A defensora destacou que vai entrar com recurso para tentar anular o julgamento.
Gilson de Jesus Moura, acusado de colocar fogo na casa onde morava e
matar os filhos, no dia 4 de Janeiro de 2017, no bairro Mangabeira, em
Feira de Santana, foi julgado e condenado a 112 anos de prisão, por
todos os crimes praticados. O julgamento acabou por volta das 20h desta
quinta-feira (10) e a pena será cumprida em regime fechado no Conjunto
Penal de Feira de Santana.
Ele pegou 16 anos e seis meses de prisão pela morte de Chaiane, 16 anos
pela morte de Enzo, 16 anos e seis meses pela morte de Carlos, 15 anos e
seis meses pela morte de Emilly, 16 anos pela morte de Tais, 11 anos
pela tentativa de morte de Ayla, 16 anos pela tentativa de morte contra
Cristina e quatro anos e seis meses pelo aborto, já que uma das vítimas
estava grávida.
Trabalharam no júri a juíza Márcia Simões Costa, os promotores de
Justiça Cláudio Jenner de Moura Bezerra e Semiana Silva de Oliveira
Cardoso. Na defesa do Réu, a defensora pública Flavia Apolônio e o
defensor público Gustavo Vieira Soares.
A defensora pública Flavia Apolônio afirmou ao Acorda Cidade que a tese
de defesa se baseou na relação que envolvia um ciúme patológico, com
fundamento na psiquiatria. Segundo ela, a tese que motivou a conduta do
acusado foi a relação doentia entre ele e Cristina de Jesus Moura, que
além de ser esposa era irmã de Gilson. A defensora destacou que vai
entrar com recurso para tentar anular o julgamento.
“Entendemos que foi uma quantidade de pena exacerbada, não foi acolhido
os argumentos em sua totalidade. A gente reconhece que foi um caso de
muita complexidade, repercussão, mas a defensoria pública entende que
não foi feita a justiça e a defesa vai apresentar recurso, vamos
discutir as teses de defesa e vamos rediscutir a quantidade de pena,
além de pedir a anulação desse julgamento”, afirmou.
O promotor de justiça Cláudio Jenner Moura Bezerra destacou que
independente da quantidade da pena, a promotoria ficou satisfeita com o
trabalho realizado. Segundo ele, apesar dos 112 anos de prisão, a lei
brasileira só permite que o acusado fique preso 30 anos.
Foto: Arquivo (Aldo Matos/Acorda Cidade) |
"30 anos é a pena máxima. A constituição não permite a prisão perpétua.
Mas esse patamar determinado em relação ao que ele vai cumprir, não será
comtemplado em relação aos 30 anos e sim em relação aos 112 anos. Digo
isso em relação a saída temporária, a progressão de regime e a liberdade
condicional. Essa é a consequência em relação a pena dele. A pena
reflete os atos praticados pelo acusado. Ele cometeu um crime
gravíssimo, uma chacina familiar e que a sociedade não admitiu. Foram
cinco crimes de homicídio, dois de tentativa de homicídio e um de
aborto, sendo um dos crimes com qualificado de feminícidio", afirmou.
Sobre a anulação do julgamento que a defensoria pública deve solicitar, o
promotor disse acreditar que não vai acontecer devido ao fundamento da
sentença dada pela juíza Márcia Simões Costa.
‘Vi minha filha grudada na janela com fogo nela’, relata sobrevivente
A mãe das crianças e esposa de Gilson, Cristina de Jesus Moura, que
também estava na residência no dia do crime, esteve presente no
julgamento. O depoimento dela foi mostrado aos jurados em um telão. Ao
Acorda Cidade, ela cobrou justiça e afirmou que até hoje sofre com
problemas de saúde em decorrência do que aconteceu.
“Só quero justiça pelos meus filhos. Na hora que aconteceu eu jurei que
ele ia pagar. Pelos meus filhos e pelo meu neto, ele tem que pagar.
Espero que não saia de lá nunca mais. Se eu souber que ele está solto eu
não saio mais de casa, pois não vou confiar. Se já fez uma vez, vai
fazer de novo. Ele pediu perdão, mas o que ele fez não tem perdão. Estou
passando por várias cirurgias, já fiz cerca de 15, e ainda tem mais.
Fiquei com sequelas no corpo todo. Minha perna não estica e eu não ando
direito, além de sequelas psicológicas. Ele matou meus filhos, que
tinham planos, estudavam. Ele acabou com o sonho dos meus filhos”,
contou.
Uma das filhas de Cristina de Jesus Moura, que na época do crime tinha
quatro anos, também sobreviveu. Cristina falou ainda sobre como a menina
vive atualmente e como ela lida com as lembranças do crime.
“Minha filha que sobreviveu está bem e às vezes comenta dos irmãos. Ela
sonha com os irmãos, mas não pergunta pelo pai. Eu vi minha filha
grudada na janela com fogo nela, é difícil esquecer. Eu achei que ia
morrer, mas tenho que seguir em frente e chamar por Deus, pois ainda
tenho uma filha”, disse.
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Daniela Cardoso com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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