Informações dão conta que a mesma nunca esteve no Hospital de Irmã Dulce para se tratar de câncer e de onde teria sido encaminhada para o Sírio Libanês onde também não está.
A semana começou em Conceição do Coité com uma campanha nas redes
sociais promovida por diretores, professores e alunos do Centro de
Ensino Noturno da Bahia – CENEB que funciona no Colégio Polivalente, no
intuito de arrecadar um valor relativamente alto, R$ 32 mil para compra
de um medicamento que só vende nos Estados Unidos, para continuar o
tratamento da professora Ana Maria Nascimento, 37 anos, que leciona na
referida unidade de ensino e que se encontra internada em estado grave
no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, em consequência de uma Leucemia
(câncer no sangue).
Carro de som e muita gente solidária faz grande campanha de
arrecadação
Foto: Raimundo Mascarenhas
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A campanha saiu das redes sociais onde envolvia apenas pessoas
próximas a professora, e foi para às ruas. Na tarde de terça-feira, 28,
alunos portando cartazes acompanhados por um carro de som, outros com
caixinhas padronizadas com a foto da professora, entravam de loja em
loja arrecadando dinheiro, transeuntes com muita boa vontade colaboravam
com qualquer quantia e ao final da campanha foi divulgado que somente
naquela tarde havia arrecadado aproximadamente R$ 4 mil. Ainda teria um
bingo na escola, caixinhas espalhadas por algumas lojas e número de duas
contas para depósito tendo a mesma como titular, para alcançar o valor
determinado.
Diante da seriedade da campanha feita com pessoas abnegadas com tanta
vontade de ‘salvar a vida’ de uma colega de trabalho, o Site Calila
Noticias também entrou na campanha, publicando a passeata.(Veja a matéria que foi retirada da página principal tão logo tomou conhecimento que poderia ser um golpe).
Após a publicação da matéria, não demorou muito para uma pessoa
ligada a professora deixar uma mensagem no celular da redação do Calila.
“Boa tarde, por favor preserve meu nome, essa mulher que está fazendo
essa campanha ele não tem nada de doença, ela é uma estelionatária. Me
ligue”.
O Calila resolveu ligar para a pessoa que revelou coisas absurdas e
respondia todas perguntas, afirmou que "a conhece há muito tempo e sempre
procurou ludibriar as pessoas de boa fé e que é uma mulher saudável e
nunca fez tratamento por doença grave”, afirmou.
No mesmo dia o CN manteve contato com uma das professoras envolvidas
na campanha e reportou a manifestação da pessoa condenando a conduta de
Ana Maria. Começava ali a dúvida se realmente ela estava ou não
internada se tinha ou não câncer. Antes mesmo de se levantar a história
se era falsa ou não, já haviam comentários restritos de uma possível
fraude. Entre os relatórios médicos tinha uma ficha do Hospital Santo
Antônio (Irmã Dulce) em Salvador como sendo uma paciente daquela unidade
e que teria providenciado a sua transferência para o Sírio.
Professores ligaram perguntando se havia registro da paciente no
setor do Câncer e a informação foi negativa. O CN também entrou em
contato e foi informado que Ana Maria Nascimento esteve naquele hospital
no dia 12 de maio de 2005, ou seja há 12 anos, e que passou por uma
consulta por um clínico geral.
Uma funcionária do setor afirmou ainda que lá não trata Leucemia e
nem encaminha paciente para o Sírio Libanês. A pessoa mostrou-se
revoltada com a situação. “Tanta gente com a doença devastando a saúde
com tanta dificuldade para sobreviver, uma pessoa sã age dessa forma”,
lamentou Viviane como se identificou.
As professoras passaram a receber mensagens pedido para adiantar
outro valor em dinheiro, pois a mesma tinha passado por procedimento e
necessitava de algum tipo de aplicação. Ontem, 29, um bingo que estava
programado para acontecer na escola também voltado para ajudar a
‘paciente’ foi suspenso e criou ainda mais uma expectativa duvidosa em
torno dos alunos que passaram a questionar os professores o que estava
acontecendo.
Nesta quinta-feira, 30, o assunto veio a tona, áudio em grupos de
WhtasApp já circulava afirmando a possível fraude. O CN procurou os
professores para buscar informações a respeito do caso e para surpresa
de nossa redação, recebeu a informação de que foram a Delegacia prestar
uma queixa crime, levou a situação para o juiz da cidade que pediu o
bloqueio das contas, e por fim, certificaram que Ana não se encontra no
Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e que a mesma se encontra em
Campina Grande, interior da Paraíba, sua terra natal.
As professoras estão muito revoltadas com atitude da ‘colega’.
Segundo elas, tudo começou no mês de junho com todo o quadro colaborando
para as viagens para exames e quimioterapia, “Esse tempo todo nós
ajudamos, sem pedir apoio de ninguém, mas com a história de que
precisaria de comprar um remédio muito caro, fomos para às ruas junto
com os alunos e agora temos que passar por isso”, lamentou uma delas.
Assim como foram ás ruas com toda boa vontade de ajudar alguém que
se dizia necessitar de ajuda, as professoras pretendem fazer o mesmo
percurso para entregar uma carta aberta a população.
O Calila Noticia fez uma pergunta que muita gente deve fazer. Porque
encabeçar uma campanha dessa sem um laudo oficial? Uma professora disse
que Ana Maria tem uma pessoa chamada Vilma que trabalha na Assistência
Social do município que tem lhe dado suporte. Conforme se manifesta em
uma conversa.
A professora disse que há muito tempo Vilma dar suporte a Ana Maria
inclusive arrecadando dinheiro para suas viagens, não sabe informar se a
mesma também foi vítima. Na conversa acima que teve com Vilma, ela
afirma que a assistente social pedia dinheiro e perguntava se no cartão
dela tinha pontos para serem trocados por passagem aérea.
Duas coisas nessa história são verdadeiras. Ana Maria tem Diabetes e é
apenas estagiária no CENEB, tendo chegado por indicação da faculdade.
Redação CN
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