quinta-feira, 13 de julho de 2017

Riachão: Câmara vota projeto que entrega o Hospital Municipal à iniciativa privada; população protesta nas ruas

A votação do polêmico projeto que prevê a Concessão do Hospital Municipal de Riachão do Jacuípe à iniciativa privada acontece nesta quinta-feira (13), na Câmara de Vereadores do município. A sessão, que será presidida pelo vereador Antônio Marcos O. Silva, está marcada para começar às 9h da manhã.
De autoria do Poder Executivo Municipal, o projeto prevê concessão do hospital pelo período de 20 anos, renováveis pelo mesmo período, para exploração de empresa privada. Desconfiados da intenção do projeto, servidores do Hospital Municipal, vereadores da oposição e vários segmentos da sociedade jacuipense têm se posicionados contrários à sua aprovação.

Ex-diretor do hospital, o vereador Toninho da CTI é dos mais indignados com a situação. “Caso o projeto seja aprovado, vamos ver o que vai acontecer: você que tem plano de saúde e você que tem plano do SUS, vamos ver quem vai ser atendido primeiro”, alertou o vereador.

Em entrevista à Rádio Jacuípe, Toninho disse que ‘o prefeito deve conseguir o que quer, que é a aprovação do projeto’, mas duvida da sua boa intenção. “Infelizmente a gente vai colocar algumas emendas na próxima semana para não dizer que a gente não tentou alguma coisa, mas já se sabe que o projeto vai ser votado e a gente sabe que vai passar. Nós vamos apresentar algumas emendas. Se eles votarem contra, com certeza vai ficar claro qual é a intenção do projeto”, desafiou o parlamentar.

O vereador disse ainda que a Casa não tem analisado com critério o conteúdo do projeto, por isso a população, principalmente a pobre, pode ser a grande prejudicada. “Vamos colocar emenda exigindo atestado de capacidade técnica para a empresa que vier a administrar o hospital. Vamos ver se os vereadores vão aceitar essa emenda ou não. Eles, que estão só dizendo amem ao prefeito e não querem nem saber sobre as consequências”, acrescentou.

Servidores
Também contrário ao projeto, o ex-vereador Carlos Matos alertou sobre a situação dos funcionários do hospital. “Os servidores da FUSAS não fizeram concurso para o município, por isso podem ficar à mercê se forem colocados à disposição pelo prefeito, pois o receio é que eles aceitem agora e depois demitam para dizer que não pode. Ou seja, é um golpe”, disse.

O ex-vereador alertou também sobre as conquistas do hospital pelo governo anterior e ignoradas agora. “Vamos pegar os equipamentos conquistados pelo governo da prefeita Tania, vamos pagar as ambulâncias cedidas pelo Estado e entregar a uma empresa privada!”, indagou.

Os dois políticos também chamaram a atenção sobre os recursos que estão disponíveis para o hospital e que podem ter destino ignorado. “Existe um valor de R$ 599 mil para reforma do hospital, uma conquista do governo Tania. O dinheiro está na Caixa Econômica, só não houve tempo de encaminhar a sua finalidade por causa da burocracia da Caixa”, advertiram.

Reação popular
Nessa mesma direção também estão outros vereadores oposicionistas como Nem de Aureliano, Catarina Roma (Catarina do Hospital), Lucas William e Robinho. Reforçando a posição dos vereadores, servidores do hospital, o SINSPUM e APLB-Sindicato e outras entidades também se posicionam contrários à aprovação do projeto.

Devido à falta de clareza da proposta, a população da cidade tem se rebelado e hoje promete protestar nas ruas e durante a sessão na Câmara Municipal. Pelas redes sociais, uma grande caminhada está sendo divulgada para acontecer, com saída prevista para as 8h, em frente ao SINSPUM, na direção da Câmara.

Vários vídeos também circulam nas redes sociais convocando a população para comparecer à Câmara nesta quinta-feira com o objetivo de pressionar os vereadores a não aprovarem o obscuro projeto.

Do Interior Da Bahia

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