Aécio Neves foi citado na denúncia contra o presidente Michel Temer, acusado de pedir e receber, em parte, 2 milhões de reais do empresário Joesley Batista, da J&F, além de atuar para obstruir a investigação da Lava Jato.
O plenário do Senado decidiu reverter a decisão da
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e, com isso, pôs fim ao
afastamento parlamentar do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que havia
sido imposto pelos ministros da Corte no último dia 26.
Com os votos de 44 senadores contra a manutenção das medidas cautelares e
de 26 favoráveis, os parlamentares impediram o afastamento de Aécio, o
seu recolhimento domiciliar noturno e reverteram a obrigação de entregar
o passaporte. Não foram registradas abstenções.
A votação ocorre após a maioria dos ministros do STF decidir, na semana
passada, que o tribunal não pode afastar parlamentares por meio de
medidas cautelares sem o aval do Congresso Nacional. No fim de setembro,
a Primeira Turma da Corte havia decidido, por 3 votos a 2, afastar
Aécio do exercício do mandato ao analisar pedido da Procuradoria-Geral
da República (PGR) no inquérito em que o tucano foi denunciado por
corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base nas delações
premiadas dos executivos da J&F.
Debate
Antes de abrir o painel para a votação, o presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), concedeu a palavra para cinco senadores favoráveis e
cinco contrários à decisão do Supremo. Para Jader Barbalho (PMDB-PA),
os ministros do STF tomaram uma decisão "equivocada". "Não venho a esta
tribuna dizer que meu voto será por mera solidariedade ao senador Aécio.
Com todo respeito a ele, estou longe de aceitar sua procuração ou sua
causa. Não estou nesta tribuna anunciando voto em razão do que envolve o
senador. Voto em favor da Constituição. Ministro do Supremo não é
legislador, não é poder constituinte. Quem escreve a Constituição é quem
tem mandato popular", argumentou.
Já o senador Álvaro Dias (Pode-PR) criticou o que classificou de
“impasse” surgido a partir do instituto do foro privilegiado. “A decisão
do Supremo Tribunal Federal, corroborada pelo Senado, vem na contramão
da aspiração dos brasileiros, que é de eliminar os privilégios. Nós
estamos alimentando-os. Não votamos contra o senador, votamos em
respeito à independência dos Poderes, em respeito a quem compete a
última palavra em matéria de aplicação e interpretação da Constituição,
que é o Supremo Tribunal Federal”, disse.
Antes da votação, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que visitou
Aécio nesta terça-feira (17), também defendeu o parlamentar mineiro. "A
votação hoje é muito além do caso do senador Aécio, a situação dele terá
seguimento no STF, qualquer que seja o resultado. Algumas pessoas
imaginam que ele foi julgado hoje em definitivo. Ele continuará sua
jurisdição na Suprema Corte. Não há que se falar em impunidade. Isso até
é um desrespeito à Suprema Corte. Os ministros do STF vão, a partir dos
autos do processo, se isso virar um processo, porque estamos na fase de
inquérito, absolver ou condená-lo, de acordo com as provas que tiver
nos autos desse processo", disse.
Mais cedo, o PT havia anunciado voto contrário a Aécio. Antes, havia se
posicionado defendendo que o Legislativo tem o poder de revisar medidas
cautelares impostas pelo Supremo.
Fonte: Agência Brasil
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