Durante três dias (terça, quarta e quinta-feira da última semana, dias 10, 11 e 12 de julho), aconteceu o seminário Angico: 80 anos – O Crepúsculo do Cangaço,
na Biblioteca Central do Estado da Bahia, nos Barris, Salvador.
O
evento, organizado pelo Centro de Estudos Euclydes da Cunha-CEEC, contou
com as presenças de diversos pesquisadores, professores, estudantes,
além de Vera Ferreira, neta de Lampião.
A abertura oficial aconteceu na terça-feira, dia 10, com uma mesa
formada por representantes da Universidade do Estado da Bahia (Uneb),
Centro de Estudos Euclydes da Cunha, Policia Militar da Bahia, Fundação Pedro Calmon e da Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
Em seguida aconteceu a Conferência “Os Acontecimentos de Angico”, com
José Bezerra Lima Irmão; a Roda de Conversa com o tema “Como nasceu o
cangaço”, com a coordenação de Manoel Neto e participações de Luitgarde
Oliveira Cavalcante Barros (UERJ), José Bezerra Lima Irmão (escritor e
pesquisador) e Oleone Coelho Fontes (escritor e pesquisador).
Ainda no dia 10, no final da manhã, aconteceu uma mostra de cinema,
com exibição do filme “Cangaço à Italiana”, com apresentação e
comentários de Roque Araújo.
Vera Ferreira
Um dos momentos mais esperados do evento aconteceu no dia 11, com a participação de Vera Ferreira (abaixo,
com o jornalista Evandro Matos), neta dos cangaceiros Lampião e Maria
Bonita. Como sempre sem medo de se posicionar, e certamente a voz mais
autorizada sobre a temática, Vera se manifestou várias vezes, antes e
depois de ouvir os palestrantes ou de questionamentos vindos da plateia.
“Desde que comecei a me entender e tomei conhecimento dos fatos,
procurei me inteirar de tudo para poder saber a verdade e me posicionar.
Eu não queria negar nada, mas primeiro queria saber quem foi Virgulino
Ferreira da Silva, para depois compreender porque existiu o Lampião”,
disse Vera, que embora não tenha concluído o curso, estudou comunicação.
Com isso, a neta de Lampião deixou claro que a sua visão sobre o
cangaço parte da premissa de que o problema tem que ser visto de forma
mais ampla, buscando a sua raiz social.
Na sequencia dos debates veio “A história de Corisco e Dadá”,
apresentada pelo professor Carlos Tadeu Botelho (UESB), em substituição a
Indaiá Santos (neta de Corisco e Dadá). Durante o segundo dia,
aconteceram ainda as mesas sobre “Comunicações”, coordenada por Marta
Leone; “As Volantes – A face oculta do Cangaço”, com Major Raimundo
Marins; “Os meninos do cangaço”, com Vicente Rivelino Figueiredo da
Silva; “Horas abertas, corpos fechados: a religiosidade do cangaço”, com
Miguel Teles; além do “Documentário sobre o cangaço PM/BA”, incluindo o
"Massacre de Queimadas”, com apresentação e comentários do Major
Raimundo Marins.
O cangaço na mídia
O terceiro e último dia do evento, na quinta-feira (12), as
atividades aconteceram apenas durante a tarde, abertas com a palestra de
Alicia Duhá Lose (Ufba), com o tema “Documentos da PM/BA sobre o
cangaço – Século XX”. Em seguida, aconteceu uma Roda de Conversa, com
coordenação de Deilton Soares.
“O Cangaço na Mídia”, com Kiko Monteiro (Do Blog Lampião Aceso,
Lagarto-SE) e Luciana Savaget, jornalista e escritora (Rede Globo), foi
outra mesa com bastante
discussão. Nessa mesma linha seguiu-se a mesa sobre “O Cangaço no
Jornal Impresso”, com o escritor e pesquisador Luís Rubem.
Fechando o evento, o radialista Perfelino Neto (Rádio
Educadora-Irdeb), coordenou a mesa sobre “A música no cangaço”, trazendo
depoimentos interessantes de Luís Gonzaga, Marinês, Chiquinha Gonzaga e
Volta Seca, todos falando sobre questões relacionadas à figura de
Lampião ou à musicalidade dentro do cangaço.
Para brindar o encerramento, já passando das 18h, a Orquestra da
Policia Militar (Soldado Lima) ainda fez um breve Concerto Musical.
“Graças a Deus terminou tudo em paz, mas é muito trabalho e pouco apoio
que a gente recebe para fazer isso. Eu só tenho que agradecer a presença
de todos vocês e dos palestrantes”, disse Manoel Neto (na foto acima, o último à direita), organizador do Seminário.
Extraída do Interior Da Bahia
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