O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, afirmou nesta quarta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é inelegível.
Desde que assumiu o cargo, em fevereiro, Fux tem dito que candidatos
condenados por um tribunal de segunda instância serão impedidos de se
candidatar. Pela primeira vez, ele atribuiu a tese diretamente a Lula.
O
recado de Fux foi dado em uma decisão judicial – mas, na prática, não
define a situação eleitoral de Lula. A ação foi apresentada por um
cidadão comum e pedia que Lula fosse impedido de se candidatar à
Presidência da República. Fux arquivou o caso sem julgar o mérito,
porque o autor era um cidadão comum, que não tem legitimidade jurídica
para entrar com esse tipo de ação.
Como não se trata de uma decisão, e sim de um comentário em um despacho
de arquivamento, a situação de Lula perante a Justiça Eleitoral segue
indefinida. “Não obstante vislumbrar a inelegibilidade chapada do
requerido, o vício processual apontado impõe a extinção do processo”,
escreveu o ministro.
O
prazo para candidatos pedirem registro perante a Justiça Eleitoral
termina dia 15 de agosto. Antes disso, o Supremo Tribunal Federal (STF),
que Fux também integra, deve definir se Lula pode ser libertado e se
estará liberado para se candidatar. O despacho de Fux já sinaliza o voto
do ministro no julgamento do STF, que deve ocorrer na próxima semana.
Como deixa o TSE em 14 de agosto, Fux não participará das decisões da
corte eleitoral sobre candidaturas.
O
relator do pedido de Lula no STF, ministro Edson Fachin, deve liberar o
caso para a pauta até semana que vem. A presidente da Corte, ministra
Cármen Lúcia, vai marcar o julgamento em plenário na sequência.
Como
o plenário do STF se reúne apenas nas quartas e quintas-feiras, e dia
15 é uma quarta-feira, o prazo para a Corte definir a situação seria na
próxima semana — ou no dia 8, ou no dia 9. O planejamento da ministra
casa com a recomendação feita mais cedo pelo relator do processo,
ministro Edson Fachin, para que o tribunal julgue o quanto antes o
pedido do petista.
“Toda
celeridade em matéria eleitoral é importante para não deixar dúvida no
procedimento”, disse o ministro, questionado sobre se o STF deveria
definir o caso antes do TSE.
Em
junho, pouco antes de começar o recesso no STF, a defesa de Lula
apresentou pedido para suspender os efeitos da condenação em segunda
instância — ou seja, a prisão e a inelegibilidade. Em seguida, os
advogados disseram que não tinham pedido para o tribunal se pronunciar
sobre a situação eleitoral do ex-presidente. Fachin deu despacho
reiterando que esse pedido tinha sido apresentado, mas deu cinco dias
para a defesa se manifestar sobre o assunto. Depois disso, o ministro
vai liberar o caso para o plenário.
Na
avaliação de ministros do tribunal, não deve haver votos suficientes
para libertar Lula, ou para deixar ele se candidatar. O plenário também
não deverá permitir a transferência dele para a prisão domiciliar. Os
ministros não querem ser acusados de interferir no processo eleitoral.
Soltar Lula em agosto, a dois meses da eleição, seria uma forma de
propiciar reviravolta no quadro político brasileiro. A ordem é deixar
tudo como está, para não causar alvoroço no país.
Soltar
Lula, na visão desses ministros, seria apenas um fator de instabilidade
política. A libertação não traria nenhuma consequência prática à
disputa, já que a Justiça Eleitoral deve barrar a candidatura dele por
conta da Lei da Ficha Limpa. Portanto, o placar 6 a 5 contra Lula
cravado no julgamento de outros habeas corpus em abril tem tudo para se
repetir.
Fonte: O Globo
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