Com a desistência do prefeito ACM Neto (DEM) em disputar o governo,
prefeitos filiados a partidos de sua base de apoio estão mudando de lado
e oferecendo capital eleitoral ao governador Rui Costa (PT), que
concorre à reeleição em outubro.
Entre os presidentes de partido ouvidos
por jornal A Tarde, a estimativa é a de que os pré-candidatos José
Ronaldo (DEM) e João Gualberto (PSDB) percam pelo menos 50% de apoio dos
gestores que estão filiados às siglas que, em tese, deveriam apoiar o
grupo político do alcaide da capital.
José Ronaldo diz que há muita "espuma" em torno do fenômeno, que também tem recebido apoio "do lado de lá" e "quem vence eleição é voto da população e não prefeito".
Nas eleições de 2016 o DEM, que tinha nove prefeituras, cresceu para 34.
Já o PT, que foi o partido que mais emagreceu na Bahia, de 93, fez
somente 39 prefeitos. Agora, com o cenário sem Neto, gestores fazem suas
apostas sobre o resultado das urnas.
Um dos casos mais recentes de oferta de apoio ocorreu na noite de
segunda-feira, quando os prefeitos Jesuíno Porto, do município de
Maiquinique, e Rozálio Souza da Hora, gestor de São Felipe, ambos do
DEM, foram recebidos por Rui, levados pelas mãos do presidente da
Assembleia Legislativa, Ângelo Coronel (PSD), que pleiteia uma das vagas
ao Senado na chapa do governador. Antes disso, outros prefeitos já
haviam procurado partidos da base de Rui como o de São Gabriel, Zé
Carlos da Cebola, que estava no DEM, migrou para o PR, e o tucano
Tiancle, do município de Castro Alves, entre outros.
"Ficarão lá somente os prefeitos das cidades grandes e alguns outros",
aposta Coronel. Além de Salvador, maior colégio eleitoral, com quase 2
milhões de eleitores, o DEM fez Feira de Santana, com José Ronaldo, hoje
pré-candidato ao governo, com cerca de 400 mil eleitores, Camaçari, com
158.125 mil, Barreiras, com 94.612 e Alagoinhas, com 94.177 eleitores.
O presidente do PP, vice-governador João Leão, diz que o fenômeno é
forte e que 14 prefeitos já procuraram o partido, através dele próprio e
de deputados federais. Ele prefere não citar os nomes dos gestores
antes de consolidar apoio. Uma reunião deve ocorrer em um mês com Rui
para que seja apresentado aos prefeitos. "Eles estão dando apoio e devem
migrar para o PP logo após as eleições".
O PT também tem sido procurado. Everaldo Anunciação, presidente estadual
da legenda, diz que só através dele já chegaram 20 gestores querendo
apoiar. Ele cita três exemplos: Ricardo Moura (MDB), prefeito de
Valença; Rosival Lopes (DEM),de Taperoá; e Justino (DEM), de Santo
Amaro.
José Ronaldo, por sua vez, opina que "o que tem é muita espuma. Eu
também tenho recebido apoios de partidos do lado de lá", diz, e cita
como exemplo os prefeitos de Governador Mangabeira , Marcelo (PP), e de
Mundo Novo, Dr. Adriano (PSB).
"Eleição é decidida pelo povo e não por prefeitos", diz. Ele cita as
eleições de 2006, quando Jaques Wagner venceu Paulo Souto mesmo com
cerca de 10% de prefeitos oficialmente apoiando. "Não significa que não
ter apoio da maioria de municípios é perder eleição. Já visitei 35
municípios e fui bem acolhido. A população reclama da saúde, da
segurança e educação. Tem muita coisa para acontecer até as eleições".
Redação Portal Cleriston Silva PCS
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