeu a emissão de passaportes - Congresso aprovou um projeto que
libera R$ 102,3 milhões para a impressão do documento. Já a Polícia
Rodoviária Federal reduziu o policiamento nas estradas.
Até maio, levantamento da Instituição Fiscal Independente, ligada ao
Senado Federal, aponta que os gastos discricionários (passíveis de serem
cortados) recuaram 38,5%. Segundo analistas, as dificuldades
orçamentárias deverão continuar.
Dificuldades
Além da arrecadação abaixo da esperada, o governo vem enfrentando outras dificuldades para cumprir a meta fiscal.
O Congresso, por exemplo, tem pressionado por mais mudanças no novo
Refis, programa de parcelamento de dívidas com o governo. A previsão da
Receita Federal é de que a arrecadação com o programa caia de R$ 13
bilhões para menos de R$ 500 milhões em 2017, se as mudanças forem
aprovadas.
Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou dificuldades
com as expectativas de arrecadação com concessões e permissões. Segundo o
ministro do TCU Vital do Rêgo, o governo prevê arrecadar R$ 20,7
bilhões em 2017 com concessões e permissões. Mas, ainda de acordo com o
ministro, somente R$ 1,4 bilhão está em fase avançada.
O governo também enfrenta dificuldades no Congresso Nacional para
aprovar o aumento da tributação sobre a folha de pagamentos - anunciada
em março deste ano. A expectativa era de que a medida começasse a valer
em julho deste ano, mas, até o momento, ela ainda não começou a vigorar.
Apesar da pressão por mudanças no Refis, do fraco nível de atividade
econômica e da demora no processo de concessões e permissões, o governo
teve uma boa notícia no campo das receitas: o Congresso aprovou medida
que o autoriza a usar R$ 8,6 bilhões em precatórios (decisões judiciais
não pagas) para formar o superávit primário das contas públicas.
Analistas apontam que esse valor pode ser maior ainda.
As restrições orçamentárias não impediram, porém, o presidente Michel
Temer de sancionar a lei que reajusta o salário de oito categorias do
serviço público. Ao todo, 68.149 pessoas serão beneficiadas pelo
aumento, entre servidores da ativa, aposentados e pensionistas. O texto
original previa um impacto em 2017 de R$ 3,7 bilhões e de R$ 10,91
bilhões até 2019.
Fonte: G1
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