Segundo informações obtidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a pepita foi encontrada numa área de pesquisa mineral por um caçador, ao quebrar uma pedra na beira de um buraco onde estava escondido um tatu. (Reportagem especial do Correio)
A descoberta há menos de duas semanas de uma pepita de ouro com 804
gramas de peso, avaliada na última sexta-feira (16) em R$ 112.584,12,
gerou um clima de apreensão nos moradores de Santaluz, cidade de 38 mil
habitantes, no Nordeste baiano.
Segundo informações obtidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM),
a pepita foi encontrada numa área de pesquisa mineral por um caçador,
ao quebrar uma pedra na beira de um buraco onde estava escondido um
tatu.
A área de pesquisa, localizada numa fazenda a 35 km
da cidade, vem sendo usada pela mineradora Brio Gold, subsidiária da
Yamana Gold e que opera na região por meio da Santaluz Desenvolvimento
Mineral LTDA. A Brio e a Yamana são canadenses.
Logo após o achado, a imagem da pepita mostrando o
seu peso estava nas redes sociais, onde se espalhou rápido, atraindo
garimpeiros da região – cerca de 500, os quais já extraíram mais de 11
quilos de ouro, segundo a ANM.
Em vídeos divulgados na internet, os garimpeiros
aparecem pegando o ouro facilmente, separando-o e colocando-o na palma
da mão. O garimpo ilegal está já cheio de buracos e acampamentos
espalhados por todo lugar.
Um vídeo divulgado pelo site Voz do Campo mostra até crianças na área invadida. Assista.
Nem a Polícia Federal, que esteve dia 8 no local,
realizando apreensões de materiais usados para a extração do mineral,
conteve a presença dos garimpeiros. Dois dias depois, boa parte deles já
estava de volta, e a quantidade só cresce a cada dia.
Receios
“Todos os dias a gente ouve falar desse ouro, que tem um monte de gente lá. Aqui na cidade ainda não alterou nada, mas a gente teme que pessoas de outros locais possam vir e causem algum problema”, disse a atendente de supermercado Ana Santos Costa.
“Todos os dias a gente ouve falar desse ouro, que tem um monte de gente lá. Aqui na cidade ainda não alterou nada, mas a gente teme que pessoas de outros locais possam vir e causem algum problema”, disse a atendente de supermercado Ana Santos Costa.
Com a mesma sensação de apreensão também está o vendedor de uma loja de confecções Leandro Augusto de Oliveira Silva, 29. “Ouro é algo que atrai muita gente louca por ficar
rica rápido, e isso gera sentimentos egoístas que não são bons”,
comentou Leandro.
As polícias Civil e Militar de Santaluz informaram
que estão cientes da existência do garimpo ilegal, mas que ainda não
foram acionadas para diligências.
Cláudio Lima, chefe de fiscalização da ANM em
Salvador, informou que a agência recebeu da mineradora Brio Gold
comunicado da presença dos garimpeiros no local e programa realizar em
Santaluz uma fiscalização, acompanhada da polícia. “Vamos lá por esses dias, estamos agendando ainda e
não podemos revelar o dia que vamos porque temos de chegar de surpresa”,
declarou Lima, segundo o qual a Brio Gold possui na região dezenas de
áreas em fase de pesquisa.
O local onde ocorre o garimpo ilegal fica dentro dos
quase 2.000 hectares de terra onde a Brio Gold possui permissão da ANM
para desenvolver pesquisas de exploração mineral.
E próximo dali está a mina Maria Preta, numa área de
450 hectares, onde a extração de ouro ocorre desde a década de 1990,
tendo já passado por várias empresas. A Brio Gold opera na região desde
2014, após a Yamana Gold iniciar as atividades em 2012.
Sem extração
Segundo a ANM, a Brio Gold ainda não conseguiu extrair ouro em Maria Preta por conta de prejuízos durante a o processo mineral. A empresa, informa que a ANM, pediu suspensão da extração para aperfeiçoar a separação do ouro nas rochas e areia.
Segundo a ANM, a Brio Gold ainda não conseguiu extrair ouro em Maria Preta por conta de prejuízos durante a o processo mineral. A empresa, informa que a ANM, pediu suspensão da extração para aperfeiçoar a separação do ouro nas rochas e areia.
A área onde a Brio Gold realiza as pesquisas fica
dentro da Fazenda Mandacaru, de propriedade da empresa paraibana
Cosibra, que atua na região na fiação e tecelagem de sisal. Procurada, a
Cosibra respondeu que só poderia comentar nesta segunda-feira (19).
De acordo com a Prefeitura de Santaluz, a área faz
parte de uma área de proteção ambiental. Em comunicado ao CORREIO, a
administração municipal declarou que “decidiu não se envolver” no
problema.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia
(SDE) e o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Inema)
foram procurados, mas não responderam.
Também procurada, Brio Gold não se manifestou. A
empresa, segundo o site oficial, deverá produzir 205.000 onças de ouro
(ou 7.075 kg do mineral) em 2018 e aproximadamente 400 mil onças de ouro
em 2019. “Onça de ouro” é uma unidade de peso que equivale a 28,3
gramas.
Fonte: Correio
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