O
clima de revolta tomou conta da reunião de emergência do Conselho
Deliberativo do Bahia, na noite desta quarta-feira (28). Conselheiros e
dirigentes do clube mostraram indignação com o resultado do julgamento
do BAVI e repudiaram as penas impostas pela 1ª Comissão Disciplinar do
TJDF-BA.
Porém,
durante o encontro, ficou definido que o Tricolor não abandonará o
Baianão. Uma saída da competição resultaria na desfiliação do clube da
CBF e, com isso, o impedimento de disputar qualquer competição nacional,
inclusive o Brasileirão.
No
local, também foi rejeitada a opção de colocar o Baianão 2018 de lado e
focar em outros campeonatos. O Esquadrão seguirá lutando pelo título
por acreditar no próprio clube, mas não na Federação Bahiana de Futebol.
Sobre
a FBF, todos reconheceram que a relação do Bahia com a entidade ficou
estremecida. Inclusive, haverá uma espécie de rompimento e nenhum
representante do Tricolor comparecerá a eventos da entidade, como a
festa de encerramento do Baianão.
Ainda
sobre a insatisfação com a FBF e sua diretoria, o Bahia estuda disputar
o Baianão, a partir de 2019, com time Sub-23 mesclado com atletas das
equipes de base. Ainda foi citada a necessidade de transformação do
futebol baiano, que passa por uma mudança de gestão, segundo eles pela
sobrevivência do futebol.
Na
oportunidade, os presentes também reconheceram a falha do clube no
episódio de 1999, quando através do Clube de Regatas Itapagipe o
Esquadrão entrou com liminar para não jogar a final do estadual daquele
ano no Barradão. Todos reconheceram que o Bahia teve uma atuação
'vergonhosa' no episódio e afirmaram que o clube evoluiu depois da
medida considerada errada. Eles esperam que o mesmo aconteça com a FBF
após o julgamento desta terça (27).
Cerca
de 70% dos conselheiros compareceram à reunião marcada de última hora.
Também estiveram presentes o presidente Guilherme Bellintani, o vice
Vitor Ferraz e o advogado Cristiano Possídio.
Após o encerramento do encontro, o Bahia divulgou, em seu site, uma nota oficial. Confira abaixo:
O
Esporte Clube Bahia vem a público manifestar-se sobre as recentes
decisões do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Bahia:
1
– O julgamento realizado na noite desta terça-feira (27) é um símbolo
do que vivemos no futebol baiano nos últimos anos e um indicativo claro
do que podemos esperar do seu futuro. A falta de compromisso com a
verdade real e a desconexão absoluta com a dimensão dos fatos permitiram
que um abandono de campo por um clube de Série A do futebol brasileiro
permanecesse impune. Ou seja, a depender das circunstâncias, vale a pena
abandonar o campo. É só negar repetidamente, inclusive em rede nacional
de televisão. Risos, resenhas, pulso cerrado para a torcida, e quem
sabe – lá distante – um incômodo no travesseiro.
2
– Há quase vinte anos, em 1999, o Bahia utilizou estratégia
equivalente, esquivando-se da disputa em campo e deslocando a luta para
os tribunais. Foi uma mancha em nossa história. Depois disso vimos
outros desmandos, dentro e fora do clube. Lutamos contra isso, nos
democratizamos, amadurecemos. Uma atitude semelhante a essa, em pleno
ano de 2018, seria provavelmente motivo de crise institucional, e não de
orgulho dos dirigentes ou da torcida. Que esse jogo sirva ao menos para
amadurecimentos institucionais.
3
– Seguiremos firmes e de pé no Campeonato Baiano. Isso não significa
que ele tenha credibilidade. Significa que acreditamos em nosso clube e
que temos respeito por nossa torcida, nossos patrocinadores e pela
Bahia. Significa que temos serenidade para tomar as decisões mais
difíceis, inclusive essa de seguir em campo. Em campo conquistamos as
nossas grandes glórias, inclusive os dois títulos nacionais.
4
– Sobre o futuro do futebol baiano, esperamos uma transformação
equivalente àquela que o Esporte Clube Bahia passou nos últimos quatro
anos. Uma transformação trabalhosa, conflituosa, capaz de romper modelos
e paradigmas. Mas uma transformação pela sobrevivência. Faremos a nossa
parte, e não faremos pouco.
5
– Quanto aos tribunais, e especificamente ao Tribunal de Justiça
Desportiva do Futebol da Bahia, cada decisão terá impacto no futuro das
próximas edições do campeonato e do próprio futebol baiano. Mais que
interpretar e aplicar bem as normas, precisam ser a expressão de avanços
éticos e sociais. Muitas escolhas do Esporte Clube Bahia e de outros
clubes certamente estarão relacionadas às escolhas dos próprios
tribunais. Que aproveitem bem as oportunidades que ainda restam para
mostrar que a Bahia não está mais no século passado.
Quem nasceu para vencer não fugirá jamais.
Diretoria Executiva, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal.
*As informações foram apuradas pelo repórter Nilson Luiz e a redação do Galáticos Online
Do Portal Galáticos Online/Foto: Divulgação / EC Bahia
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