Auditores do Tribunal de Contas do Estado e do
Tribunal de Contas dos Municípios identificaram 1.548 servidores que acumulam
ilegalmente cargos públicos e estão simultaneamente nas folhas de pagamentos do
Estado, de prefeituras e de câmaras de vereadores em 332 municípios, com
despesas que chegam a R$19,4 milhões por ano. O levantamento foi feito a partir
do cruzamento das bases de dados do TCM e do TCE, que encontrou evidências de
irregularidades não apenas na área de pessoal como também de contratos
administrativos celebrados por prefeituras e outros órgãos
públicos.
Segundo o superintendente técnico do TCE, José
Raimundo Bastos de Aguiar – um dos coordenadores do trabalho -, além da
acumulação ilegal de cargos, na área de pessoal foram encontrados os nomes de 20
servidores já falecidos em folhas de pagamentos, em 11 municípios, que
representam uma despesa anual injustificável de R$684 mil. “Além disso, e tão
grave quanto, o estudo constatou que entes públicos baianos fizeram contratações
com fornecedores considerados inidôneos – segundo o Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) – envolvendo recursos da ordem de R$123
milhões”. Segundo ele, foram 88 contratos em 47 municípios.
O superintendente Raimundo Bastos de Aguiar,
do TCE, e o Superintendente de Controle Externo do TCM, Antonio Emanuel de
Souza, que comandaram o trabalho, ressaltaram, no entanto, que as situações
identificadas “representam inicialmente indícios de irregularidades, que
precisarão de confirmação mediante a realização de auditorias pelo TCE e pelo
TCM. Isto porque, em tese, há situações que eventualmente podem ser justificadas
de alguma forma pelos gestores jurisdicionados, ou que podem ser resultado de
erros de cadastramento nos sistemas”.
Além das irregularidades com pessoal e dos
contratos com empresas inidôneas, segundo Antonio Emanuel de Souza, no estudo
foram localizados dois contratos celebrados por municípios com fornecedor
suspenso pela Secretaria da Receita Federal, “além de um contrato municipal
celebrado com empresa que possui servidor público do próprio município como
sócio”.
Raimundo Bastos de Aguiar, destacou a
importância da colaboração e da troca de informações entre os dois tribunais de
contas e disse que o cruzamento das bases de dados do TCM e do TCE permitirá o
desenvolvimento e aplicação de “trilhas de auditoria”, tornando o trabalho mais
eficiente e ágil, já que será deflagrado a partir de indícios claros de
irregularidades. Neste primeiro levantamento – observou – foram utilizadas as
bases dos sistemas “Mirante, do TCE, e “SIGA”, do TCM, abrangendo o período de
janeiro a junho de 2018. “E os resultados dão bem uma ideia do potencial e do
quanto poderá este cruzamento de dados contribuir para dar maior eficácia à
fiscalização da correta aplicação dos recursos públicos – que é nosso dever
zelar.”
O superintende de Controle Externo do TCM
acrescentou ainda que a busca de “trilhas” para otimizar a ação dos auditores,
no levantamento feito, permitiu identificar quadros que apontam para a
necessidade de realização de exames auditoriais complementares, por indicar
eventual direcionamento em licitações. “Neste caso, foram identificados
contratos celebrados com empresa criada poucos dias antes da contratação – o que
por si só é muito estranho. Foram 238 contratos em 128 municípios e câmaras de
vereadores, envolvendo R$7,4 milhões. Vamos, claro, investigar e, se for o caso,
punir os envolvidos e até mesmo denunciá-los à Justiça, em caso de crime contra
o erário”.
O presidente do TCM, conselheiro Francisco de
Souza Andrade Netto, comemorou os primeiros resultados concretos da parceria com
TCE com o objetivo de desenvolver atividades de fiscalização e combate à
corrupção. “Não temos porque disputar protagonismo, nosso objetivo é servir à
população, é cumprir com correção e com a agilidade necessária o dever de
exercer o controle externo, de fiscalizar a boa aplicação dos recursos públicos.
E é também desejo do presidente do TCE, conselheiro Gildásio Penedo Filho,
estreitar ainda mais esta relação, desenvolver ainda mais esta parceria, porque,
com ela, quem ganha é a população”.
O conselheiro Gildásio Penedo Filho, por sua
vez, destacou que o objetivo “é incentivar os técnicos dos dois tribunais a
trocar conhecimentos, a utilizar a tecnologia da informação associada a métodos
estatísticos para direcionar o trabalho das auditorias em busca da melhor
eficiência na utilização dos recursos humanos, de modo a que se tenha um efetivo
ganho de produtividade. Por isso é importante o compartilhamento das bases de
dados, que pode identificar situações atípicas que apontem para eventuais
irregularidades que devem ser investigadas, no sentido de se combater
desperdícios ou mesmo desvios na administração de órgãos públicos”,
concluiu.
Ascom / Tribunal de
Contas dos Municípios do Estado da Bahia
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