Segundo matéria veiculada pela revista Carta Capital, no
início do ano passado, especialistas e serviços de inteligência dos governos
estaduais contabilizaram a existência de cerca de 80 facções em presídios
espalhados em todo o território nacional.
Ainda de acordo com o levantamento, o
Comando Vermelho (CV), primeira grande facção criminosa a surgir no Brasil, a
partir do Rio de Janeiro, nos anos 80, atua em pelo menos 14 estados.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), que surgiu anos depois
em São Paulo, já na década de 90, atuava no ano passado em 27 unidades da
federação.
Com o crime avançando cada vez mais e o Estado perdendo
terreno, outras facções foram surgindo ao longo dos anos, algumas provocadas
por dissidência entre os membros das maiores. Muitas usam nomes, siglas e
números, entretanto a maioria não é organizada e acaba sendo engolida pelas facções
tradicionais.
Na Bahia, a população tem notícia diariamente da guerra entre
facções que dominam determinadas comunidades e brigam pela extensão do
território, tendo como objetivo o poderio do tráfico de drogas. Fontes
policiais ouvidas pelo site Varela Notícias informaram que as mais poderosas
facções de Salvador são: BDM, Comando da Paz, Katiara e Caveira. Outras
denominações surgiram e estão espalhadas em toda a Bahia.
Em Feira de Santana, município com população em torno de 630
mil habitantes, segundo o último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), e situado no mais importante entroncamento rodoviário do
Nordeste, o crime também se espalha e todo o território feirense é disputado
por facções.
A maioria dos homicídios ocorridos no município é creditada
pelas autoridades policiais à guerra pelo tráfico de drogas. E um dos problemas
que tem chamado a atenção das policiais é a guerra desenfreada de facções,
rivalizando até pelas postagens nas redes sociais com poses provocativas,
utilizando simbologias. Até mesmo quem não sabe do que se trata e imita um
desses símbolos corre risco de ser assassinado.
Em entrevista ao repórter Sotero Filho, o delegado Fabrício
Linard, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), explica
que a rivalidade entre facções é um problema nacional, mas que tem provocado muitos
homicídios em Feira de Santana. “Eles ficam rivalizando, na verdade são grupos
que se criam, ficam tentando dominar certa área, certo bairro do município.
Isso não é privilégio de Feira de Santana, isso é uma situação nacional, a
organização do crime, da mesma forma que o Estado tenta se organizar, o crime
também tem adotado essa postura e eles ficam rivalizando, criando grupos e essa
questão de 2, 3 ou 4 (símbolos), que eles também denominam nomes, não gosto de
tá citando para não dar credibilidade, mas aí é uma rivalidade muito ferrenha,
que inclusive, muito homicídios, eles ocorrem por conta dessa rivalidade”, diz
Linard.
Alerta para fotos nas redes sociais
O delegado fez um alerta para que pessoas desavisadas não
copiem determinados gestos, comumente exibidos nas redes sociais, podendo ser
mal interpretadas e associadas a alguma facção criminosa, gerando revolta de
grupos rivais.
“A juventude, às vezes vai bater uma foto, tá fazendo um, com
a mão, dois ou quatro, sei lá, às vezes nem sabe do que se trata e de alguma
forma tá se identificando, se tachando como membro daquela facção. Então, é
procurar evitar para não se identificar e se envolver com esse tipo de pessoa,
porque da mesma forma, na hora que eles (criminosos) falam na gíria ‘na hora
que o bonde passar’ quem estiver junto, eles vão levar”, alerta.
Roupas com símbolos
Além
das fotos, o delegado também citou o perigo de
vestimentas ou acessórios com números que podem ser confundidos com
alguma
facção e exemplificou o sinal deixado por criminosos na cena de um crime
ocorrido na semana passada, no distrito de Bonfim de Feira. “É possível,
porque eles levam ao extremo essa questão da identificação. Um
homicídio que
fizemos o levantamento cadavérico na semana passada, no distrito de
Bonfim de
Feira, também questão de uma rivalidade entre o tráfico de drogas, no
interior
de uma residência deixaram em momentos sinalizados lá, um 2. Botaram
dois
tijolos paralelos como estivessem marcando um dois, e na entrada da
cancela da
residência na zona rural, também colocaram em paralelo duas cápsulas de
revólver, também como se estivessem sinalizando o 2 do grupo, que em
tese, teria
ido praticar aquele homicídio”, detalhou Linard.
Redação do Blog Central de Polícia, com informações de Sotero
Filho e imagem reprodução.
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