A pequena Santa Bárbara, cidade histórica do Circuito do Ouro
mineiro, vai entrar em 2018 praticamente sem vereadores na Câmara
Municipal. Dos 11 parlamentares, 4 estão presos e 7 afastados por ordem
da Justiça.
Eles são alvos da Operação Apollo 13, da Polícia Civil,
suspeitos de montarem um esquema de desvio de recursos por meio de
contratos fictícios que pode ter gerado um rombo de mais de R$ 4 milhões
no município de pouco mais de 30 mil habitantes.
O maior parte dos
desvios ocorria em falsos contratos de locação de veículos para
viagens. Iniciada em julho deste ano, 12 vereadores (incluindo dois
suplentes) foram afastados do cargo por ordem da Justiça desde o início
das investigações e quatro presos preventivamente. O último deles,
Geraldo Magela Ferreira (DEM), foi detido dia 22 quando foi concluído um
dos seis inquéritos da Apollo 13, que trata sobre as locações
fraudulentas de veículos e despesas fictícias de viagens. Além de
políticos, são alvos servidores, advogados e empresários da cidade.
O
delegado que comanda as investigações, Domiciano Monteiro, da Polícia
Civil, em Santa Bárbara, afirma que os investigados "apresentavam
informações de falsas viagens para receber esse dinheiro". "Foram mais
de R$ 500 mil no caso de fraude em contratos de alugueis de carros de
2015 a 2017". "Eles lançavam de forma fictícia viagens no papel, como se
aqueles veículos tivessem realizando viagens, vários desses documentos
foram destruídos por essa organização criminosa no dia 31 de dezembro
antes da passagem do comando da Câmara para o novo presidente que
assumiu, mas a gente conseguiu recuperar alguns desses materiais",
afirmou o delegado.
"Dos 11 vereadores que iniciaram a legislatura neste
ano, apenas um não foi afastado", afirmou o delegado. Apenas o vereador
Carlos Augusto Bicalho Fonseca (PDT), eleito em 2016, permanece no
cargo. Outros dois suplentes também deixaram o cargo.
O nome da operação
Apollo 13 - espaçonave usava em missão espacial à lua - é uma
referência à conclusão de laudos periciais do inquérito policial que
demonstraram que a quilometragem lançada nos contratos de aluguéis de
veículos da Câmara era suficiente para percorrer distância da Terra à
Lua.
Foto: Divulgação PCMG |
As apurações também demonstraram que os vereadores vinham recebendo,
ao longo de anos, verbas de diárias, prestando falsas informações de
viagens, em valores que superam centenas de milhares de reais.
Por meio
da quebra da análise do celular dos investigados, a polícia identificou
troca de mensagens dos vereadores com menção aos supostos lançamentos de
despesas fictícias. Em uma delas, do dia 16 de março de 2017, o
vereador Paulo Henrique da Rocha, identificado como "P Henrique Veread"
no sistema de mensagens escreve: "Vc já bocou mais uma diária aí né…
churrasco pode ser por sua conta". O interlocutor "Gegê 2" responde:
"Pode crê". A reposta: "P Henrique Veread: kkkkkkk".
O delegado afirmou
que durante as investigações descobriu-se que o grupo fazia deboche dos
desvios praticado em suas conversas por mensagens. "Em conversas entre
eles por meio do aplicativo whatsapp, era comum o uso de emojicons de
notas de dinheiros e gargalhadas. Eles também combinavam festas e
churrascos pagos com dinheiro público e diziam não estarem preocupados
com a repercussão do caso na imprensa."
Por Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo | Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ICHU NOTÍCIAS.
Neste espaço é proibido comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Administradores do ICHU NOTÍCIAS pode até retirar, sem prévia notificação, comentários ofensivos e com xingamentos e que não respeitem os critérios impostos neste aviso.