A
corrupção é um mal internacional que ataca praticamente todos os
governos, em maior ou menor grau. Como disse um jurista, é um “vício
resultante da relação patrimonialista entre Estado e sociedade”. A ONG
Transparência Internacional realiza a cada ano o Índice de Percepção da
Corrupção, abrangente estudo sobre a corrupção no mundo.
Luiz Carlos Borges da Silveira / Foto: Divulgação |
A partir da
opinião de diversos especialistas no tema são conferidas aos países
notas que variam de 0 a 100. Quanto mais próxima de zero for a
pontuação, mais corrupto é o setor público daquele lugar. É muito raro
um país alcançar o grau máximo. No último relatório (2014), a Dinamarca,
país de elevada honestidade, obteve 92 pontos.
O
Brasil está na outra ponta e os brasileiros bem sabem disso. Quem tiver
paciência e pesquisar terá dificuldade para encontrar um governo que
não tenha sido envolvido em escândalos e corrupção. Será que não há
solução para esse problema? Não haverá meio eficaz de combate? O que se
pode afirmar é que um dos fatores é a falta de partidos com coerência,
seriedade e responsabilidade pelos governos que elegem, nos três níveis:
federal, estadual e municipal. O PMDB, que nasceu como MDB, iniciou sua
história partidária conquistando a opinião pública tanto pela aguerrida
oposição ao governo militar quanto pela pregação e prática de
princípios éticos. Cresceu, tornou-se o maior partido nacional e chegou
ao governo; aí perdeu os princípios, envolveu-se em corrupção e adotou a
prática do fisiologismo. O poder contaminou o partido e manchou seu
passado.
O
PSDB surgiu de dissidência que não concordava com a postura e os
deslizes do PMDB. As lideranças criaram então o novo partido que se
apresentava como a “banda sadia”. Hoje, diversas administrações tucanas
estão envolvidas em práticas de corrupção. Por fim, o PT. Enquanto
apenas oposição era a sigla politicamente mais pura, com robusta defesa
da moralidade na administração pública. Conquistado o poder, esqueceu o
ideário e o discurso. A marca mais forte dessa degeneração é o
vergonhoso escândalo do mensalão e mais recentemente o que envolve a
Petrobras; porém não são os únicos, pois em governos estaduais e
municipais igualmente ocorrem casos de corrupção.
Na
administração federal há um agravante que gera clima favorável.
Trocam-se os ministros, mas o segundo e o terceiro escalões continuam
gravitando no sistema, são esses que conhecem os caminhos e exercem
influência – para o bem ou para o mal. Um ministro ou político novo que
chega à “corte” se surpreende com o número desses que giram em torno do
poder para “vender” experiências e revelar o caminho das pedras. Depois
deles, os lobistas de variadas bitolas. Todos têm seus “métodos” de
convencimento e persuasão para qualquer tipo de negócio. Tudo isso
promove giros de milhões e bilhões, basta atentar para o fato de o
Distrito Federal ter o 7º maior PIB entre as unidades da federação, sem
indústrias que gerem emprego, renda, produção e tributos. Tudo vive em
função do governo e sua estrutura de pessoal, negócios e contratos.
A corrupção afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos
ao diminuir os investimentos públicos na saúde, na educação, em
infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à
vida, e fere criminalmente a Constituição quando amplia a exclusão social e a desigualdade econômica.
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