Durante todo o tempo em que atuaram no Brasil servindo ao Programa
Mais Médicos do governo federal, os médicos cubanos evitavam tecer
qualquer comentário de fundo político ou administrativo. Com o fim da
participação dos profissionais de Cuba no programa (em reação do governo
daquele país a comentários do presidente eleito Jair Bolsonaro), a
médica cubana Neibis Lopez Clabel, atuante em Ibirataia, na Bahia,
decidiu divulgar uma manifestação pública a respeito do caso.
Neibis tem recebido homenagens emocionadas por parte de pacientes que
atendeu durante um ano e meio no município o qual, como a maior parte
das cidades do país, tem graves deficiências na área de saúde.
CONFIRA A NOTA DA MÉDICA CUBANA
Neibis Lopez Clabel
Depois de 1 ano e 5 meses no município de ibirataia, Bahia, ficando
fora dos comentários relacionados a temas políticos no Brasil, hoje
decidi me projetar após ler publicações feitas sobre o governo cubano e o
Programa Mais Médicos. “Se o seu país não garante saúde, educação,
justiça e cultura, então por que você sente que pode falar mal de Cuba?”
Só para esclarecer, achamos que nenhum dos brasileiros têm mais
conhecimento do nosso país e de nosso governo que a gente. Às condições
de Jair Bolsonaro (apesar que ainda não é o presidente do país),
respondo:
PROVA DE PROFICIÊNCIA – Essa exigência não faz
sentido. O convênio efetuado entre Brasil e Cuba, via OPAS, preconiza a
prestação de serviços médicos. Os médicos não vieram voluntariamente
“procurar emprego” aqui. Não há qualquer tipo de vínculo formal entre o
governo brasileiro e os médicos cubanos. Nós viemos a trabalho, em
missão, tendo sido escolhidos pelo governo cubano e estando sob
responsabilidade deste. Não temos problema nenhum em fazer exame de
revalida sempre que fosse um requisito no início do contrato. Achamos
que depois de 5 anos de trabalho dentro do Brasil com resultados
positivos nos indicadores de saúde do município é falta de respeito à
nossa integridade solicitar esse exame.
SALÁRIO INTEGRAL – Quando a gente veio ,assinamos o
contrato ciente da porcentagem de salário que íamos receber e sabendo
que o dinheiro que vai para o país é utilizado para a saúde e a educação
de nosso povo, porque antes de nós sermos médicos outros profissionais
de saúde estavam trabalhando para garantir a nossa formação, agora é
nossa vez de contribuir para as próximas gerações.
LIBERDADE PARA AS FAMÍLIAS – Esse, como os outros
dois pontos, é mais um mito que não se sustenta em pé. Não há
impedimento para que as famílias de cubanos venham ao Brasil ou possam
se dirigir a qualquer outro país. Só que os familiares, obviamente, não
virão junto com os médicos, que, como dito, vêm a serviço. Mas sim, há
diversos médicos cubanos com famílias no Brasil, seja vivendo ou tendo
visitado este país.
Nós não somos escravos nem consideramos que vivemos em uma ditadura,
muito pelo contrário, somos trabalhadores, responsáveis, humanos,
pessoas formadas no conceito que nossa melhor recompensa é o bem-estar
de nossos pacientes e não o lucro que poderíamos obter deles.
Quero agradecer àquelas pessoas das quais recebi muito apoio e
carinho durante minha estada. Vocês sempre estarão no meu coração.
Celso Rommel / Noticias da Região
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