Durante a votação, houve divergência entre os parlamentares sobre o número de vagas que serão criadas com o novo Fies.
As novas regras para o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) foram aprovadas ontem (8) pelo Senado e seguem agora
para sanção presidencial. Os senadores acolheram o relatório favorável à
medida provisória (MP) enviada pelo governo, que altera as formas de
financiamento do fundo e extingue o período de carência para o pagamento
dos estudantes. Com as mudanças, a expectativa do Ministério da
Educação (MEC) é que 310 mil vagas sejam destinadas ao programa em 2018,
sendo 100 mil para estudantes de baixa renda.
Durante a votação, houve divergência entre os parlamentares sobre o
número de vagas que serão criadas com o novo Fies. A oposição argumentou
que, na prática, apenas 100 mil vagas serão ofertadas, já que as demais
fontes de recursos poderiam não ser garantidas. Já o governo, com apoio
da relatora, senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), defendeu a aprovação da
matéria da forma como veio da Câmara, acolhendo apenas uma emenda sobre
os descontos concedidos pelas instituições financeiras.
Outro ponto de discussão foi em torno do período em que os estudantes
podem esperar, após a formatura, até iniciarem os pagamentos do
empréstimo. Antes da edição da MP, os recém-formados tinham um ano e
meio até que começassem a pagar. O texto aprovado acaba com a carência
para o pagamento do financiamento. Senadores oposicionistas argumentaram
que o fim da carência inviabilizaria a quitação dos débitos, o que foi
contestado pela relatora.
Mudanças
O programa financia estudantes de cursos privados do ensino superior,
profissional, técnico ou tecnológico e em programas de mestrado e
doutorado. Para que tenham acesso às faculdades, os jovens precisam
passar por avaliação em processos estabelecidos pelo MEC, como o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com as mudanças, a partir de 2018 devem ser oferecidos três tipos de
financiamento, sendo 100 mil vagas ofertadas com recursos públicos, que
terão juro zero e serão voltadas para os estudantes que tiverem renda
per capita mensal familiar de até três salários mínimos. As outras duas
modalidades serão garantidas com recursos dos fundos constitucionais
regionais e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
A possibilidade dos fundos de desenvolvimento do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste financiarem o sistema desagradou a alguns senadores. Para
Simone Tebet (PMDB-MS), a ampliação das vagas não pode se dar “às
custas” dos fundos constitucionais, que devem ser utilizados para o
desenvolvimento das regiões mais pobres do país.
Para a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), a aprovação da MP faz com que o
Fies deixe de ser “uma importante política inclusão social para virar
uma maquiagem”. Já o senador Telmário Mota (PTB-RR) avaliou que as
alterações trazem um “grande benefício” no momento em que o Fies
apresentava um “déficit muito forte”.
Defendendo a aprovação da medida, o senador Fernando Bezerra Coelho
(PMDB-PE) recorreu aos números. Segundo ele, o pico de 732 mil contratos
de empréstimo firmados em 2014 foi uma “exceção” e a média gira em
torno de 300 mil vagas por ano. “O Fies 1, com recursos públicos, vai
financiar 100 mil contratos voltados à população mais carente. Depois
temos o Fies 2, que vai financiar 150 mil contratos e poderá contar com
recursos dos fundos constitucional. E temos o Fies 3, com recursos do
BNDES, que contará com os juros mais caros, e ofertará 60 mil contratos.
Portanto, serão 310 mil por ano”, argumentou.
Quando a MP tramitou na Câmara, o relator, deputado Alex Canziani
(PTB-PR), ampliou o aporte do Tesouro Nacional ao Fundo Garantidor do
Fies (FG-Fies), de R$ 2 bilhões para até R$ 3 bilhões em quatro anos.
Outra alteração dos deputados mantida pelo Senado foi a manutenção do
abatimento do saldo devedor para estudantes que, após formados, atuarem
como professores de educação básica na rede pública. A cada mês, 1% do
saldo devedor será abatido. Já os estudantes de medicina que atuarem em
equipes de saúde da família ou como médico militar em áreas carentes
poderão abater no máximo até a metade da dívida.
Ao editar o texto, o governo alegou que as modificações garantirão a
continuidade do programa que, segundo o MEC, acumulava uma inadimplência
de 46,4%. Ainda segundo o ministério, as dívidas com o sistema já
estavam em R$ 32 bilhões no ano passado.
Fonte: Agência Brasil
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