O julgamento, iniciado em 28 de agosto, foi retomado hoje com o voto do ministro Alexandre de Moraes, último a votar no caso.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu hoje (11), por 3 votos a 2, rejeitar denúncia de racismo e
discriminação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
contra Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, devido a um
discurso proferido por ele no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em
abril do ano passado.
Na ocasião, o deputado disse, entre outras frases destacadas pela PGR,
que ao visitar um quilombo constatou que “o afrodescendente mais leve lá
pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador
eles servem mais”.
O julgamento, iniciado em 28 de agosto, foi retomado hoje com o voto do
ministro Alexandre de Moraes, último a votar no caso. Ele afirmou que
“por mais grosseiras, por mais vulgares, por mais desrespeitosas, as
declarações foram dadas no contexto de crítica política a políticas
governamentais”. Por esse motivo, Bolsonaro estaria coberto pela
liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar.
Ele entendeu que as falas de Bolsonaro “não caracterizaram, por pior que
tenham sido, a incitação à violência física e psicológica, ou apoio a
violência física e psicológica a negros, a quilombolas, a estrangeiros”.
Alexandre de Moraes seguiu o voto do relator, ministro Marco Aurélio
Mello. Do mesmo modo, o ministro Luiz Fux considerou que as falas de
Bolsonaro se inseriram no contexto da liberdade de expressão, rejeitando
a denúncia.
Em agosto, os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber votaram pelo
recebimento de parte da denúncia. Eles consideraram que Bolsonaro
deveria se tornar réu e responder a ação penal pelos crimes de
discriminação e incitação ao crime, devido a falas em relação aos
quilombolas e aos gays.
Denúncia
A denúncia foi oferecida ao STF pela procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, em 13 de abril, em decorrência de uma palestra proferida
no ano passado por Bolsonaro no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro.
Ela acusou o deputado de racismo e manifestações discriminatórias contra
quilombolas, índios, refugiados, mulheres e lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais (LGBTs). Para a PGR, o discurso proferido pelo
deputado transcendeu a ofensa a determinados grupos e atacou toda a
sociedade, por incitar a discriminação a grupos vulneráveis, o que é
vedado por lei.
Na ocasião, o deputado disse, entre outras frases destacadas pela PGR,
que ao visitar um quilombo constatou que “o afrodescendente mais leve lá
pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador
eles servem mais”.
Em outros trechos de seu discurso, Bolsonaro disse, por exemplo, que
“nós não podemos abrir as portas do Brasil para todo mundo”, o que na
visão da PGR discrimina estrangeiros. As frases “Eu tenho cinco filhos.
Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher” e
“Nós, o povo, a sociedade brasileira, não gostamos de homossexual”,
incitaram ódio contra mulheres e homossexuais, sustentou Raquel Dodge.
“Em sua fala, estão presentes todos os elementos do discurso de ódio
racial, sendo prática que exterioriza preconceito e induz a
discriminação”, afirmou o vice-procurador-geral da República Luciano
Mariz Maia em sustentação oral no primeiro dia de julgamento.
Defesa
Também em sustentação oral na Primeira Turma, o advogado Antônio
Pitombo, que defende Bolsonaro, afirmou que a denúncia apresentada pela
PGR contra o deputado é inepta e contrária à liberdade de expressão,
garantida pela Constituição.
“Não é que o discurso é bonito, não é que todos nós devemos aderir
positivamente ao discurso, não é este o ponto, o que não se pode
eliminar é o direito de expressão de opinião, goste-se ou não”, afirmou o
advogado.
O defensor argumentou ainda que o discurso de Bolsonaro foi feito no
contexto de sua atividade parlamentar, e que, “ainda que o vocabulário
seja horrível, ainda que os adjetivos não sejam pertinentes, toda a
crítica do discurso é voltada a políticas públicas, àquilo que ele vê
como errado no Estado brasileiro”.
Mesmo com a rejeição da denúncia, Bolsonaro é réu em duas ações penais
no STF, nas quais é acusado de injúria e de incitação ao estupro, devido
a declarações feitas em relação à deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ICHU NOTÍCIAS.
Neste espaço é proibido comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Administradores do ICHU NOTÍCIAS pode até retirar, sem prévia notificação, comentários ofensivos e com xingamentos e que não respeitem os critérios impostos neste aviso.